quinta-feira, 31 de agosto de 2017

HÁ UM ANO DO IMPEACHMENT NO SENADO: UMA POLÊMICA CONTINUA NA ORDEM DO DIA, DILMA FOI ALVO DE UM GOLPE DE ESTADO OU SOFREU UM GOLPE PARLAMENTAR? 


O ato final do Golpe Institucional contra o governo Dilma foi desferido há um ano atrás, no dia 31 de Agosto de 2106. Naquela data, o Senado aprovou o impeachment da Presidente da República, por 61 votos a 20, com Renan Calheiros, hoje convidado de honra das “Caravanas de Lula pelo Nordeste”, ampliando ainda mais o placar contra a gerente petista. O plenário ainda decidiu manter os direitos políticos de Dilma, ou seja, ela pode se candidatar nas eleições de 2018, demonstrando que setores da burguesia desejam manter um "canal aberto" com Dilma que se mostrou fiel defensora do chamado "regime da democracia dos ricos". O Blog da LBI acompanhou todos os capítulos da crise política que levou ao afastamento da gerentona neoliberal. Nossa corrente trotskista interviu nos atos massivos contra o “golpe” defendendo uma política revolucionária, denunciando a ofensiva da direita reacionária e a covardia da política de colaboração de classes do PT que acabou por pavimentar sua derrota vergonhosa no parlamento burguês. Fomos a primeira corrente a caracterizar o processo em marcha como um Golpe Institucional, diferenciando-o de um Golpe de Estado como analisamos no artigo que reproduzimos abaixo, uma diferença fundamental desprezada conscientemente pela esquerda reformista adaptada ao regime da democracia dos ricos.


GOLPE DE ESTADO E “GOLPE” PARLAMENTAR REPRESENTAM O MESMO RECURSO PARA AS CLASSES DOMINANTES? OS MARXISTAS AFIRMAM CATEGORICAMENTE QUE NÃO!
(BLOG DA LBI, 25 DE ABRIL DE 2016)

A esquerda reformista como um todo, desde os setores revisionistas do Trotsquismo recém convertidos a defesa da Frente Popular até os mais carcomidos neostalinistas velhos apologistas da política de colaboração de classes, vem há algum tempo sustentando a “tese” de que está em marcha um Golpe de Estado no Brasil. Com a agudização da crise política do regime democratizante e o triunfo da primeira etapa do impeachment da presidente Dilma, a pseudo-tese do Golpe de Estado ganhou contorno de verdade fática, sendo utilizada como principal bandeira política do bloco governista contra a oposição direitista, que hoje congrega desde as raposas da privataria tucana até os antigos caciques da chamada "base aliada" do governo petista, hoje qualificados de “golpistas”. De fato está em pleno curso político uma inflexão da classe dominante em direção a um novo governo (gerente de seus negócios), pela via de um golpe parlamentar, que se vale do instrumento constitucional do impeachment. Este movimento institucional da burguesia contra seu antigo gestor estatal "despertou" forças sociais conservadoras, reacionárias e até fascistas que ameaçam o conjunto das liberdades democráticas e a esquerda como um todo (reformistas e revolucionários) e que portanto não pode ser apoiado pelo movimento dos trabalhadores de forma alguma.
APÓS 13 ANOS DE OCUPAÇÃO MILITAR, EXÉRCITO BRASILEIRO SAI DO HAITI DEIXADO RASTRO DE REPRESSÃO, FOME E BARBÁRIE A SERVIÇO DA EXPLORAÇÃO IMPERIALISTA DA ILHA NEGRA...LULA E BUSH INICIARAM ESSA "PARCERIA" OPRESSORA COMO DENUNCIOU A LBI EM 2004!


O Exército brasileiro ocupa há 13 anos o Haiti a serviço da exploração da Ilha negra pelas transnacionais imperialistas. Agora, nesse dia 31 de agosto, começa formalmente a se retirar do país deixando um rastro de repressão, fome e barbárie. País mais pobre da América e de todo hemisfério ocidental, o Haiti está submetido desde 2004 a uma terrível ocupação militar, a partir do golpe orquestrado pela Casa Branca que derrubou o então presidente Jean Aristide. Então com a participação direta dos exércitos dos governos de centro-esquerda burguesa como Lula, Evo Morales e Rafael Correa que se dispuseram a fazer o trabalho sujo de "estabilizar" a Ilha, a ocupação militar foi até hoje capitaneada pelas tropas do Exército brasileiro a serviço do imperialismo ianque. A ocupação agravou imensamente a situação de extrema miséria da população haitiana. Mais da metade dos haitianos está desempregado e 70% teve que deixar suas terras, primeiro devido a um processo de degradação causada pelo plantio do café, o principal produto de exportação do Haiti e, depois, pela repressão consequente da invasão imperialista. Destruição, miséria, fome, doenças... A expectativa de vida é de 52 anos, apenas 20% da população está empregada e a taxa de analfabetismo é de 45%. O acesso à água potável é outro problema assustador: apenas 37% da população usufrui deste "direito". Outra marca da ação militar no Haiti é a brutal repressão através de chacinas, estupros e tortura contra qualquer foco de resistência, principalmente nos conglomerados mais proletarizados, como a favela de Cité Soleil, na capital Porto Príncipe.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

HÁ VINTE ANOS ATRÁS O ENTÃO DEPUTADO LINDBERG FARIAS SE AFASTAVA DO PCdoB E INGRESSAVA NO PSTU. QUATRO ANOS DEPOIS (2001) SEM CONQUISTAR UMA ÚNICA VAGA PARLAMENTAR PELO MORENISMO O EX-PRESIDENTE DA UNE ADENTRA NO PT PARA RETOMAR SUA "CARREIRA" INSTITUCIONAL BURGUESA, PORÉM A LBI JÁ APONTAVA ESTE CURSO OPORTUNISTA BEM ANTES....MAIS UM PROGNÓSTICO MARXISTA 100% CONFIRMADO...


LINDBERG "SAI" DO PSTU E INGRESSA NO PT: MANOBRA OPORTUNISTA DE "ENTRISMO" DO PSTU NO PT OU COMPLETA DESMORALIZAÇÃO DE SUA POLÍTICA ELEITOREIRA?
(HOME DA LBI SETEMBRO DE 2001)

Há exatamente quatro anos, em setembro de 1997, no Jornal Luta Operária nº 22, a Liga Bolchevique Internacionalista elaborou um documento intitulado "Genuína autocrítica do stalinismo ou uma reacomodação eleitoral?", o qual analisava o desligamento do então deputado federal Lindberg Farias do PCdoB e seu ingresso no PSTU. Resolvemos agora reeditá-lo como apêndice dessa brochura, no marco de uma nova realidade política: a recente saída de Lindberg do PSTU e sua filiação ao PT. Tomamos essa decisão porque, recorrendo ao próprio marxismo e seu método de análise, podemos afirmar que além de apontarmos corretamente naquele momento as genuínas raízes políticas que provocaram a ruptura de Lindberg com o PCdoB, temos hoje todos os elementos para clarificar o seu aparente desligamento do PSTU e o ingresso no partido que é timoneiro-mor da frente popular no Brasil, o PT.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

34 ANOS DA FUNDAÇÃO DA CUT: A TRANSFORMAÇÃO DE UMA CENTRAL OPERÁRIA PELAS MÃOS DA FRENTE POPULAR EM AUTARQUIA BUROCRÁTICA A SERVIÇO DA COLABORAÇÃO DE CLASSES COM A BURGUESIA

Por: Hyrlanda Moreira - Fundadora da CUT, encabeçando a chapa de oposição que unificou a esquerda revolucionária em 1997


