sexta-feira, 6 de outubro de 2017

6 DE OUTUBRO DE 1973 – A GUERRA DO YOM KUPPUR: AS BURGUESIAS ÁRABES LIDERADAS PELO EGITO E SÍRIA ATACAM ISRAEL... E DEPOIS RECUAM... PASSADOS 44 ANOS SOMENTE OS REGIMES DO IRÃ E ASSAD, COM TODAS SUAS LIMITAÇÕES DE CLASSE, SE MANTÉM COMO ADVERSÁRIOS DO ENCLAVE SIONISTA


A Guerra do Yom Kippur (feriado judaico) foi considerada por muitos analistas em geopolítica como a "Quarta guerra Árabe-Israelense". Ela se passou nos primeiros dias de outubro de 1973 e pela primeira vez na "recente" história do enclave sionista os países árabes (liderados pelo Egito e Síria) conseguiram inflingir uma espetacular derrota inicial a Israel, gendarme "armado até os dentes" pelo imperialismo ianque. Os regimes árabes na década de 60 e meados dos 70 atravessavam um período marcado pelo "nacionalismo" liderado principalmente pelo presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, falecido no início de 1970. O chamado "Pan-Arabismo" pregava a reunificação dos povos árabes em uma única nação, influenciando a derrubada de vários governos servis ao imperialismo ianque e europeu. Regimes como os do Iraque, Líbia, Jordânia, Síria etc... passaram a seguir os "ideais" de Nasser e se tornaram alvos diretos da máquina de guerra israelense e do próprio comando maior do Pentágono. Estes governos, caracterizados pelos Marxistas como nacionalistas burgueses, adotavam uma plataforma "terceiro mundista" (termo que se notabilizou no planeta inteiro desde a África até a América), tentando demarcar um suposto campo entre o capitalismo internacional e o socialismo real, representado na época pelo bloco soviético. Entretanto o "sonho" Nasserista de fundar a União das Repúblicas Árabes esbarrava na própria limitação do caráter de classe burguês desta tentativa política, ou seja, a iniciativa estava calçada na exploração e opressão do proletariado e das nacionalidades oprimidas, como a Palestina em um caso concreto que permeava toda a região. Também no campo militar os regimes nacionalistas árabes, o que em um sentido mais amplo incluía algumas monarquias, repúblicas e ditaduras, acumulavam derrotas seguidas frente ao gendarme de Israel tanto em função da franca inferioridade bélica como da própria covardia política dos governos burgueses em mobilizar as massas para o combate. Estes fatos trágicos para a luta anti-imperialista ocorreram nos conflitos de 1948, logo após à "instalação" de Israel na região e mais dramaticamente na guerra dos "Seis Dias" em 1967, quando o sionismo impôs aos regimes nacionalistas árabes uma humilhante derrota, "anexando" de uma única tacada os territórios do Sinai, Gaza, Golã e Cisjordaniana tomados a força do Egito, Síria e Jordânia. O chamado "Terceiro Mundo" árabe ainda que sofresse um duro cerco econômico e militar do imperialismo, um aliado visceral de sua sucursal sionista, recusava-se em selar um pacto político mais sólido com a antiga URSS, que todavia era quem fornecia armamento aos governos adversários de Israel diante do bloqueio ordenado pelos EUA. Porém em outubro 1973, após a morte de Nasser, os governos "derrotistas" árabes (alcunha criada por Arafat para ironizar a impotência do nacionalismo burguês em derrotar Israel) resolvem iniciar uma grande operação militar "surpresa" que abriu a oportunidade de vencer pela primeira vez a poderosa máquina de guerra do sionismo. Estamos falando da Guerra do Yom Kippur, liderada por Sadat (sucessor de Nasser) e Hafez (pai de Bashar Assad), quando as tropas sírias atacaram os baluartes dos Montes Golã enquanto as forças do Egito atacavam as posições israelenses em volta do Canal de Suez e da Península do Sinai. As tropas árabes infligiram graves perdas no exército sionista israelense, até então considerado soberbamente como "invencível". A capital da Síria, Damasco foi covardemente bombardeada por caças F-5 em suas zonas civis, causando a morte de milhares de cidadãos não alistados para a guerra, mas a mídia "murdochiana" na época não derramou sequer nem uma "lágrima de crocodilo". A contra-ofensiva militar de Israel somente se estabilizou uma semana após o vexame de ter sido humilhada pelos "ditadores" Sadat e Hafez, que contaram com o decisivo apoio da OLP na guerrilha da fronteira da Faixa de Gaza, o comandante Arafat conhecia bem na pele o caráter repressivo dos governos egípcio e sírio, porém sabia que o inimigo maior do povo palestino era representado pelo enclave sionista, uma base estratégica de suporte dos planos da pilhagem imperialista na região. Com o forte apoio logístico da OTAN, Israel conseguiu retomar posições territoriais perdidas na ofensiva militar síria, por sua vez a ONU e a própria URSS correram logo para negociar uma trégua na guerra do Yom Kippur (o cessar fogo foi celebrado em 25 de outubro) temendo que o impacto político da derrota preliminar sionista pudesse "contaminar" a luta mundial de todos os povos oprimidos pelo imperialismo. Após a última guerra contra Israel em 1973, Yom Kippur, os setores nacionalistas da burguesia árabe passaram a admitir a existência de Israel pactuando um "acordo de paz" diretamente com o imperialismo norte-americano. Contraditoriamente a guerra do Yom Kippur foi a maior possibilidade aberta de se derrotar militarmente o poderoso gendarme de Israel.



