segunda-feira, 27 de março de 2017

FIASCO DO 26M: CICLO POLÍTICO EM FORTE BAIXA DA DIREITA É REFLEXO DO ESGOTAMENTO PRECOCE DO GOLPE E DA "RESSURREIÇÃO" DO PT E DE LULA


Menos de dez mil pessoas em todo país saíram às ruas neste último domingo para apoiar a marcha da direita patrocinada pela "República de Curitiba" e seus apêndices fascistas. Foi um duro golpe nas pretensões palacianas do justiceiro Moro, logo às vésperas da audiência com o ex-presidente Lula no próximo 3 de maio. O fiasco não foi propriamente uma surpresa, desde a posse de Trump e o assassinato do ministro Teori, Moro tem encontrado dificuldades de convergir todos os setores burgueses do país em sua escalada política de instaurar um regime bonapartista em substituição ao velho modelo de "colaboração de classes" hegemonizado pelos governos do PT nos últimos 13 anos. Como a Casa Branca parece ainda não ter "dono", Moro se sente inseguro para contar com o apoio integral do imperialismo ianque em sua "cavalgada" ao poder . O golpe parlamentar contra Dilma foi bem sucedido com a decisiva impulsão da "República de Curitiba", também avançaram rapidamente medidas neoliberais agressivas iniciadas ainda pelo então ministro Joaquim Levy, porém no plano da tática de como formatar o novo governo pós Temer há um grande impasse no seio das classes dominantes. Se é um fato objetivo que o golpista Temer "derrete" a cada passo de seu governo, também é fato que não há consenso na burguesia sobre o que colocar em seu lugar. Em resumo o "salvador da pátria" Moro já não é mais uma "unanimidade nacional", e este 26M foi uma prova cabal desta nova realidade. Em contrapartida a fênix do PT renasce com toda força nas asas de um Lula confiante que voltará ao poder diante do pântano econômico em que o Brasil está submerso. Nós da LBI nunca estivemos entre aqueles que decretaram o "fim do ciclo histórico do lulismo", nem mesmo nos momentos de maior ascensão da direita golpista pró impeachment, as próprias mobilizações ocorridas ainda em 2015 e 2016 em apoio a permanência de Dilma revelaram que o cacife político do PT estava muito longe de chegar ao fim. O que realmente se esgotou foi o ciclo estatal da Frente Popular, baseado na bolha de crédito e no "boom" das comodities agro-minerais no mercado internacional. Aqueles no interior da esquerda que pensavam que uma simples votação de Freixo na disputa da prefeitura do Rio (garantindo sua ida ao segundo turno) representava a superação definitiva do PT, devem estar apreensivos com a absoluta "preferência popular" por Lula em 2018. As manifestações do último dia nacional de luta (15M) puderam aferir o fenômeno político que o PT representa na esquerda. Entretanto este "recall" político do PT não garante inexoravelmente a vitória de Lula, pelo simples fato de que não possa apresentar um projeto econômico para a burguesia nacional como fez em 2002. As reformas neoliberais exigidas pelo capital financeiro ainda tem um longo caminho a percorrer e Temer se mostra completamente incapaz de concluir a "encomenda" apenas em seu mandato tampão. Lula é refém dos rentistas do mercado a quem serviu muito bem em seu governo, e o máximo que poderá garantir para a burguesia é a contenção do movimento de massas no marco da institucionalidade capitalista, neste sentido sua vaga de "segundo colocado" na disputa eleitoral parece assegurada. Porém a burguesia busca um plano para sair da recessão em uma situação econômica internacional completamente desfavorável, no momento o único lastro confiável são os EUA, que não pretende apostar mais suas fichas na esquerda burguesa latino-americana. Neste impasse de "alternativas" para uma nova gestão estatal segura para o capital, Moro (provavelmente lançado pela REDE) e o tucano Alckmin devem ser os possíveis adversários eleitorais da Frente Popular, enquanto Lula cumpre o papel de disseminar as ilusões no movimento social de sua vitória garantida em 2018. O PSOL caminha no fio da navalha entre apoiar o PT ou lançar uma candidatura "laranja" para favorecer a direita na briga pelo Planalto, embora as tendências de "esquerda" do partido prefiram esta segunda opção. Para os Marxistas Revolucionários o impasse político da direita burguesa deveria ser aproveitado com uma ofensiva independente do movimento operário e popular, sem ilusões eleitorais e com o foco voltado na construção de uma alternativa de poder socialista do proletariado. A preparação de uma "GREVE GERAL PRA VALER" é o primeiro passo para derrubar o governo golpista, abrindo caminho não para as eleições e sua carcomida democracia dos ricos, mas sim para a revolução!