A Central Única dos Trabalhadores (CUT) celebra hoje seus 34 anos de fundação realizando neste exato momento um “Congresso Extraordinário e Exclusivo” da central em meio a ofensiva privatizadora do governo golpista de Temer. O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, abriu oficialmente o Congresso da entidade para patrocinar a candidatura Lula em 2018, “o líder que é a cara do povo brasileiro... O ódio que as elites têm do Lula é que o Lula mostrou que a classe trabalhadora não nasceu para ser capacho da burguesia. É por isso que ele é perseguido. Eles querem fazer uma eleição sem o Lula. Eleição sem o Lula é fraude”, afirmou Freitas. Em resumo, a paralisia da CUT em impulsionar a luta direta das massas tem como lastro apostar suas fichas no circo eleitoral de 2018. Fundada no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo, durante a ditadura militar na época sob o comando do general Figueiredo e opondo-se, via o chamado “novo sindicalismo”, aos pelegos do PCB, PCdoB e MR-8, a CUT hoje está completamente integrada ao Estado capitalista após os mandatos do PT no governo central. Mesmo agora estando na “oposição” ao golpista Temer a CUT não tem quase poder de reação operária pelos seguidos anos de sua política de colaboração de classes. Enquanto o ascenso das greves operárias no final dos anos 70 provocou o nascimento da CUT, uma central operária que centralizava a luta dos trabalhadores contra a ditadura militar, defendendo liberdade e autonomia sindical, significando um acontecimento histórico progressivo, a ascensão do governo de frente popular do PT, por sua vez, é um acontecimento político importante porque completou o processo de integração e cooptação política e material da CUT ao Estado burguês. Tal fato representa também um marco histórico que decretou a morte e a falência política dessa entidade como instrumento de luta das massas exploradas. Coube, por exemplo, ao VIII CONCUT em 2003 inaugurar essa nova etapa histórica em que a CUT dá um salto de qualidade no caráter de classe da Central. Se antes a CUT era um braço sindical do PT, depois de 14 anos de gestão da Frente Popular ela consolidou-se como uma sucursal do próprio governo petista, intervindo como guardiã dos interesses econômicos e políticos da burguesia, ao ponto de agora frente ao Golpe Institucional contra Dilma seguir a política da direção nacional do PT de apenas desgastar eleitoral e midiaticamente o governo Temer apostando na volta de Lula em 2018.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

POLÊMICA SOBRE EM QUE CAMPO POLÍTICO E MILITAR DEVEM POSTAR-SE OS MARXISTAS REVOLUCIONÁRIOS DIANTE DA AÇÃO DO IMPERIALISMO E SEUS AGENTES INTERNOS RACHAVA A LIT HÁ 5 ANOS ATRÁS


Publicamos um artigo elaborado há 5 anos em que analisamos a ruptura da seção espanhola da LIT no auge da ofensiva imperialista contra a Síria e após a intervenção militar da OTAN na Líbia, em agosto de 2012. Esse debate volta a tomar força nas fileiras morenistas agora que a LIT vem defendendo a “unidade tática” com o MUD para derrubar o governo Maduro, posição escandalosa e pró-imperialista que tem provocado dissidências internas. Assim como se aliou aos “rebeldes” na Líbia de Kadaffi e aos "revolucionários do ELS" na Síria de Assad, ambos patrocinados pela OTAN, a direção da LIT usando como pretexto o combate a “ditadura chavista” vem convocando conjuntamente com a direita golpista apoiada pela CIA as marchas contra Maduro. Como genuínos trotskistas nos colocamos no campo político e militar oposto ao do imperialismo e seus agentes internos tanto na Líbia, como na Síria e agora na Venezuela. O fato dessa polêmica retomar com força neste momento de ofensiva imperialista na Venezuela demonstra que as posições morenistas diante dos conflitos de governos nacionalistas burgueses ou frente populistas com o imperialismo e as forças políticas que este patrocina no interior dos países semicoloniais rompe com os critérios fundamentais do Marxismo-Leninismo provocando "desconforto" até mesmo em suas fileiras ou gerando rupturas, na medida que é oposta pelo vértice as lições que nos legaram Lênin e Trotsky da defesa incondicional dos países semicoloniais atacados pelos imperialismo e por seus agentes internos como o MUD, sem abrir mão da crítica às direções reformistas e nacionalistas burguesas, travando paralelamente o combate pela construção do Partido Revolucionário, a IV Internacional.

POLÍTICA DA LIT DE APOIO A OTAN “RACHA” SUA SEÇÃO NA ESPANHA
(BLOG DA LBI, 23 DE AGOSTO DE 2012)

A LIT não passou imune por apoiar abertamente os “rebeldes” pró-OTAN na Líbia e aprofundar descaradamente sua política pró-imperialista na Síria, se colocando entusiasticamente no campo dos mercenários do Exército Livre da Síria (ELS). Sua seção espanhola “Corriente Roja” (organização que sucedeu o PRT) sofreu um importante racha que teve justamente como plataforma política a denúncia da unidade política e militar que os morenistas estabeleceram com forças patrocinadas e armadas diretamente pelas potências capitalistas nestes dois países em nome da fantasiosa “revolução árabe”. Já em junho de 2011, os camaradas que romperam com a LIT na Espanha lançaram um comunicado “Sobre a ruptura produzida na Corriente Roja”. Neste afirmam: “Consumou-se uma ruptura entre os companheiros do PRT e parte da organização Corriente Roja, diante da decisão dos primeiros de dissolver o PRT para converter CR em seu partido político, seção da LIT-QI no Estado espanhol”. Logo depois esclareceram os motivos políticos da ruptura na declaração intitulada “Fora as tropas espanholas, da OTAN e seus mercenários da Líbia” (Agosto/2011) em que afirmam: “Os bombardeios abriram caminho para os mercenários, porém o fato de que o povo líbio tenha resistido durante seis meses deixa evidente que os chamados ‘rebeldes’ sem a OTAN não existem. Como se fosse pouco, enquanto conclui seu ‘trabalho’ na Líbia, o imperialismo ameaça já a Síria, país que junto com Irã e parte do sul do Líbano (controlada pelo Hezbollah) constituem os redutos da resistência frente ao imperialismo. Os planos internacionais de desestabilização incluem o financiamento de mercenários terroristas sírios a fim de potenciar um conflito desde o exterior, justificando uma nova invasão exterminadora”. Como se observa até mesmo no interior das correntes que estão atoladas no mais embriagado revisionismo há resistência diante de uma política que transformam organizações como a LIT em uma força auxiliar do imperialismo “democrático”. A defesa do estabelecimento de uma frente única com as forças e regimes atacados pelo imperialismo e seus agentes nativos, com total independência política diante das direções nacionalistas burguesas, posição defendida por Trotsky no Programa de Transição e negada pela LIT nos dias de hoje em nome do combate às “ditaduras sanguinárias”, mostra a atualidade das lições deixada pelo velho bolchevique, tanto que foram a base das polêmicas que levaram a ruptura da seção espanhola morenista.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

25 DE AGOSTO DE 1936 - PRIMEIRO “PROCESSO DE MOSCOU”: EXECUTADOS ZINOVIEV, KAMENEV E OUTROS 14 ACUSADOS DE INTEGRAREM O SUPOSTO “CENTRO TERRORISTA TROTSKI-ZINOVIEV”, UMA FARSA JURÍDICA MONTADA POR STÁLIN PARA PERSEGUIR E ELIMINAR SEUS ADVERSÁRIOS POLÍTICOS


Em 25 de agosto de 1936 Grigóri Zinoviev, Lev Kamenev e outros 14 dirigentes bolcheviques foram condenados sem provas e executados em Moscou sob a acusação de assassinar Kirov e planejar a morte de Stálin. O macabro espetáculo foi a primeira farsa jurídica de várias outras, sempre com o mesmo padrão: os réus, em sua maioria militantes do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), eram submetidos a torturas, ameaças e maus-tratos, e acabavam confessando crimes que não cometeram — como espionagem, envenenamento e sabotagem. Centenas de milhares de membros do Partido Comunista e do Exército Vermelho opositores de Stálin seriam perseguidos pela polícia, presos e, se não eram executados, seguiam para campos de concentração. Essa série de julgamentos públicos dos opositores de Stálin, ocorridos na União Soviética de 1936 a 1938, ficou conhecida como Processos de Moscou. Velhos líderes bolcheviques que dirigiram a Revolução de Outubro foram assim banidos, consolidando o poder burocrático de Stálin. O Grande Expurgo, também conhecido como o Grande Terror, entre 1936 e 1939 resultou na execução de 680.000 pessoas e a deportação de centenas de milhares. Em agosto de 1936, Stalin pessoalmente autorizou o uso da tortura nas prisões e só proibiu novamente no final de 1938. 


