sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

FEVEREIRO DE 1945: CONFERÊNCIA DE YALTA-POTSDAM CELEBRA PACTO DE "COEXISTÊNCIA PACÍFICA" ENTRE A URSS STALINIZADA E O IMPERIALISMO 


A orientação do Kremlin, em nome dos acordos com as potências imperialistas celebrados na Conferência de Yalta-Potsdam, ocorrida entre 4 a 11 de Fevereiro de 1945 sob o comando de Roosevelt, Churchill e Stalin, conduziu a derrota de vários processos revolucionários ocorridos no pós-guerra.
Na Itália e na França, os PCs, que haviam alcançado um enorme prestígio na organização da resistência partisans, foram orientados a conformar governos de unidade nacional com os partidos burgueses. Na Grécia, a traição do stalinismo, permitiu a derrota da insurreição operária em Atenas, sufocada pelos pesados bombardeios da aviação britânica. Porém, na Iugoslávia e na China, onde as orientações de Stálin não foram seguidas, a luta de libertação nacional resultou na expropriação da burguesia, independente da presença militar do Exército Vermelho. 

Apesar das traições stalinistas, a onda revolucionária que se abriu no pós-guerra era uma evidência de que a heroica resistência do Estado operário soviético, ainda que burocratizado, foi um colossal estímulo para a luta de classes do proletariado mundial... Pressionado pelas potências imperialistas consideradas “amigas” após a assinatura dos acordos de cooperação e não agressão de Yalta (1945), na Crimeia às margens do Mar Negro, Stalin leva às últimas consequências sua política contrarrevolucionária de coexistência pacífica com a burguesia mundial, debilitando assim sua própria liderança no movimento comunista internacional. Revoluções no mundo capitalista ocidental são “afogadas” pela URSS (França, Itália e Grécia) em nome do respeito às “zonas de influência”, neste período surge até o conceito do “socialismo só em meio país”, como no Vietnã e Coreia...

O stalinismo, após os acordos de Yalta, deixará o Oriente como uma área de influência do imperialismo ianque, além da consideração do sionismo, em sua versão trabalhista como um aliado político, com o qual desenvolverá uma frente popular em Israel. O velho Partido Comunista palestino logo mudará seu nome para israelense por considerar as massas árabes e palestinas como atrasadas e feudais... 

Em resumo, a Conferência de Yalta-Potsdam foi um verdadeiro pacto contrarrevolucionário entre a URSS stalinizada e o imperialismo mundial em nome da "coexistência pacífica" entre ambos voltado estrategicamente para impedir o avanço da luta pela revolução proletária internacional. Feito esse denúncia, é necessário registrar que constitui um grave erro colocar um sinal de igualdade entre os regimes stalinista e nazista, como fazem os democratas pequenos burgueses e mesmo os revisionistas do Trotskismo que classificam ambos como apenas como "regimes totalitários" desprezando as diferenças de conteúdo social de ambos. 

O nazismo alemão, assim como o fascismo italiano, é um instrumento do capital financeiro, seu último recurso para conter a revolução proletária e o socialismo, mergulhando a sociedade na barbárie política como forma de preservar a propriedade burguesa, quando a economia capitalista mundial entra em colapso pela impossibilidade de desenvolvimento das forças produtivas nos marcos da sociedade burguesa. Hitler e Mussolini foram financiados pelas grandes corporações capitalistas para impor o terror ao movimento operário e afastar o fantasma do comunismo. A camarilha burocrática stalinista, por sua vez, instalou-se como um parasita sobre o Estado operário nascido da Revolução de Outubro, que já havia expropriado a burguesia e estabelecido a propriedade estatal dos meios e produção como condição fundamental para o desenvolvimento das forças produtivas necessárias para a consolidação da sociedade socialista. 

As condições de isolamento da revolução e de atraso da base econômica sobre a qual se ergueu o nascente Estado operário Soviético, provocaram uma degeneração no aparelho estatal, que foi transformado num instrumento de domínio burocrático contra a classe operária. Todavia, a casta burocrática, assentava seu domínio sobre as bases sociais da Revolução de Outubro. Embora degenerado pela burocracia, a União Soviética continuava sendo um Estado Operário, uma posição conquistada pelo proletariado que devia ser defendida a todo custo, como Trotsky deixou claro no Programa de Transição ao analisar as frações em choque dentro da burocracia soviética: “Se amanhã a tendência burguesa-fascista, isto é, a ‘fração Butenko’, entra em luta pela conquista do poder, a ‘fração Reiss’ tomará, inevitavelmente, lugar no outro lado da barricada. Encontrando-se momentaneamente como aliada de Stálin, ela defenderá, é claro, não a camarilha bonapartista deste, mas as bases sociais da URSS, isto é, a propriedade arrancada dos capitalistas e estatizada. Se a ‘fração Butenko’ se achar em aliança com Hitler, a ‘fração Reiss’ defenderá a URSS contra a intervenção militar, tanto no interior do país, quando na arena mundial. Qualquer 
outro comportamento seria uma traição”. 

O proletariado internacional e os explorados de todo o mundo, que sofrem diariamente a opressão de tropas da OTAN a serviço do imperialismo em sua atual ofensiva militar, como os povos da Coréia do Norte, Afeganistão, Iraque, Haiti, Líbia, Síria e Palestina..., devem tomar a firme resistência do povo soviético apesar do Stalinismo como uma prova incontestável de que o imperialismo e sua ofensiva neoliberal podem ser derrotados política e militarmente. Nos dias atuais, é fundamental resgatar o legado da vitória da resistência soviética sobre o nazismo para combater a atual ofensiva imperialista. 

Essa luta assume hoje na batalha contra o imperialismo que cada vez mais recorre à reação burguesa para impor seus interesses no planeta, como nas intervenções militares na Síria ou patrocinando os golpistas de extrema direita na Venezuela.