terça-feira, 17 de janeiro de 2017

HÁ 09 ANOS, ANTES MESMO DO FINAL DAS PRIMÁRIAS DEMOCRATAS DE 2008, A LBI FOI A PRIMEIRA CORRENTE POLÍTICA A DENUNCIAR O VERDADEIRO CARÁTER REACIONÁRIO DE UM FUTURO GOVERNO OBAMA: UMA ANÁLISE MARXISTA DA GERÊNCIA DE UM NEGRO COMO CHEFE DO IMPERIALISMO MUNDIAL QUE ABRIU CAMINHO PARA A ASCENSÃO DO XENÓFOBO TRUMP!


No final desta semana Obama deixará a presidência dos EUA após 8 anos de governo dando lugar ao Republicano xenófobo Donaldo Trump na Casa Branca. O "falcão negro" deixou um legado de guerra na Líbia e Síria, travestida de apoio ao farsesca "Revolução Árabe", aprofundou a rapina das semicolônias e já no final de sua gestão incrementou a política de reação democrática com relação a Cuba e em apoio ao "Acordo de Paz" com as FARC na Colômbia que tem levado a paulatina rendição da guerrilha. Antes mesmo do início de seu primeiro mandato de Obama, já no começo de 2008, a LBI denunciava a operação política nos EUA para levar o primeiro negro a chefe do imperialismo mundial. No final de janeiro de 2008, antes das primárias da “super-terça”, realizadas em 05 de fevereiro, quando Hillary Clinton mantinha um largo favoritismo sobre os demais adversários de partido a LBI prognosticou a vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais dos EUA. Nosso prognóstico confirmou-se plenamente com a votação propriamente dita nas urnas. Esse acerto político tremendo demonstrou a superioridade da análise marxista revolucionária sobre a “cobertura jornalística” feita pelas organizações centristas e liberais pequeno-burguesas. Não fizemos uma "simples" projeção eleitoral, mas caracterizamos já no começo de 2008, quando ninguém ousava fazer, que o imperialismo necessitava de Obama como elemento indispensável diante da enorme polarização social que vive os EUA, submerso em uma descomunal crise econômica. A candidatura do democrata negro representava uma tentativa desesperada das classes dominantes de cooptarem as direções do proletariado e das massas pela via eleitoral e da institucionalidade burguesa. O imperialismo agiu preventivamente para descomprimir a tendência latente de ação direta dos explorados, frente à conjuntura que sinaliza claramente um período de agudos enfrentamentos de classe no coração do monstro imperialista.

Nesse sentido, a LBI apontou que consistia em uma fórmula comum preventiva para conter a rebelião das massas a cadeia política de governos que se iniciou com Lula no Brasil, passando por Tabaré Vasquez no Uruguai, Evo Morales na Bolívia, pela própria confirmação de Chávez na presidência da Venezuela, assim como a eleição da Frente Sandinista convertida a gerente capitalista na Nicarágua e depois na ascensão do bispo "progressista" Lugo no Paraguai. Esse ciclo chegou a seu ápice com o negro Obama sagrando-se presidente do próprio EUA, recorrendo na maior potência imperialista do planeta ao mesmo programa contra-revolucionário de corte social que marca a gestão de seus pares, ícones da centro-esquerda burguesa em seus países. Por essa razão, fomos a primeira organização política a dizer que, através do democrata negro, o imperialismo trataria de cobrar a conta de sua espetacular crise econômica aos trabalhadores e oprimidos do mundo e que todas as vazias promessas de campanha por "mudanças" iriam ser recheadas com uma política que incorporaria as medidas essenciais da ofensiva imperialista que marcaram a era Bush.

O "grande diferencial" é que para dissimular as novas investidas antioperárias em meio a uma situação que tende a ser mais desfavorável ao seu domínio, a grande burguesia arranjou um carniceiro "com cara de povo". Em um artigo intitulado "Em meio ao colapso financeiro surge a nova onda Barack Obama" onde destacávamos que "Mais uma vez a esquerda reformista cai no conto da ala democrática do imperialismo ianque" explicamos porque precisavam de um Lula ianque.  Durante uma recessão já instalada, mas ainda longe de seu pior momento, a miséria da população trabalhadora cresce como nunca antes no país mais rico do planeta. Desde o início do ano de 2008, quase um milhão de pessoas perderam o emprego no país. Sete mil moradores são despejados por dia, 750 mil foram despejados de janeiro a setembro, podendo, dentro desta cifra, chegar a um milhão. Quase 50 milhões de estadunidenses não possuem plano de saúde e agora tem de escolher entre comer, pagar a moradia ou comprar seus medicamentos. Diante deste quadro e apesar dele, Barack Obama deu mais uma prova irrefutável de sua fidelidade aos grandes magnatas controladores da economia mundial ao cerrar fileiras com Bush e McCain para aprovar todas as medidas de premiação dos especuladores que atingem a marca dos trilhões de dólares. O próprio Obama já tratou de avisar aos mais incautos que a crise fará reavaliar as metas de seu então nebuloso plano de governo que prometia reduzir os impostos, criar empregos, investir em programas assistencialistas e ampliar o sistema de saúde para os mais pobres.