Trotsky acompanhou esses processos desde o México e denunciou-os como uma farsa jurídico-política para eliminar os adversários de Stálin dentro e fora da URSS. No tomo IV de seus Escritos, no texto intitulado “ A burocracia stalinista e o assassinato de Kirov”, ele pontua “Em 17 de dezembro foi publicada uma notícia onde, pela primeira vez, se afirma que Nikolaev fez parte do grupo de oposição de Leningrado dirigido por Zinoviev em 1926. …. Em 1926 toda a organização partidária de Leningrado, com muito poucas exceções, pertencia a oposição de Zinoviev…. Posteriormente todos eles capitularam, com seu dirigente na cabeça; mais adiante repetiram a capitulação de maneira mais decisiva e humilhante”. Em seguida Trotsky afirma “Contudo, é evidente que essas informações referentes ao ‘grupo Zinoviev’ não foram lançadas acidentalmente; só podem significar que são a preparação de um ‘amalgama’ jurídico, isto é, uma tentativa conscientemente falsa de implicar no assassinato de Kirov a outros indivíduos e grupos que não têm nem podem ter nada em comum com o ato terrorista”. Ligando o ato terrorista de 1934 a mando da GPU com a antiga Oposição Unificada de 1926, a burocracia stalinista ordenou a prisão de 15 membros do velho grupo de Zinoviev- Kamenev. Acerca dessas prisões Trotsky escreveu “ Zinoviev: colaborador de Lenin durante muitos anos no exílio, ex-membro do Comitê Central e do Birô Político, ex-presidente da Internacional Comunista e do Soviete de Leningrado. Kamenev: colaborador de Lenin no exílio durante muitos anos, ex-membro do Comitê Central e do Birô político, vice-presidente do Conselho de Comissários do Povo, presidente do Conselho de Trabalho e Defesa e presidente do soviete de Moscou. Esses dois homens formaram, junto com Stalin, a troika (triunvirato) que governou o país entre 1923 e 1925”. Buscando aprofundar a análise da farsa em curso Trotsky escreveu “Esses 15 indivíduos são implicados, sem mais nem menos, no assassinato de Kirov. Segundo as explicações dadas pelo Pravda (jornal oficial do Partido), o objetivo deles era tomar o poder, começando por Leningrado “com a secreta intenção de reestabelecer o regime capitalista”. Para concluir Trotsky analisa que “Zinoviev e Kamenev não são tontos. No mínimo entendem que a restauração do capitalismo significaria antes de mais nada o extermínio de toda a geração que fez a revolução, incluídos, obviamente, eles mesmos. Em consequência, não cabe a menor dúvida que a acusação engendrada por Stalin contra o grupo de Zinoviev é totalmente fraudulenta, tanto no que se refere ao objetivo especificado, a restauração do capitalismo, quanto aos meios, os atos terroristas”. Apesar de denunciar os crimes de Stálin e os Processos de Moscou, Trotsky pontua suas diferenças políticas e de caráter com  Zinoviev e Kamenev em um artigo de dezembro de 1936 “Não há razões de peso que me obriguem a assumir responsabilidade política ou moral sobre Zinoviev e Kamenev. Sempre foram meus ferrenhos adversários, com exceção de um breve período (1926-1927). Pessoalmente, não confiava muito neles. Porém é certo que eles eram intelectualmente superiores a Stalin. Porém lhes faltava caráter. Este é o traço que Lenin levou em conta quando disse em seu testamento que ‘não é casual’ que Zinoviev e Kamenev haviam sido contra a insurreição do outono de 1917. Não puderam suportar a pressão da opinião pública burguesa. Quando as profundas mudanças sociais começaram a se cristalizar na União Soviética, combinadas com a formação da burocracia, ‘não é casual’ que Zinoviev e kamenev se deixaram arrastar para o bando da burocracia stalinista. Em 1933 Zinoviev e Kamenev não somente voltaram a se retratar, como também se prostraram frente a Stalin. Nenhuma calúnia lhes parecia demasiadamente vil para lança-la contra a Oposição [trotskysta], e especialmente contra a minha pessoa. Sua autodestruição os deixou impotentes frente à burocracia, que a partir de então passou a exigir-lhes qualquer confissão. Seu destino posterior foi o resultado destas capitulações e auto – humilhações”. Trotsky, apesar de combater o Stalinismo e a degeneração burocrática na URSS jamais abriu mão de defender o Estado Operário degenerado Soviético das ameaças do imperialismo, do fascismo e de seus agentes internos, reivindicando inclusive a frente única com Stálin e o Exército Vermelho contra os inimigos capitalistas da URSS, preparando a revolução política para superar a burocracia despótica, mas preservando as bases sociais da União Soviética, uma lição que os revisionistas do Trotskismo trataram de esquecer quando celebraram a queda da URSS e a restauração capitalista pelas mãos de Yeltsin em agosto de 1991.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

24 DE AGOSTO DE 1954: A MORTE DE VARGAS E O OCASO DO NACIONAL-DESENVOLVIMENTISMO


Neste 24 de agosto completa-se 63 anos do suicídio de Getúlio Vargas. Episódio marcante da história política brasileira, a morte de Vargas ocorreu em meio a uma profunda crise que refletia as contradições do projeto desenvolvimentista de seu governo. Em 1953, a continuidade da política de estímulo à industrialização, uma das principais características do varguismo, começou a sofrer limitações, exigindo a ampliação de investimentos e o aumento das importações de equipamentos e máquinas, o que provocava déficit na balança comercial do país. O mesmo ocorria com a balança de pagamentos, devido à sangria das riquezas nacionais, promovida pelo crescimento das remessas ilegais de lucros pelas empresas estrangeiras que atuavam no país. Esse quadro tornava-se ainda mais grave com a queda dos preços do café no mercado mundial (principal commoditie para exportação no período), contribuindo para o declínio da receita externa, o que reacendeu a disputa feroz entre as diferentes frações da burguesia nacional pelas divisas em dólar e pelo controle do Estado burguês a fim de preservar seus interesses comerciais. Foi esse o “pano de fundo” fundamental da crise política que abalou profundamente o país nos anos 50 e levou ao “suicídio” induzido do “caudilho nacionalista” em agosto de 1954, sob a pressão direta do imperialismo ianque ávido pela “troca” do chefe de estado brasileiro. A principal força de oposição a Vargas era a União Democrática Nacional (UDN), que expressava os interesses das oligarquias agroexportadoras descontentes com as restrições às importações e à política de controle e confisco cambial, mecanismos que transferiam recurso do setor agrário-exportador para o setor industrial. A UDN também agrupava os estratos superiores da classe média, que temiam a esquerdização e o comunismo. O capital imperialista, que desejava utilizar as divisas do país para a conversão e a emissão de lucros para o exterior, era o aliado mais importante desse partido. O governo Vargas, por sua vez, tinha como base de sustentação o chamado pacto populista, uma espécie de aliança entre a burguesia industrial e as massas trabalhadoras das cidades, incluindo também as facções das oligarquias regionais atreladas ao Estado desde 1930 e setores nacionalistas das Forças Armadas, todos unidos em torno de uma ideologia nacionalista que apresentava o desenvolvimento industrial capitalista como meio de realização de interesses comuns da burguesia e do proletariado. Fazendo um paralelo como os dias atuais, paradoxalmente o governo Dilma sofreu um golpe parlamentar há um ano atrás, em agosto de 2016. Tal como Getulío, Dilma foi impotente diante a direita e da pressão do imperialismo, porém diametralmente oposta ao velho culdilho, a “gerentona petista” não protagonizou nenhum ato de coragem pessoal e resistência política simbólica, ao contrário, o PT tenta voltar a Presidência da República com Lula em 2018 reeditando a mesma política de pacto das elites, reaproximando-se das oligarquias agrárias e dos setores da burguesia nacional que sustentaram as gestões anteriores da Frente Popular, como vimos nas recentes caravanas do petista pelo Nordeste, abraçado com figuras reacionárias como Renan Calheiros e Jackson Barreto, inclusive já convidando para ser vice de sua chapa o empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas e filho do falecido burguês José Alencar.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