Passados 44 anos da guerra do Yom Kippur, quando os regimes nacionalistas árabes se passaram para o lado do inimigo imperialista ou foram derrubados pela ação direta da Casa Branca, como recentemente Kadafi na Líbia, a Síria sobreviveu como um limitado entrave militar ao expansionismo sionista, tendo o regime dos aiatolás no Irã como principal aliado na região. A oligarquia atual dos Assad já não tem o arroubo anti-imperialista do falecido Hafez, como desgraçadamente também foi docilmente convertida a heróica OLP dos anos 70, mas nem por isso o sionismo pretendeu conceder-lhe um "indulto", pelo simples fato de não ter se dobrado integralmente como fez a oligarquia dos Hussein na Jordânia. A existência de uma aliança militar entre Síria, Irã e o Hezbolah (Líbano) é algo que não pode ser tolerado por Israel, como ainda não podem atacar o regime dos aiatolás temendo uma represália nuclear, partiram para desmembrar o território sírio com a ajuda de "rebeldes" sunitas e do ISIS. O passo seguinte do governo nazisionista do Likud, caso se confirmasse a queda de Assad seria atacar o Líbano e eliminar as forças do Hezbolah. Neste complexo tabuleiro do xadrez da guerra, os Marxistas Revolucionários não podem se abster ou tampouco engrossar o caldo do imperialismo, que sempre recorre ao apelo da "união sagrada dos democratas de todo o mundo" contra as "tiranias ditatoriais" dos países semicoloniais. Os grupos revisionistas (LIT, UIT, MAIS) vem apoiando decisivamente a ofensiva sionista para derrubar Assad e desmembrar o território sírio, alegando que o regime nacionalista não passa de uma "ditadura sangrenta" e que estaria em curso no país uma "revolução", a mesma conduta replicante que tiveram na Líbia. Com atuais "critérios democráticos" desse arco revisionista utilizados no conflito em curso, os Trotskistas teriam que ter apoiado a queda do "ditador" Hafez Assad quando este foi bombardeado por Golda Meir, então primeira ministra de Israel em 1973, com o aval criminoso do Partido Comunista israelense que adotou na ocasião os mesmos "critérios" esgrimidos hoje pelos revisionistas, em particular sua ala morenista. É importante registrar que o regime Assad sempre contou com uma forte oposição interna, financiada pela CIA, desde que tomou o poder no ano de 1970 em um golpe de Estado. Não temos a menor dúvida que o nacionalismo burguês árabe não merece a menor confiança política do proletariado mundial, foram muitas vezes cúmplices do sionismo quando atacaram os palestinos da OLP na Jordânia e no Líbano ou mesmo o regime dos aiatolás posteriormente a sequência da queda do Xá Reza Pahlevi. Porém os Leninistas sobejamente sabem que o pior inimigo dos povos é o imperialismo, em sua trincheira militar não há lugar para genuínos revolucionários. Esclarecemos que os Marxistas Leninistas nunca nutrimos a menor simpatia política pelo regime da oligarquia burguesa de Assad, porém declaramos abertamente e sem dissimulações que temos um “lado” na guerra civil da Síria, o nosso campo é frontalmente oposto aquele que o imperialismo e seus “amigos” apostam suas “fichas”. Impedir que a OTAN abra um corredor militar desde a Síria, passando pelo Líbano, para atacar o Irã, é neste momento a tarefa central da classe operária internacional em seu combate revolucionário e anti-imperialista. No campo oposto, o “MAIS”, o PSTU, a LIT e a UIT estão ao lado dos mercenários “rebeldes” terroristas e da contrarrevolução, são adversários das nações atrasadas atacadas pelo imperialismo e da política nos legada por Trotsky!