terça-feira, 26 de setembro de 2017

ELEIÇÕES ALEMÃS: FRACASSO DA POLÍTICA SOCIAL DEMOCRATA DO "DIE LINKE" PAVIMENTA CAMINHO PARA OS NEONAZISTAS DA AFD INGRESSAREM NO BUNDESTAG


Tanto a grande mídia corporativa como os veículos da imprensa de esquerda tem dado muito destaque ao ingresso dos neonazistas no parlamento alemão, afinal é a primeira vez que um partido de extrema-direita adentra no Bundestag após a II Guerra Mundial. As eleições parlamentares alemãs ocorridas neste último final de semana revelaram (e comprovaram) o que nós da LBI já vimos afirmando há mais de uma década: está em curso mundial uma forte ofensiva reacionária e neoliberal, consolidada após a destruição contrarrevolucionária dos Estados Operários do Leste europeu. As correntes da esquerda revisionista que comemoraram a derrubada do Muro de Berlim, são as mesmas que hoje se dizem bastante apreensivas com o fortalecimento do neonazismo na pátria de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht. A boa votação do debutante AfD, cerca de 14% dos votos válidos, impressionou a muitos analistas políticos desavisados que não davam muito crédito ao crescimento do neonazismo na locomotiva econômica do imperialismo europeu. Porém a crise estrutural capitalista, forçou que o partido dominante alemão (CDU da chanceler Angela Merkel) adotasse medidas para rebaixar o valor da força de trabalho do proletariado, pela via da abertura do mercado nacional a mão de obra de imigrantes asiáticos e árabes. O ataque as condições de vida da poderosa classe operária alemã, imposto pelos rentistas da Troika, implodiu a coalizão de governo entre a CDU e o SPD (Social Democracia tradicional), facilitando o surgimento de uma oposição de extrema direita que conseguiu superar a barreira institucional erguida pelo regime parlamentarista contra novas agremiações partidárias. A neonazista AfD nasce com um discurso agressivo contra a hegemonia política de mais de uma década de Merkel, mirando seu foco de intervenção parlamentar no combate aos imigrantes e a juventude proletária alemã. Por outro lado, em proporção inversa ao "fenômeno" AfD, a mídia em geral pouco ou nada comentou sobre o fiasco eleitoral do Die Linke (Partido de Esquerda) que sequer conseguiu crivar a marca de 10% dos votos. O Die Linke é o herdeiro político do histórico KPD (Partido Comunista Alemão) fundado em 1918 a partir da revolucionária Liga Espartaquista de Rosa e Karl Liebknecht. O antigo KPD ou SED governou a RDA (Alemanha Socialista) até a sua anexação pela OTAN em 1990, posteriormente passou a se chamar PDS e por fim De Linke após a desastrosa fusão com uma ala do SPD liderada pelo reformista Oskar Lafontaine. Os "neocomunistas" do Die Linke decidiram seguir os passos dos congêneres sociais democratas de "novo tipo", como o Syriza da Grécia, PSOL e o Podemos do Estado Espanhol, abandonando o combate pela revolução socialista e adotando o programa de "gerenciamento ético" do capitalismo. Governando Berlim, Brandenburg e Turíngia em parceria neoliberal com o SPD, o Die Linke abdicou de qualquer resquício classista, sendo arrastado na vala comum dos partidos do "ajuste" imposto pela Troika européia. O resultado eleitoral do Die Linke não poderia ser outro a não ser como um subproduto da parca votação do SPD. Sem uma vigorosa organização antifascista na Alemanha, o AfD não tem um inimigo visceral para derrotá-lo, seja nas urnas ou nas ruas. A tarefa dos Comunistas Leninistas da Alemanha, ainda que muito poucos "sobreviventes" do combate em defesa do Muro de Berlim e das conquistas operárias da antiga RDA, será organizar os comitês de massas contra os ajustes neoliberais promovidos pelo governo Merkel, assim como impulsionar o enfrentamento militar com os neozanistas do AfD e afins, sempre convocando a solidariedade política ativa de toda classe operária mundial e dos povos oprimidos pelo imperialismo.