DEPOIS DE FHC E DILMA PRIVATIZAREM A DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA E AS HIDROELÉTRICAS, TEMER ANUNCIA A ENTREGA DA ELETROBRAS: ORGANIZAR A GREVE NACIONAL DOS TRABALHADORES DE TODO O SETOR ELÉTRICO!


A quadrilha de Temer instalada no Palácio do Planalto anunciou a privatização da Eletrobras. A proposta causou frenesi no cassino financeiro: valor da “venda” avaliado pelo mercado não corresponde nem a 10% do potencial real da estatal. A Privataria Tucana desorganizou o setor, privatizando praticamente toda a distribuição de energia do país ("filé mignon" ou ponto final do negócio), Dilma continuou a trilha neoliberal entregando a iniciativa privada as novas hidrelétricas recém construídas e sequer concluídas, agora o "tiro de misericórdia" do golpista Temer com a "doação" aos rentistas das antigas usinas de geração (a exceção de Itaipu) e das redes de transmissão de todo território nacional. A perda do controle estatal da geração e transmissão de energia é um hediondo crime que afetará a segurança nacional do Brasil na medida que entregar centenas de bilhões de dólares em capital investido em hidrelétricas, termelétricas e linhas de transmissão. O dinheiro arrecadao com a privatização será gasto com títulos da dívida pública que consome quase 50% do orçamento. As subsidiárias da Eletrobras respondem por 32% da capacidade de geração de energia do país, e a empresa tem 70 mil quilômetros de linhas de transmissão, o que corresponde a 47% da malha nacional. A estatal participa, também, da usina de Itaipu e de 178 projetos de energia com outras empresas. A privatização da Eletrobras representaria um duro golpe à soberania energética do Brasil. Com a geração e transmissão de energia nas mãos de multinacionais estrangeiras, o país perderia o controle de uma área estratégica para o desenvolvimento nacional. Lembremos que em 2015, Dilma leiloou 29 usinas hidrelétricas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). As hidrelétricas foram construídas há mais de 30 anos e pertenciam até o leilão, às companhias estaduais de energia de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo – respectivamente Cemig, Copel, Celesc e Cesp. Com a venda o Dilma arrecadou R$ 17 bilhões para amortizar os juros da dívida. Devemos lutar para impedir a entrega das empresas estatais ao mesmo tempo denunciar as "parcerias" e abertura de capitais e privatizações parciais que o PT promoveu. É necessário convocar uma greve dos trabalhadores de todo o setor energético em defesa da Eletrobras 100% estatal sob o controle pelos trabalhadores em todos os ramos, desde a geração, passando pela transmissão e a distribuição! Para vencer é preciso romper com a política de ilusões na eleição de Lula em 2018 e desde já organizar a luta direta contra os ataques privatistas do golpista Temer!

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

77 ANOS DA MORTE DE LEON TROTSKY: A ESTÓICA TAREFA DE MANTER VIVO E ORTODOXO O LEGADO REVOLUCIONÁRIO DO BOLCHEVISMO-LENINISMO!


Há exatos 77 anos morria o grande comunista revolucionário Leon Trotsky. No dia 21 de agosto de 1940 o dirigente Bolchevique veio a falecer, produto de um ataque covarde na cabeça de golpes de picareta desferido por um agente da KGB no México. Estes 77 anos correspondem a um período relativamente curto para a história da humanidade, mas de intensa transformação no planeta, onde desgraçadamente a “roda da história” moveu-se no sentido contrário aos interesses do proletariado mundial e da revolução socialista. No curso deste intervalo de tempo somos obrigados a constatar que a causa do comunismo sofreu um duro revés. O maior deles foi justamente a liquidação contrarrevolucionária da URSS no começo dos anos 90, com o fim do Estado operário soviético que o velho bolchevique ajudou a construir ao lado de Lênin com vitória da Revolução de Outubro. O próprio assassinato de Trotsky no México, depois de vagar pelo planeta desde sua expulsão da União Soviética em 1928, foi uma expressão dramática da situação de perseguição e isolamento que sua corrente política estava sofrendo por parte do stalinismo e do imperialismo. Para os que até hoje defendem seu legado político e as lições programáticas que deixou o velho bolchevique há o imenso desafio de manter de pé a construção do partido revolucionário internacionalista em meio a uma etapa histórica de profundo retrocesso político e ideológico das massas. Os dias de hoje estão marcados por uma brutal ofensiva imperialista mundial que ganhou ainda mais impulso com o fim da URSS e foi reforçada na atualidade com a fantasiosa “revolução árabe” que acabou por possibilitar que a Casa Branca fizesse uma transição conservadora em países estratégicos como o Egito, fato que agora se revela em toda sua plenitude com a imposição do golpe militar pelos generais financiados pelo Pentágono e pusesse fim a regimes adversários como o comandado por Kadaffi na Líbia. O cerco imperialista a Venezuela, Irã, Síria e a Coreia do Norte fazem parte desta nefasta estratégia que está ancorada em uma perda de referência da vanguarda nos postulados políticos e teóricos do comunismo.

sábado, 19 de agosto de 2017

“GOLPE DE AGOSTO” NA URSS: OS TROTSKISTAS NA BARRICADA DA DEFESA DO ESTADO OPERÁRIO CONTRA A RESTAURAÇÃO CAPITALISTA... OS REVISIONISTAS COMEMORANDO A BURLESCA “REVOLUÇÃO” QUE ENTRONOU O “DEUS MERCADO” JUNTO COM YELTSIN E O IMPERIALISMO IANQUE


