sexta-feira, 27 de outubro de 2017

GRANDE TRIUNFO DE MACRI NA ARGENTINA: QUANDO A FARSA DA DEMOCRACIA E A FRAUDE ELEITORAL LEGITIMAM NAS URNAS UM GOVERNO NEOLIBERAL ODIADO PELO POVO


Ocorreram neste último domingo as eleições legislativas na Argentina, que renovaram a metade do parlamento nacional, ainda que os mandatos do executivo (Casa Rosada e governadores das províncias) não estivessem em jogo (o que somente acontecerá em 2019), o referendo legislativo serve como um termômetro das atuais tendências da conjuntura política do nosso vizinho e "hermano" país. O presidente Mauricio Macri, eleito em 2015 pelo agrupamento "Cambiemos" por uma pequena margem de votos (menos de 3%), obteve uma acachapante vitória eleitoral nas províncias mais importantes da Argentina, como Córdoba, Santa Fé, Mendoza e principalmente na mais numerosa, Buenos Aires, além do esperado triunfo na CABA (Cidade Autônoma de Buenos Aires), seus candidatos derrotaram a coalizão encabeçada por Cristina Kirchner (FPV) por ampla margem, inclusive a própria ex-presidenta que somente ficou com a segunda cadeira do Senado por Buenos Aires. Para entrar no fulcro do debate sem mais "blá-blá-blá" a questão a ser respondida é a seguinte: como é possível que o partido de um presidente neoliberal odiado pelo povo, que promoveu o mais duro "ajuste" dos últimos vinte anos gerando desemprego e fome, e também acusado de ser responsável pela trágica morte do ativista Santiago Maldonado que comoveu o país na véspera da eleição conseguiu triunfar de forma tão expressiva? A resposta deve ser direta e sem "mimimi": somente uma brutal fraude eleitoral, montada em todos os campos (político, midiático, financeira e por último juridico/institucional) poderá explicar o êxito de "Cambiemos". Desgraçadamente este elemento central, o da farsa combinada com a fraude, é completamente ausente de todos os balanços eleitorais, sejam logicamente da direita e principalmente da esquerda revisionista. A aferição eleitoral por que passou Macri neste último domingo estava carregada de uma importância mundial, muito além das fronteiras da Argentina, seria a "prova de fogo" de um governo neoliberal (plenamente alinhado com a Casa Branca e o FMI) logo após a "festividades da posse", ou seja quando já passada a primeira ilusão fabricada do "salvador da pátria"' vem o "chicote" do imperialismo para amealhar economicamente o país. Para o rentismo internacional Macri não poderia sair derrotado de forma alguma, sob o risco de se ver renascer o "nacionalismo desenvolvimentista" em todo o continente americano e em outras partes do planeta. Se há uma "queda de braço" mundial, entre o projeto rentista mercantil e o nacional protecionista, foi ganha pelo primeiro na Argentina e com toda legitimação do sufrágio universal, ainda que sob o manto oculto da fraude e farsa da democracia burguesa. E quando nós Marxistas falamos de fraude eleitoral não estamos nos referindo a uma abstração literária ou simbólica, estamos nos referindo concretamente ao estelionato na totalização dos votos, retirados de um partido ou candidato e computado a outro. É óbvio que este ato (fraude eleitoral) é o fim de um longo processo que inclui pesquisas "truchas", poder econômico desproporcional e uma mídia corporativa engajada na campanha dos "seus". Para se ter uma noção do que ocorreu nestas eleições legislativas argentinas, a maioria da população dos grandes centros urbanos saiu para votar vestida de preto, em sinal de repúdio ao covarde assassinato de Salvador Maldonado, e claro como um protesto político contra o governo Macri que acobertou este crime brutal. A derrota de Cambiemos pelo menos na província de Buenos Aires (não confundir com CABA) era apenas a repetição das prévias (PASO), onde se interrompeu até o escrutínio para tentar evitar a vitória de Cristina para o Senado, o que naquela ocasião acabou ocorrendo apesar das manobras do governo. Com um cenário econômico e político bem mais desfavorável para Macri em relação as "PASO" do mês de agosto, agora Cambiemos derrotou Cristina com uma candidatura inexpressiva (Bullrich), só há uma única justificativa para o "milagro" da direita conservadora: Uma fraude em toda linha foi imposta na estratégica província de Buenos Aires, que se estendeu a todo país. Os "barões murdochianos" da metrópole imperialista estão em êxtase com a vitória de Macri, esperam agora que Macron na França reafirme nas próximas eleições legislativas sua estabilidade no "Palais de L'élysée", para decretarem o fim dos arroubos "estatizantes no mundo livre". Para a esquerda revisionista agrupado na FIT (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) não existiu um único indício da fraude oficialista, manejada pelo governo Macri e a Justiça argentina completamente submissa, em sua pauta política somente existe espaço para as comemorações pela eleição de dois deputados nacionais (PTS e PO), nem sequer o duro avanço da ofensiva neoliberal é "detectada" pela FIT em seus balanços eleitorais autoproclamatórios. Para viveu já viveu fase do "gigantismo" do velho MAS, quando sozinhos chegavam a eleger vários parlamentares, poderá prever como acabará a euforia do PTS e seus micros satélites. Porém o mais grave é que a própria FIT beneficiada pela fraude agora passa a atuar como apêndice político do macrismo, apoiando no parlamento as perseguições jurídicas contra os peronistas da FPV, em nome da falsa luta contra a corrupção, algo semelhante ao que fez o "MES" (PSOL) de Luciana Genro em relação a "Lava Jato" no Brasil. Os Marxistas Leninistas que intervêm na luta de classes da Argentina devem manter total autonomia e independência política em relação aos dois campos burgueses, CAMBIEMOS e FPV, combatendo no terreno da ação direta a brutal ofensiva neoliberal em curso contra as massas, reforçada no "imaginário popular" pela fraude e farsa da "sagrada" democracia dos ricos. Como afirmava nosso chefe revolucionário, Lenin: "O cretinismo parlamentar é uma sífilis que macula a trajetória de qualquer organização comunista".