segunda-feira, 25 de setembro de 2017

GOVERNO LULA EM 2004 ORDENOU QUE EXÉRCITO OCUPASSE MORROS E FAVELAS DO RIO DE JANEIRO REPRIMINDO A POPULAÇÃO POBRE: A FRENTE POPULAR PAVIMENTOU O CAMINHO PARA O RECRUDESCIMENTO DO REGIME POLÍTICO CONTRA OS TRABALHADORES


Recorrendo ao pretexto de combater o tráfico de drogas e a disputa entre os grupos rivais pelo controle dos pontos de venda, o governo Lula em 2004 ordenou a ocupação militar, através das Forças Armadas (FFAA), nas favelas do Rio de Janeiro, cercando a população pobre inclusive da Rocinha, como o canalha golpista Temer vem fazendo neste momento. Publicamos o artigo de denúncia elaborado pela LBI sobre a repressão imposta pela Frente Popular aos trabalhadores nos morros e comunidades em colaboração então com o governo de Rosinha Garotinho (PMDB), enquanto o PT e PCdoB apoiavam a ação do Exército, como fazem agora em 2017 em nome da “segurança pública”, uma política reacionária que tem inclusive o apoio do PSOL de Marcelo Freixo.

NÃO À OCUPAÇÃO DO RIO DE JANEIRO PELAS FFAA! ABAIXO A REPRESSÃO À POPULAÇÃO POBRE DOS MORROS E FAVELAS!
(ARTIGO PUBLICADO PELA LBI EM 24/05/2004)

O acordo pantanoso celebrado entre a governadora Rosinha Mateus (PMDB) e os ministros José Viegas, da Defesa, Márcio Tomás Bastos, da Justiça e o Secretário da Coordenação Política Aldo Rebelo (PCdoB), estabeleceu como “única” função da ocupação das FFAA a busca e apreensão de armas e munição de grande calibre em posse dos grupos que “controlam” o tráfico de drogas nas favelas, com a justificativa de que esse tipo de armamento é de uso exclusivo das FFAA. O governo Rosinha-Garotinho requisitou inicialmente o envio de 4 mil soldados do exército, após uma onda de violência desencadeada pela própria PM na favela da Rocinha na zona sul carioca, quando tentou ocupá-la para supostamente evitar a guerra entre as facções que disputam o controle da comercialização no “varejo” das drogas naquela zona. A presente crise na segurança pública fluminense representa a perda do controle das negociatas que o mafioso Secretário de Segurança, Antony Garotinho e a PM estabeleciam com as lideranças do tráfico nos morros e favelas da capital. Nesse sentido, a governadora Rosinha, foi obrigada a recorrer aos serviços das FFAA para desempenhar o papel de árbitra das disputas entre os traficantes das favelas do Rio, pondo “ordem em casa”, às custas de uma violenta repressão à população trabalhadora que morra nestas comunidades, chegando ao ponto do vice-governador, Paulo Conde, sugerir a construção de um muro em volta da Rocinha, copiando a medida do nazi-sionista Sharon contra o povo palestino.


O governo Lula, para atender a essa solicitação, cobrou uma contrapartida bastante onerosa, ou seja, o reconhecimento do governo do estado da sua incapacidade para resolver as questões de segurança pública referentes ao tráfico de drogas, exigindo que todo o comando da operação da ocupação estivesse nas mãos das Forças Armadas e do governo federal. Essa proposta do governo Lula, recusada por Rosinha, obviamente tinha como objetivo político as eleições municipais deste ano, ou seja, fortalecer a candidatura do petista Jorge Bittar à prefeitura, capitalizando com o desgaste político tanto do atual prefeito César Maia (PFL), mas, sobretudo, do governo estadual, que daria adeus à sua pretensão de eleger o vice-governador Paulo Conde prefeito da cidade do Rio de Janeiro.

Também de olho nas eleições deste ano, a pré-candidata do PCdoB, a Deputada Federal Jandira Feghali, buscando se credenciar como uma alternativa burguesa à sucessão da prefeitura carioca, se soma ao coro pró-ocupação militar: “... o acirramento de uma violenta guerra entre os traficantes, trouxeram uma certeza, o Rio não pode se entregar, fala-se até em estado de defesa. De acordo com a Constituição, o presidente pode decretá-lo para preservar a ordem pública e a paz social. A situação é realmente grave, mas não creio que uma única medida seja capaz de reverter o quadro atual...A Polícia Federal precisa ser o instrumento federal em metrópoles com o grau de deflagração que hoje temos” (Site Vermelho, do PCdoB, 02/05/04). O mais escandaloso é que a pré-candidatura do PCdoB à prefeitura tem o apoio do “Novo Partido” (ESD-PS), como já declarou o ex-deputado Milton Temer, o que deixa claro o aval desses pseudo-socialistas ao recrudescimento da repressão sobre a população pobre do Rio, via as operações das FFAA e da PF.

O uso das FFAA no estado do Rio de Janeiro representa o recrudescimento do regime, uma reação do governo Lula/FMI diante do crescente descontentamento dos trabalhadores com a sua política de miséria e fome em nome dos interesses capitalistas, responsável pelo agravamento da crise social no país.

Estado Burguês é sócio do Narcotráfico — Sobre a questão do tráfico de drogas e armas é necessário afirmar a incapacidade do Estado burguês na sua resolução, uma vez que todas as suas instituições compõem a engrenagem corrupta que movimenta o bilionário negocio do narcotráfico. Subterraneamente, os poderes deste Estado estão envolvidos com tráfico, do judiciário (venda de sentenças), passando pelo legislativo (financiamento das campanhas de deputados e senadores), até o executivo (através do alto escalão da PF e das PM´s, que praticamente se tornaram sócias deste lucrativo negócio, dando a cobertura necessária para as suas operações.

Mas, das instituições do estado burguês, recai sobre as próprias FFAA o papel decisivo de garantia do funcionamento do narcotráfico, levando em consideração suas funções de controle das fronteiras, por onde entram e saem as drogas, e da circulação de armas de grosso calibre que chegam nas mãos dos traficantes dos morros do RJ. Um exemplo desse envolvimento foi a apreensão durante o governo FHC do avião da FAB (Força Aérea Brasileira) com 4 toneladas de cocaína, que provavelmente só ocorreu e foi divulgado pela mídia burguesa devido a uma disputa interna entre grupos, tendo um rifado o outro.

Portanto, longe do combate ao tráfico de drogas, a presença das FFAA nas favelas do RJ tem como objetivo a reestruturação da divisão do controle da comercialização das drogas na região, a repressão à população trabalhadora e apreensão das armas pesadas em posse dos traficantes, tirando-as de circulação para aumentar a demanda do seu mercado consumidor da armas. As organizações da esquerda revolucionária, sindicatos classistas e entidades do movimento popular que não foram cooptadas pelo governo Lula/FMI devem combater essa política reacionária de militarização do regime, chamando a construção de um amplo movimento contra a ocupação do Rio de Janeiro pelas FFAA.