Entre os dias 19 e 20 de agosto de 1991, há exatamente 26 anos atrás, um golpe militar dirigido por generais stalinistas e setores da KGB tentou barrar a divisão da URSS um dia antes da celebração do chamado "Tratado da União" que criava uma Federação de Repúblicas Independentes, com ampla autonomia para seus presidentes levarem a cabo a restauração capitalista. Sob o comando do então vice-presidente da União Soviética, Gennady Yanaiev, esta ala da burocracia prendeu Gorbachev com o objetivo de retomar o controle do aparelho central do então Estado operário soviético. O golpe foi derrotado militarmente e de seu fracasso surgiu como novo ícone da restauração capitalista o "herói" Boris Yeltsin, então presidente da Federação Russa, que tratou de dar curso ao processo de liquidação contrarrevolucionária da URSS. Yeltsin comandou um setor restauracionista que havia rompido com o aparato estatal do PCUS, se alçou à condição de representante direto do “mercado” e venceu, com a ajuda da burguesia mundial, o golpe de estado liderado pelos burocratas stalinistas do Comitê de Emergência. Os restauracionistas tomaram o poder de estado, instaurando um governo capitalista na Rússia, disposto a destruir as antigas bases sociais do Estado operário através da autonomia total das então repúblicas soviéticas, privatizar a economia estatizada e a restaurar o capitalismo na região, transformando a antiga URSS numa semicolônia capitalista, condição na qual atualmente se encontra a Rússia, apesar de uma certa recuperação econômica. Diante deste acontecimento, a grande maioria da esquerda mundial, incluindo os revisionistas (PSTU, PO, PTS, PCO, TPOR, OT etc...) saudaram a contrarrevolução de Yeltsin como uma “revolução democrática” ou um “acontecimento revolucionário”, engrossando as fileiras do imperialismo e da social-democracia em suas comemorações do “fim da ditadura stalinista”. Ironicamente, há pouco tempo atrás, na Ucrânia, novamente a estátua de Lênin foi derrubada em praça pública, bandeiras vermelhas com o símbolo da foice e martelo pisoteadas por grupos fascistas e manifestações exigindo a “unificação” com a Europa. Estas cenas em muito se pareceram com o que ocorreu em 1991 com o fim da URSS, mas se passaram na Ucrânia, mais particularmente na capital do país, Kiev. Quando houve a restauração capitalista da União Soviética e do Leste Europeu, há mais de 26 anos (89-91) ocorrendo exatamente as cenas que se passaram há pouco tempo na Ucrânia, as correntes revisionistas do trotskismo, como PSTU e PCO, apresentaram estes acontecimentos como uma “vitória revolucionária das massas”. Os morenistas seguem até hoje com esta caracterização e inclusive apresentam as manifestações pró-imperialistas e o golpe fascista que ocorreram na Ucrânia como parte da “revolução” que derrotou o stalinismo no passado, já que a ligação entre o presidente ucraniano que acabou deposto, Viktor Yanukovich com Putin representaria a manutenção dos laços políticos e econômicos com a Rússia, que ainda influencia parte das antigas repúblicas soviéticas. O PTS (MRT no Brasil, antiga LER-QI) que celebrou a queda da URSS agora diz “lamentar” os efeitos da restauração capitalista e cinicamente saúdam o MAIS (racha do PSTU) por supostamente fazer uma autocrítica das posições da LIT, quando na verdade ambos agrupamentos continuam a comemorar a fim do “aparato stalinista mundial” pelas mãos do imperialismo como uma grande vitória. Mais oportunista ainda é a posição do PCO, que hoje critica as “teses” pró-imperialistas da LIT, “finge” ser defensista e contrária à restauração capitalista, quando era uma das correntes mais fervorosas na defesa da suposta “revolução política” na RDA e na URSS, posição contrarrevolucionária que inclusive levou a nossa ruptura programática com esta seita revisionista e a fundação da LBI.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

HÁ 25 ANOS DAS MOBILIZAÇÕES PELO “FORA COLLOR”: DEPOIS DE DERROTAR O PT PELA VIA DA FRAUDE ELEITORAL, A BURGUESIA SE LIVRA DE UM “LADRÃO DE GALINHAS” PARA PREPARAR A ERA DAS GRANDES PRIVATIZAÇÕES PELO TUCANO FHC


O governo Collor ascendeu ao Palácio do Planalto em 1990, após derrotar Lula nas fraudulentas eleições presidenciais de 1989. Somente passaram-se dois anos (1992) para ficar evidente que o “Caçador de Marajás” não havia conseguido a sustentação política necessária no interior das classes dominantes exatamente por representar um setor lúmpen e marginal da burguesia, utilizado como alternativa de emergência diante da vitória eleitoral roubada de Lula em 89. O movimento “Fora Collor”, de composição majoritariamente juvenil, foi impulsionado diretamente pela Famiglia Marinho que resolveu abandonar sua “criatura” quando esta tornou-se inútil e obsoleta diante das perspectivas que a economia mundial estava abrindo para o Brasil. A mobilização dos jovens do “Fora Collor”, levados às ruas pela Rede Globo, assumiu como eixo a luta “contra a corrupção” e pela “ética na política” em função das “pequenas comissões” cobradas pelo tesoureiro de Collor (PC Farias) a empresários que pretendessem realizar “negócios” com o Estado brasileiro. Galvanizando rapidamente nas ruas o ódio por um governo que confiscou a poupança da população, o “Fora Collor” serviu como instrumento para a burguesia nacional agilizar a troca de uma “gerência” capitalista arcaica por outra neoliberal “moderna” (no marco do mesmo regime político), capaz de realizar as privatizações que o capital financeiro exigia. O “Impeachment” de Collor, longe de representar o “resgate da cidadania” ou o “Brasil passado a limpo”, como pregam até hoje os reformistas de todos os calibres, expressou um movimento da própria burguesia para utilizar melhor seu “fundo estatal”, apeando do poder um governo de “ladrões de galinha” em benefício de “tubarões” da corrupção em um mundo recém globalizado no início da década de 90. Em agosto começaram as manifestações que exigiam o fim do governo Collor. Em setembro de 1992 o Congresso Nacional votava o relatório da CPI do “PC Farias” que encaminhava a perda do mandato do então presidente da república Fernando Collor de Melo por crime de responsabilidade, era o início do fim para o alagoano conhecido como o “caçador de marajás”. A “histórica” sessão do Congresso, presidida pelo deputado gaúcho Ibsen Pinheiro (pouco tempo depois o próprio parlamentar peemedebista foi cassado pelos seus pares) teve um resultado acachapante a favor do “impeachment”, 441 votos sim e somente 38 contra, pela primeira vez a burguesia brasileira descartava um presidente eleito, pela via institucional, sem recorrer aos tradicionais golpes de estado comandados por milicos treinados pela CIA. As acusações que pesavam contra Collor foram concentradas contra seu tesoureiro de campanha, o lendário “PC Farias”, por ter recebido de “propina” de corrupção um automóvel Fiat Elba, uma verdadeira piada da vida real, chancelada como verídica por todos seus ex-apoiadores, como seu próprio irmão (Pedro) e a poderosa organização mafiosa Globo. Fiel politicamente até o fim ao amigo Collor somente o falecido ACM, que com uma fração de seu partido, o PFL, lhe brindou os 38 votos contrários a sua cassação. Mas, o “inferno astral” do primeiro presidente eleito após o fim do regime militar, começou mesmo no mesmo dia que assumiu o governo, em março de 1990, com um decreto de congelamento da poupança popular, Collor iniciava uma sinuosa trajetória de “rupturas” que poucos anos depois acabaram por deflagrar o movimento dos “Cara Pintadas”, considerado pelos revisionistas da LIT, como a “segunda revolução democrática no país” (a primeira teria sido a campanha das “Diretas Já”), na verdade mais uma manobra política das classes dominantes que granjeia o apoio das massas. Para compreender as razões da queda de Collor, de um ângulo marxista, será necessário retroceder um pouco mais na história e voltar ao final dos anos 80, precisamente no processo de esgotamento da chamada “Nova República” do biônico Sarney.


No ano de 1989, o Brasil se preparava para realizar o “sonho” das eleições diretas, após cinco anos de uma gestão estatal de profunda crise política, estamos nos referindo ao presidente Sarney que chega ao fim de seu mandato biônico, “eleito” pelo Colégio Eleitoral da ditadura, sem nenhum apoio popular. O oligarca maranhense, ex-presidente da ARENA (partido dos militares golpistas de 64), que assumiu o comando da “Nova República” por conta da estranha morte do governador mineiro Tancredo Neves, tinha na figura do então líder do PRN, Collor de Melo, seu principal adversário político no campo da burguesia. Como o isolado Sarney não tinha sequer um partido político para enfrentar as eleições de 89 (que eram exclusivamente para a presidência da república), rejeitado tanto pelo PMDB como pelo PFL, partidos da base de apoio do regime, resolveu impulsionar materialmente o minúsculo PCB, lançando a candidatura do deputado Roberto Freire, único candidato que não “batia” no “cachorro morto” Sarney. Em um quadro de completa crise dos partidos tradicionais da burguesia, o PMDB sob controle do decrépito Ulisses e o PFL nas mãos do esclerosado Aureliano Chaves, a possibilidade concreta do operário petista “radical” Lula ganhar as eleições presidenciais acionou o “alerta vermelho” da burguesia nacional, que de forma emergencial organizou às pressas a “alternativa” Collor, mesmo consciente dos riscos posteriores que esta opção política engendraria.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

HOJE, 16 DE AGOSTO DE 2017, “O CAPITAL” COMPLETA 150 ANOS: VIDA LONGA A TEORIA REVOLUCIONÁRIA DO MARXISMO LENINISMO!


