quinta-feira, 13 de julho de 2017

ENTREVISTA COLETIVA DE LULA APÓS A SENTENÇA DE MORO: LULA LANÇOU OFICIALMENTE SUA CANDIDATURA PRESIDENCIAL FAZENDO UM APELO À BURGUESIA EM NOME DA COLABORAÇÃO DE CLASSES PARA UM “HOMEM DA SENZALA SERVIR NOVAMENTE À CASA GRANDE”


Lula fez hoje um pronunciamento na sede do PT analisando a sentença do juiz Moro condenando-o a 9 anos e meio de prisão. Lamentou a decisão do comandante da “República de Curitiba”, declarando que até chegou a esperar inicialmente que Moro recusasse a denúncia do MPF mas que agora com a condenação o justiceiro não passava de um homem a serviço da Rede Globo e dos que desejavam tirar a possibilidade de uma nova postulação sua a presidência da república, aproveitando a entrevista coletiva para se lançar como “pré-candidato oficial do PT”. Denunciou que o golpe parlamentar contra Dilma não fecha se ele for candidato e voltar ao Planalto, citando o artigo da Folha de São Paulo de outubro de 2016 em que pontuou que Moro estava obrigado pela mídia a lhe condenar. Apesar de criticar a Operação Lava Jato ele reafirmou que acredita nas instituições da república porque são a garantia da democracia, citando textualmente a PF, o MPF e a Justiça. Por fim declarou que “está no jogo” e fez um “desafio”: “Se a Casa Grande não consegue governar que deixe um homem da Senzala fazê-lo para incluir novamente o pobre no orçamento, para o povo voltar a ser otimista”, denunciando o ódio disseminado pela mídia venal. Coube ao presidente da CUT anunciar que nesse dia 20, em todas as capitais, haverá atos com o eixo de que “Eleição sem Lula é Fraude”. A estratégia adotada por Lula e a cúpula do PT consiste em chamar novamente a solidariedade da burguesia nacional contra a caçada humana a Lula promovida pela Lava Jato. Ocorre que a “Casa Grande” compreende que o ciclo histórico do “neodesenvolvimento” lulista para reintroduzir a “Senzala” ao ciclo do consumo está encerrado. Por isso mesmo não é conveniente e oportuno arriscar a possibilidade de Lula chegar novamente ao Planalto em 2018, a função de Moro e sua anturragem judiciária é exatamente esta. Porém a Lava Jato, como literalmente definiu o Procurador Geral Janot: "é bem maior do que todos nós", ou seja, trata-se de um operativo montado desde a Casa Branca, com a mirada voltada na reordenação da economia brasileira. Não pode haver pedido de clemência, por mais emocionado da parte de Lula, que faça recuar a tática de Moro em desmoralizar o PT pelas fartas "comissões" recebidas por todos os dirigentes do partido. É fato inconteste que o próprio Lula e as lideranças da Frente Popular se beneficiaram pessoal e politicamente com as "comissões" pagas pelos grandes grupos econômicos em função de cada transação comercial realizada com o estado capitalista, mas não é por este motivo que estão sendo processados e presos. Não existe um único gestor estatal desta república, desde Deodoro até o atual golpista Temer, que não tenha recebido as "comissões", conhecidas popularmente com a alcunha de "propinas". A república do "propinoduto", como afirmou o protofascista Dallagnol não foi criada pelo PT no governo Lula, o grande "crime" das gerências estatais da Frente Popular talvez tenha sido o de "baixar e democratizar" os valores recebidos de cada comissão, e isto parece ter perturbado a elite dominante. As "comissões" são um produto inerente ao modo de produção capitalista, para acabá-las somente instaurando um outro regime econômico, o socialismo, e isto hoje Lula foi bastante sincero ao afirmar que nunca em seu governo pretendeu "abraçar" a expropriação do capital. O fato de reconhecermos, como Marxistas, que Lula também recebeu " comissões", não outorga nenhuma legitimidade ou mesmo legalidade nas ações do Ministério Público, afinal deveriam começar pelas "comissões " bem mais robustas como as da Privataria Tucana. O Estado capitalista e suas instituições fraudulentas (STF, MPF, etc...) não podem ter a menor autoridade histórica para criminalizar os setores nacionalistas de esquerda da burguesia, como o PT ou na sua época o Brizolismo, repetimos mais uma vez trata-se de uma farsa, somente os próprios trabalhadores no curso da revolução proletária terão a missão de estabelecer seus próprios organismos de poder para construir sua justiça classista. A intervenção pública de Lula foi brilhante do ponto de vista político da demagogia eleitoral, lançando de fato sua candidatura a 2018 porém inócua do ângulo de convocar a resistência direta das massas para defenestrar a ofensiva fascista que aponta na perspectiva de eliminar as conquistas sociais e democráticas da classe operária. Ao lamentar a aprovação da reforma trabalhista e a ameaça a previdência Lula apenas apontou a necessidade da Frente Popular voltar ao Planalto, para retomar o ciclo de desenvolvimento, o que além de desarmar a luta direta das massas, não passo de um apelo para se estabelecer um novo pacto de colaboração de classes no país, uma saída que os revolucionários e os lutadores classistas devem opor-se vigorosamente, denunciando-a como mais um engodo da “Casa Grande” contra o “Senzala”!