sexta-feira, 9 de março de 2018

CORÉIA DO NORTE CONVIDA TRUMP A UMA "CORDIAL VISITA" HISTÓRICA: O "SIM" DO IMPERIALISMO IANQUE PODE SELAR O INÍCIO DA RESTAURAÇÃO CAPITALISTA PELA MESMA TRILHA DA VIA CHINESA


Quem conhece bem a história da luta de classes não pode deixar de fazer um paralelo entre o "inesperado" convite do governo da Coréia do Norte ao presidente Trump e o que Mao fez a Nixon para visitar a China em meio ao conflito militar que permeava a Indochina em meados dos anos 70. A China maoísta rompendo uma aparente "tradição" de representar um Marxismo-Leninismo mais ortodoxo do que a então URSS acabou se aproximando do imperialismo ianque e anos mais tarde adotou o "socialismo de mercado", uma transição operada pela burocracia stalinista para dar lugar ao atual "capitalismo estatal" vigente no país mais populoso do planeta. Após um longo período de ameaças militares ao imperialismo, que nunca se concretizaram minimamente, a burocracia stalinista da Coréia do Norte parece que enfim cedeu a "pressão chinesa", estando disposta a iniciar um "diálogo diplomático" com o reacionário Trump, sendo auspiciada politicamente pelo novo governo reformista da Coréia do Sul. Seria o primeiro passo concreto da dinastia burocrática de Kin Jong-Un em direção a um "generoso" acordo comercial com os EUA e seu protetorado Sul Coreano, o que poderá levar a adoção de reformas econômicas que solapariam a planificação central do Estado Operário Coreano. Nenhum presidente dos EUA se encontrou com um líder Norte-Coreano na história , o presidente Bill Clinton chegou a se encontrar com o pai de Kim Jong-un, Kim Jong-il, em 2009, quando já havia deixado o poder central do Estado Operário. Em ocasiões anteriores, Trump disse que apenas aceitaria dialogar com a Coreia do Norte caso Jong-Un suspendesse seu programa nuclear, como prometeu agora. Esta promessa de Kim é o elemento fundamental que sinaliza uma disposição da burocracia coreana em assumir as "reformas de mercado" pretendidas pelo Imperialismo, ou seja sem o poder de barganha bélico-nuclear, não restará outra opção ao país que não seja o retorno gradual ao capitalismo. Em 2017, a Coréia do Norte disparou ao todo 23 mísseis em 16 testes, algumas dessas armas teriam a capacidade de atingir inclusive o território norte-americano. Os Estados Unidos, por sua vez, afirmaram que mesmo com a visita de Trump vão manter os exercícios militares previstos para serem feitos com a Coreia do Sul. Portanto estamos às vésperas de um fato político de grandes repercussões econômicas para toda Ásia (China, Japão e seus vizinhos, além é claro da própria Coréia do Sul), a abertura de um novo mercado, ainda totalmente fechado para as corporações imperialistas, poderá revigorar os "Tigres Asiáticos", cambaleantes desde a crise que os paralisou desde 1998. Os Trotskistas não são por princípios programáticos contra a celebração de "acordos diplomáticos" entre Estados Operários e nações capitalistas, Lenin em vida os abonou diversas vezes, porém o que parece estar em curso embrionário na Coréia do Norte é o objetivo estratégico da burocracia em liquidar as bases sociais da economia socialista, reproduzindo o exemplo dos governantes seguidores de Mao Tsé Tung na China. Os Bolcheviques Trotskistas da LBI continuarão defendendo incondicionalmente a Coréia do Norte diante de qualquer ameaça ou agressão militar imperialista, inclusive seu pleno direito ao armamento nuclear, porém não omitiremos nossa vigorosa crítica aos rumos políticos que a burocracia stalinista pretende levar o Estado Operário, ameaçando sua própria existência e conquistas históricas do proletariado.

EM TEMPO: Hoje a tarde (09/03) a Casa Branca divulgou um comunicado "retificando" os termos da confirmação dada por Trump ao convite do governo norte-coreano. Segundo a porta voz do imperialismo ianque: “Essa reunião não vai acontecer até que vejamos ações concretas que vão de encontro com as promessas que foram feitas pela Coreia do Norte”, disse Sarah Sanders a jornalistas. Diante do primeiro aceno de capitulação de Kim Jong, que já declarou que aceitaria as operações militares do Pentágono e da OTAN na região da península coreana, Trump resolveu "dobrar a aposta" e exigir uma "pré-rendição" mais explícita. O presidente chinês, Xi Jinping, corroborou com a investida de Trump também apoiando as sanções econômicas a Coréia do Norte até que o país "desmonte" todo seu aparato nuclear. Caso Kim Jong e sua anturrage burocrática aceite integralmente a chantagem de Trump, estará declarando o asfixiamento do Estado Operário Norte Coreano.