Em 16 de agosto de 1867 Marx finaliza a elaboração do primeiro tomo de “O Capital”, após anos de pesquisa e reflexão teórica. É um período em que Marx estreita seus vínculos com o movimento operário, então norteado por teses anarco-economicistas que não conseguiam explicar com profundidade toda a dinâmica do regime capitalista, desde o mundo do trabalho até o acúmulo de riquezas das classes dominantes. Nesta época envia uma carta breve e comovente a Frederich Engels como um tributo ao seu novo trabalho intelectual: “Se foi possível, devo-o apenas à você. Sem seus sacrifícios em meu favor eu jamais teria conseguido realizar o imenso trabalho exigido pelos três tomos. Eu cumprimento-o com enorme gratidão”. Sem sombra de dúvida uma contundente demonstração de camaradagem militante de Marx, que rejeitava qualquer "título" ou vaidade acadêmica de "brilhantismo". O Capital cuja influência sobre a história contemporânea da luta de classes é incalculável, desperta desde o fim do século XIX uma polêmica teórica permanente sobre a sua natureza. Mas no que consiste precisamente a essência das teses contidas no “Capital”? É uma obra econômica? É um texto filosófico? É o nascedouro da sociologia moderna ou uma plataforma científica para a política revolucionária do proletariado? Para Marx, a economia política se distingue da ciência clássica, ou seja , uma ciência que se transformou em ideologia. A evolução da economia política foi interrompida e ela se desviou da via científica, pois permaneceu prisioneira dos preconceitos e das ideias da classe dominante da sua época, a classe burguesa. É em decorrência da própria lógica da economia política clássica, que teria conduzido obrigatoriamente à condenação do modo de produção capitalista, ao desvelamento de suas contradições, descoberta de seu caráter transitório e ao prenúncio de seu fim, que os economistas burgueses não foram capazes de levar a termo a obra de Adam Smith e de Ricardo, e que a escola clássica de economia política começou a se desagregar. Ao efetuar a crítica da economia política, Marx combinou simultaneamente três elementos distintivos, primeiramente analisar o funcionamento da economia capitalista, dissecando suas contradições e mostrando o quanto a ciência econômica oficial é incapaz de dar conta destas e de explicá-las. Analisando as teorias dos economistas burgueses, revelando suas contradições, insuficiências e equívocos, localizando suas raízes em sua função ideológica, em relação à sociedade burguesa. E por fim, analisou a luta de classe entre capitalistas e trabalhadores, de maneira a encarnar a evolução econômica e ideológica nos homens concretos, que fazem sua própria história, em última instância, através das condições objetivas da luta de classes. O “Capital” não pretende explicar todas as sociedades humanas, passadas e futuras. Ele se contenta, mais modestamente, em explicar apenas a sociedade predominante há quatro séculos: a sociedade burguesa, e desta forma apontar uma nova perspectiva histórica para a humanidade. Para poder elucidar o funcionamento do modo de produção capitalista, Marx é obrigado a localizar a origem das “categorias econômicas” (mercadoria, valor, dinheiro, capital), cuja gênese está na sociedade pré-capitalista. Ele é obrigado, portanto, a exercer o ofício de historiador, a prover também os elos fundamentais para a compreensão das sociedades pré-capitalistas. Marx não pode analisar as contradições do modo de produção capitalista com justeza sem, com isso, dar à classe trabalhadora um instrumento de luta poderoso, sem intervir, por essa razão, ativamente nesta luta de classes e sem procurar orientá-la a um objetivo preciso: a derrubada do regime de produção capitalista.
MACRI, COM SEU DURO AJUSTE NEOLIBERAL, FOI O GRANDE VENCEDOR DAS ELEIÇÕES PARLAMENTARES ARGENTINAS: UM SINAL DE ALERTA AOS CRÉDULOS NA DEMOCRACIA BURGUESA E NO "SAGRADO" SUFRÁGIO UNIVERSAL


As eleições parlamentares (primárias) argentinas, nominadas de "PASO", realizadas no último domingo, brindaram o atual presidente Macri com uma "generosa" vitória nacional, contra o conjunto das forças políticas da oposição burguesa, que tem na ex-presidente Cristina Kirchner sua principal expressão eleitoral. Apesar da articulação eleitoral em torno de Mauricio Macri (Cambiemos) ter origem e maior peso na capital do país, a cidade autônoma de Buenos Aires (CABA), o presidente colheu excelentes resultados em praticamente todas as províncias, inclusive as governadas pelo Peronismo. Na principal província da Argentina, Buenos Aires (capital La Plata) a apuração foi Interrompida quando se verificava um "empate técnico" entre a candidatura oficialista apoiada por Macri e Cristina Kirchner, ambas na disputa pela simbólica vaga do Senado da república. Mesmo tratando-se de "prévias" a vitória na província de Buenos Aires tem um "sabor" de resultado final do embate nacional, por isso a suspensão da apuração logo após a ascensão de Cristina em pleno escrutínio dos votos, teve um caráter claro de fraude operada diretamente pelo governo central. Sem o resultado oficial de Buenos Aires, o troféu das "PASO", ficou com a Casa Rosada e seu reacionário arco de apoio político. Macri ao longo de seu primeiro mandato na presidência aplicou um duro ajuste neoliberal, reduzindo salários, eliminando conquistas operárias e cortando investimentos estatais, seguindo a mesma cartilha internacional determinada pelos rentistas, exatamente o mesmo "cardápio" oferecido por Temer ao Brasil. O desgaste social de Macri não tardou muito e logo as lutas populares de resistência começaram a se generalizar no país, de cara com as primeiras eleições gerais desde sua posse todos os analistas de "esquerda" previam uma retumbante derrota nacional do presidente alinhado com o "Consenso de Washington", porém ocorre exatamente o inverso e foi a oposição quem colheu um impressionante retrocesso eleitoral. A razão do "inesperado" êxito macrista embora não seja de simples explicação reside no fato do caráter histórico e contemporâneo da democracia burguesa, hoje um regime ancorado na manipulação midiática da população e na fraude direta do "sufrágio universal" pelos organismos estatais. Este elemento central da investigação Marxista sobre a conjuntura política é simplesmente ignorado pela totalidade da esquerda reformista que insiste em replicar, até à exaustão, sua fé inabalável na legitimidade das instituições republicanas. 


No caso concreto das prévias argentinas, a esquerda revisionista abrigada na FIT, só conseguiu "enxergar" que ultrapassou o piso mínimo de 1% exigido pelas "PASO", e que terá alguma chance de eleger um deputado nacional na eleição final de outubro. Fora da FIT, o MAS e o MST (conformaram o bloco "Esquerda a Frente pelo Socialismo") sequer conseguiram o piso mínimo de 1%, responsabilizando o oportunismo do PTS pelo seu fiasco eleitoral. Como é fácil constatar o eixo programático absoluto do revisionismo portenho está concentrado na disputa parlamentar, e nem lhe passa pela cabeça denunciar a grotesca fraude eleitoral em curso. Para a esquerda brasileira, que sonha com o retorno da Frente Popular a gerência do Estado capitalista nas eleições de 2018, deveria ficar a lição argentina: a burguesia nacional "elegerá" seu candidato preferencial ao Planalto a despeito do "sagrado" sufrágio universal da maioria da população do país.


terça-feira, 15 de agosto de 2017

MAIS UMA ENGANAÇÃO SOCIAL DEMOCRATA: "VAMOS" REPETIR A VELHA FÓRMULA REFORMISTA DE "DEMOCRATIZAR A ECONOMIA"?


