quarta-feira, 2 de maio de 2018

FUSÃO MAIS&NOS: UMA JUNÇÃO TOTALMENTE HOMOGÊNEA DE SETORES EX-MORENISTAS QUE HÁ MUITO TEMPO PRETENDIAM ABANDONAR O LENINISMO... E ABRAÇAR FREIXO COMO SUA REFERÊNCIA DO NEOREFORMISMO


Com um ato público (muito esvaziado) na quadra do Sindicato dos Bancários de SP na noite de segunda-feira (30/04), foi encerrado o congresso de fusão entre os grupos MAIS e NOS, ambos tendências internas do PSOL, dando origem a uma "nova" corrente revisionista: "Resistência" (ao formato leninista de partido). Publicitado, para incautos, como o surgimento de algo "novo" na esquerda socialista, o "Resistência" é na verdade uma simplória continuidade da crise ideológica por que passa o Morenismo em nível mundial.Tanto o MAIS como o NOS vieram da mesma "fonte", duas cisões ocorridas no interior do PSTU, ambas em um período muito próximo do golpe parlamentar que apeou a Frente Popular da gerência central do Estado burguês no Brasil. O primeiro a tomar a iniciativa de romper com a estrutura do PSTU foi o NOS (chamado à época de MAS), justificando um excesso de sectarismo em suas fileiras, tentou somar com dois grupos do PSOL, fracassou politicamente no intento porém apontou o caminho aberto do partido reformista de Freixo e Ivan Valente para o grupo de Valério e Waldo que os seguiram logo depois. Agora anunciam uma fusão de "origens distintas", uma fraude para engrupir tolos militantes do PSOL.


A junção de setores morenistas em aberta "quebra" ideológica com o Leninismo é sem dúvida um fenômeno bem mais amplo do que somente a fusão do MAIS&NOS, atinge hoje o coração da própria LIT com frações de dirigentes históricos como Martin Hernandez e outros. Neste sentido a nova tendência do PSOL, "liberta" do legado programático Bolchevique, deve agrupar um número ainda maior de oportunistas sem o menor compromisso com o Marxismo Revolucionário, inchará de reformistas e com absoluta certeza não crescerá na perspectiva política do Trotskismo. Seguirão na vereda da Social-Democracia em campanhas eleitorais palatáveis a pequena burguesia progressista. A LBI atendeu ao convite público do ato de lançamento da tendência Resistência, polemizando com as recentes posições pró-imperialistas do antigo MAIS em relação ao covarde ataque da OTAN ao regime da Síria e o apoio às manifestações impulsionadas pelos EUA contra o governo neoliberal da Frente Sandinista.


O debut do "Resistência" foi marcado pela presença majoritária de uma militância pequeno-burguesa "pós-moderna" que faz verdadeira apologia das chamadas "novas vanguardas" em detrimento a considerar o papel revolucionário da classe operária organizada como vanguarda dos explorados e oprimidos. Não por acaso, o tom Social-Democrata das intervenções "lúdicas" dos representantes do MAIS&NOS buscou reafirmar publicamente sua ruptura com a concepção Leninista de partido, substituindo esse modelo "ultrapassado e totalitário", segundo eles, por uma organização horizontal "renovada" adaptada a legenda do PSOL com suas diversas tendências internas, onde pululam todo tipo de "velhas novidades" avessas ao centralismo democrático e a construção de um partido de quadros bolcheviques que tem o proletariado como eixo de sua influência política e organizativa. Nasce o "Resistência", enterra-se no pântano Social-Democrata mais uma ala oriunda do Morenismo que há muito tempo pretendia abandonar o Leninismo.

O mais grave e repugnante da inflexão ideológica do MAIS&NOS em direção a Social-Democracia, foi aferido cristalinamente quando sua militância ovacionou o discurso reacionário de Marcelo Freixo, justamente quando atacou a esquerda por não ter nas últimas décadas uma "proposta para a segurança pública", justamente quando o PSOL diante do assassinato de Marielle e Anderson delega aos próprios assassinos (governo golpista e Pezão) a tarefa de elucidar a morte de sua parlamentar. Freixo é a síntese maior da adaptação do reformismo ao regime burguês da Democracia dos Ricos, confia cegamente em suas instituições apodrecidas mesmo diante da barbara execução de uma liderança do PSOL, e o pior os revisionistas do MAIS o ovacionam acriticamente.