O "VAMOS" surgiu causando um verdadeiro frisson na esquerda revisionista, particularmente nas tendências internas do PSOL, como o MAIS, INSURGÊNCIA, COMUNA e afins programaticamente. A nova articulação política impulsionada por Guilherme Boulos, do MTST, tem como referência teórica nada menos do que o "PODEMOS" espanhol (que convidou Boulos a conhecer seu projeto da "horizontalidade") e conta com o suporte de "estrelas éticas" do PT, entre as quais o ex-governador Tarso Genro, do senador Lindberg Farias e possivelmente até nos bastidores da ex-presidenta Dilma Rousseff. O PODEMOS, tão reverenciado pelos ecossocialistas do SU, se coloca no mapa da geopolítica europeia como o embrião ibérico do parceiro grego Syrisa, que tem sua gerência estatal plenamente aprovada pelo capital financeiro internacional. A versão "tupiniquim" do PODEMOS,o "VAMOS" tentando antecipar-se a uma possível impugnação de Lula em 2018, lança uma suposta plataforma econômica alternativa ao petismo, criticado pela inércia de suas gestões diante dos anacronismos nacionais. Contudo a coordenação do "VAMOS" foi bastante sincera ao declarar que seu "debut" está inteiramente condicionada ao cenário eleitoral de 2018, ou seja, caso Lula seja impedido pela justiça de disputar o Planalto. A despeito da "honestidade" eleitoral do "VAMOS", as correntes de esquerda revisionista do PSOL não deixam de sonhar com uma chapa Alencar/Boulos, que seria para estes cretinos a sublimação do "socialismo ético", embora com o mesmo programa burguês "nacional-desenvolvimentista" da Frente Popular. Vejamos então como pensa o "VAMOS" no principal tópico de seu programa, o econômico: "Nossa economia precisa se voltar para o desenvolvimento nacional e para servir aos interesses populares. Queremos um modelo de desenvolvimento que possibilite alimentos saudáveis e baratos, saúde e educação pública, moradia e transporte de qualidade, queremos uma economia organizada com base na solidariedade, no cooperativismo, na sustentabilidade e na integração regional do Brasil" (sitio do "VAMOS"). Não há sequer um mínimo "retoque" da velha e surrada tese socialdemocrata do "capitalismo sustentável", ou como os reformistas preferem: " A democratização do capital". Que Chico Alencar, Marcelo Freixo e C&A tenham um verdadeiro orgasmo político com tamanho engodo populista nenhuma surpresa, afinal são apologistas convictos da democracia burguesa como valor universal para toda a humanidade. Porém para forças políticas que ainda reivindicam formalmente a "revolução socialista", abraçar este amálgama de colaboração de classes do "VAMOS" é um escárnio ao legado Marxista. Os Trotskistas não combatem na trincheira da "democratização do capital", somos forjados na luta programática para demolir de forma violenta o Estado Burguês, erigindo a socialização da economia e sua planificação central através da Ditadura do Proletariado como um regime transitório em direção ao Socialismo. A revolução socialista (e por consequência o próprio socialismo) não virá como um "subproduto eleitoral", como desgraçadamente afirmam os charlatães reformistas do PSOL, será construída pela ação violenta das massas proletárias dirigidas por um partido Leninista. Fora desta perspectiva histórica, o que vemos são as antigas fórmulas fracassadas de "revigorar" o modo de produção capitalista com "mecanismos de participação popular". O PT, PSOL e agora o "new VAMOS", são apenas graduações políticas da Social Democracia (mais ou menos neoliberais), que em sua essência de classe, estruturalmente são partes integrantes das inúmeras variações políticas das classes dominantes que estão conduzindo o planeta para a porta da barbárie da economia mercantil. Nossa única alternativa em escapar da catástrofe capitalista anunciada continua a ser o Marxismo Revolucionário!

DIANTE DAS DEMISSÕES NA FORD: OCUPAR A FÁBRICA E CONVOCAR IMEDIATAMENTE A GREVE GERAL DOS METALÚRGICOS!


A Ford anunciou a demissão de 364 metalúrgicos em sua planta do ABC paulista. Eles serão demitidos nesta semana (segunda e terça-feira). Depois de mais de dois anos adotando o lay-off (suspensão temporária dos contratos), PPE (Programa de Proteção ao Emprego) e férias coletivas a fábrica decidiu, unilateralmente, demitir 364 pais e mães de família. Em resposta, os trabalhadores em assembleia votaram por unanimidade fazer a luta contra todas as demissões a partir da próxima quarta-feira. É necessário lutar pela reintegração de todos os operários. Só negociar alguns benefícios a mais na demissão não adianta, faz-se necessário ocupar a fábrica para barrar o conjunto das demissões, cerca de 15% dos trabalhadores da produção. Se no futuro a demanda sofrer novo aquecimento, os patrões vão incrementar ainda mais os ritmos de produção (aumento das metas) e a Ford contratará mão de obra terceirizada para suprir suas demandas recorrendo as medidas aprovadas pelo governo Temer no parlamento. A burocracia sindical da CUT que aceitou passivamente todas as medidas que levaram as demissões (lay-off, PPE e férias antecipadas) agora tardiamente definiu uma campanha contra as demissões na categoria somente para...14 de setembro, um mês após o ataque no Ford do ABC! Essa “unidade de ação” atrasada envolve representantes sindicais da CSP-Conlutas, CUT, CTB, Força Sindical, UGT e Intersindical, quando seria necessário convocar uma greve geral da categoria metalúrgica imediatamente, chamando a ocupação já da planta da Ford! Para barrar as demissões em massa é necessária, desde já, uma mobilização nacional, unitária e centralizada dos trabalhadores, baseada num programa operário e anticapitalista, capaz de defender os empregos através da greve com ocupação de fábrica. Para vencer, o proletariado precisa superar as direções sindicais. É preciso rechaçar as demissões, convocar pela base uma assembleia e deflagrar a greve com ocupação de fábrica, chamando a solidariedade de toda a categoria. É hora de resistir usando os métodos de luta da classe operária! Para a vanguarda classista e revolucionária este é o momento certo para apoiar fortemente a luta dos operários da Ford com toda solidariedade política e material e construir uma verdadeira oposição classista alternativa aos pelegos da CUT! Neste momento o programa de luta é a escala móvel de salários, onde os contratos coletivos de trabalho devam assegurar aumento automático dos salários, de acordo com a elevação dos preços dos carros e a escala móvel por horas de trabalho, para absorver a mão de obra metalúrgica desempregada. Ao mesmo tempo defendemos uma campanha nacional em solidariedade a luta dos operários para o cancelamento das demissões. Estatização da empresa sob controle dos trabalhadores e sem nenhuma indenização. Para que esta luta possa vencer é necessário superar a política de colaboração de classes da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. É fundamental para enfrentar a ofensiva dos patrões a retomada dos métodos de luta e ação direta, com assembleias massivas democráticas e greves unificadas para arrancar verdadeiros aumentos salariais e fazer avançar a consciência política da classe, a fim de aumentar o potencial de combate contra os seus inimigos de classe que têm imputado derrotas econômicas, sociais e políticas aos trabalhadores. Como sempre temos que enfrentar o perigo da CUT abrir mão da luta direta e da greve com ocupação de fábrica, único meio para barrar as demissões, para fazer acordos vergonhosos com os patrões!

NOVA ASSEMBLEIA DOS OPERÁRIOS DA FORD
QUARTA-FEIRA, DIA 16, ÀS 6H

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

NAZISTAS SAEM ÀS RUAS NOS EUA E ENFRENTAM O JUSTO ÓDIO DO POVO EXPLORADO: TODO APOIO A RESISTÊNCIA PROLETÁRIA EM SUA LUTA HEROICA CONTRA O RACISMO E O FASCISMO! CONSTRUIR MILÍCIAS DE AUTO-DEFESA PARA RESPONDER AOS ATAQUES DA “NOVA” KKK E DOS BANDOS REACIONÁRIOS!


A marcha de neonazistas ocorrida neste final de semana em Charlottesville (Virgínia), nos EUA, empunhando bandeiras com a suástica de Hitler e dos estados norte-americanos que lutaram contra o fim da segregação racial, escancara a tendência política de crescimento do fascismo com a eleição de Trump. Essa “nova” KKK, formada por alguns milhares de pessoas saiu às ruas da cidade inicialmente sob proteção policial. Exigiam a manutenção de uma estátua em homenagem a um dos símbolos da segregação racial e para expressar seu ódio contra negros, latinos, muçulmanos, LGBT's e os imigrantes em geral, uma pauta patrocinada pela Casa Branca e principalmente pelo Partido Republicano assim como pelo Tea Party. Um dos racistas atropelou propositalmente com seu carro manifestantes que repudiavam o evento reacionário, deixando pelo menos uma pessoa morta e vários feridos. Esse ataque neonazista foi respondido por centenas de pessoas, ativistas da Black Lives Matter e grupos antifascistas que se “armaram” de paus e pedras para deter a agressão covarde. O cínico Donald Trump declarou para a imprensa “condenamos nos termos mais enérgicos esta indignante manifestação de intolerância, ódio e violência por parte de muitos bandos”, omitindo que a marcha racista incitou as agressões. Desde a LBI deixamos claro que toda nossa solidariedade está incondicionalmente com o movimento negro, latino e das chamadas “minorias” que resistem a repressão estatal e aos bandos fascistas. Consideramos justa e legítima a reação ao ataque neonazista e avaliamos que a melhor forma de combater a ofensiva assassina da nova KKK e dos bandos fascistas apoiados pela polícia ou a violência desferida diretamente pelo aparato estatal comandado por Trump é a formação de milícias de autodefesa unindo trabalhadores negros e brancos contra a exploração e o racismo. Os ataques de claro conteúdo fascista e racistas estão em consonância com a época de ofensividade bélica e de reação ideológica preconizada pelo imperialismo ianque que Trump é porta-voz. Como não há um contraponto revolucionário a degradação de uma sociedade doente que recorre a um estado policial contra seu próprio povo, a humanidade tende a caminhar para a barbárie imposta pelo império decadente. Desgraçadamente, se não houver uma direção política que aponte uma saída comunista para os trabalhadores de todo o planeta, assassinatos racistas, carnificinas neonazistas e guerras genocidas acontecerão como norma de sobrevivência do regime capitalista senil. Como podemos observar, continua ascendente a tendência política de deslocamento à direita nos EUA, com o avanço do fascismo que questiona pela direita a representatividade da democracia burguesa. Este caminho está sendo pavimentado por um rebaixamento no nível de consciência das massas, um giro à direita no terreno da política e um retrocesso no campo da cultura que vem crescendo desde a queda contrarrevolucionária do Muro de Berlim e a vitória da restauração capitalista na URSS. Nesse sentido, é preciso alertar, preparar e organizar o proletariado e, particularmente, sua vanguarda mais combativa para um período de fascistização dos regimes e de mais aventuras militares neocolonialistas. Este processo reacionário está baseado em um profundo retrocesso na consciência do proletariado (apesar do revisionismo do trotskismo caracterizar que “revoluções” estão pipocando em todo o planeta) e somente pode ser barrado com a resistência operária e popular aos planos do imperialismo, apontando a Ditadura do Proletariado como alternativa revolucionária à crise do capital e seu regime político senil, o que para os comunistas se materializa por erguer em alternativa ao fascismo ascendente. A materialização deste longo e paciente combate passa pela construção de um partido internacionalista e revolucionário que lute por derrotar o imperialismo ianque, sob a qual a vida das massas converte-se em uma bárbara escravidão. Sem a intervenção do proletariado nesta conjuntura fascistizante em defesa da liquidação deste estado policial e pela liberdade imediata dos negros e trabalhadores encarcerados, o capitalismo não se extinguirá, nem cairá de podre, ao contrário, arrastará a humanidade para a barbárie. Estamos vendo a volta com força do fascismo ianque em escala interna e planetária. Para que não se repitam novas cenas sanguinárias dentro e fora dos EUA, somente a ação revolucionária do proletariado mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu próprio projeto de poder socialista!

domingo, 13 de agosto de 2017

AGOSTO DE 1945 - LANÇAMENTO DA BOMBA ATÔMICA EM HIROSHIMA: UM ATAQUE TERRORISTA DO IMPERIALISMO IANQUE PARA IMPOR A SUA NOVA ORDEM MUNDIAL


Na manhã do dia 6 de agosto de 1945, sob as ordens do presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, a bomba atômica de urânio é detonada a 600 metros de altura nos céus da cidade de Hiroshima. Em segundos, mais de cem mil vidas humanas foram exterminadas. Em torno do centro do impacto da explosão, tudo fora reduzido a cinzas e escombros. Três dias depois, uma segunda bomba de plutônio era jogada sobre Nagasaki, provocando cerca de 80 mil vítimas fatais. Este foi o macabro resultado de três anos de desenvolvimento da tecnologia nuclear sob a égide do capitalismo, conhecido como “Projeto Manhattan”, criado em 1942 e dirigido pelo físico norte-americano Julius Oppenheimer, em Los Alamos. O imperialismo ianque concentrou todos os seus esforços para desenvolver a bomba atômica com o objetivo de superar os alemães, que supostamente estariam desenvolvendo esta tecnologia. Não por coincidência, o “Projeto Manhattan” começou a ser desenvolvido pouco antes da URSS dar início à sua ofensiva contra as tropas nazistas em território russo. O Exército Vermelho passa à ofensiva militar a partir de novembro de 1942, esmagando heroicamente as unidades alemãs e se dirigindo rumo ao Ocidente. Três anos depois, no dia 8 de maio de 1945, a Alemanha se rende incondicionalmente. Os ianques assimilaram muito bem a derrota nazista, pois Hitler, conforme pensavam os estrategistas do Pentágono, havia subestimado a força do Exército Vermelho. Era necessário agir o mais rápido possível. Derrotada a Alemanha, de 17 de julho a 2 de agosto de 1945 são realizados os “Acordos de Potsdam”, através dos quais foram definidas as zonas de ocupação do território alemão pelas tropas imperialistas e pela URSS. Neste período, o Japão ainda arrastava-se em frangalhos na guerra. O Japão, um país imperialista, entra na guerra com o objetivo de apoderar-se do petróleo e dos recursos minerais do Sudeste Asiático. Desde a década de 30, tropas japonesas invadem a China, e impuseram seu domínio sobre a região da Manchúria, onde promoveram o massacre de 350 mil chineses na tomada da cidade de Nanjing, em 1937. Seu expansionismo imperialista visava ainda o domínio sobre a Coréia e importantes ilhas do Pacífico, região controlada por bases militares norte-americanas. Penetrar nesta região implicava declarar guerra aos EUA, o que aconteceu em 7 de dezembro de 1941, com o ataque japonês a Pearl Harbor, abrindo, assim, um confronto interimperialista.


Em junho de 1942, o Japão é vencido na “Batalha de Midway” e os EUA dominam esta região do Pacífico, assinalando praticamente a derrota japonesa na guerra. Com a guerra total, declarada pelos EUA, as indústrias japonesas foram aniquiladas, não havia matérias-
primas, nem produção de armamentos, nem como prover o exército com alimentos. As principais cidades, incluindo a capital Tóquio, estavam em ruínas, destruídas por pesados bombardeios. Em Potsdam, o imperialismo ianque já havia tomado a decisão de detonar a bomba atômica no Japão. A reunião serviu para dissimular e medir as forças do real inimigo, o Estado operário soviético, que se tornara uma ameaça ao domínio capitalista na Europa.