Obama, como presidente dos EUA foi, de fato, responsável pelo governo do planeta, dado ao controle da economia mundial pelo imperialismo. Nos EUA e em todo o mundo as massas foram duramente castigadas por esta crise e obrigadas a baterem-se pelos suas mais elementares condições de vida. A pergunta que se fez à época foi como um negro foi eleito presidente no país mais racista do planeta, onde os negros são 13% da população e 60% dos presidiários? Ou como pode um país que elegeu Bush por duas vezes e depois eleger Obama, levando em conta o sistema eleitoral fraudulento ianque? A pergunta foi: como, em meio à crise financeira mundial iniciada em 2007, o imperialismo poderia redobrar a exploração e opressão imperialistas mundiais diante da deterioração acelerada da situação da classe trabalhadora nos EUA e do crescente ódio dos povos oprimidos contra o imperialismo ianque? Obama não apareceu como uma alternativa do imperialismo, mas como a única alternativa imperialista possível. O plano populista de Obama foi uma ação preventiva do imperialismo diante de sua própria crise financeira. O grande capital não poderia obrigar as massas a pagarem a altíssima conta da crise mundial sem aprofundar a exploração e a opressão do proletariado do planeta. Para tanto, foi preciso criar uma imensa expectativa de mudança na classe trabalhadora dos EUA e nos povos oprimidos do planeta em relação à era Bush - e seus sucessores republicanos da chapa de extrema direita militar e religiosa de McCain/Palin - e também em relação a um governo democrata tradicional capitaneado pelo clã dos Clinton. O senador negro cumpriu com maestria este papel...mas agora irá assumir Trump com uma linha ainda mais racista e xenófoba no terreno interno.

Obama foi um investimento da classe dominante. Teve a campanha mais cara de todas as campanhas presidenciais já realizadas no planeta. Ele recebeu o apoio dos trilhardários especuladores de Wall Street, do lobby sionista representado pela AIPAC, da grande mídia, da indústria do entretenimento e os democratas deverão ter maioria nas duas Casas do Congresso. Em outras palavras, dispôs de um capital político junto às massas estadunidenses, à grande burguesia mundial e aos governos da quase totalidade das nações do planeta para dar a saída imperialista para a crise financeira, resguardando a condição hegemônica dos EUA no plano militar e econômico.

As demandas da crise financeira mundial encurtaram a lua-de-mel de Obama com seus eleitores e apoiadores nos EUA e fora dele, crentes nas mudanças. Antes mesmo de sua posse denunciamos que suas mudanças seriam pior em relação até o próprio governo dos neoconservadores republicanos. Roosevelt só curou as feridas do crash de 1929 na economia ianque e fez o país dar um salto de qualidade para primeira potência mundial com a II Guerra. E o principal fator propulsor a que Bush desencadeasse sua política belicista contra os povos oprimidos foram as demandas da crise de 2000-2001 que levou à lona a tão propalada nova economia que teve seu apogeu no governo Clinton. É certo que os vínculos mais estreitos entre a antiga administração da Casa Branca (Bush) e o complexo militar industrial facilitaram os trâmites, mas já não é segredo para nenhum eleitor de Obama hoje que o democrata aumentou e expandiu a ofensiva militar imperialista a partir do Afeganistão, basta ver a realidade na Síria, Líbia... O senador de Illinois estimulou a guerra. Como ele próprio já declarou, ainda como candidato, foi mais pragmático que Bush. O próprio Pentágono antes dele assumir há 08 anos como ensaio e como modelo de transição para o novo mandatário, por em curso uma escalada crescente de ataques a aldeias miseráveis, redutos da resistência antiimperialista já organizada ou não, e escaramuças fronteiriças e sem aviso prévio à Síria e ao Paquistão.

Não tardou muito e logo as promessas eleitorais da campanha presidencial dos EUA por aliviar a crise social (habitação, salários, saúde, pauperização das classes médias) no âmbito interno, e de retomar a política de "boa vizinhança" no externo, forma simplesmente abandonadas e o candidato da mudança recorreu ao tacão de ferro para conservar o domínio ianque sobre o mundo. Obama reciclou medidas fascistóides de Bush como o "Ato Patriota" para impor ao proletariado estadunidense a conta pela socialização dos custos da crise. Investir na guerra foi a saída imperialista para o crash financeiro. O novo mandatário, a exemplo do que efetivamente possibilitou a recuperação do país na crise dos anos 30 e em todas subseqüentes, investiu ainda mais nas forças destrutivas. Como também é evidente que a "recuperação" requereu uma ofensiva belicista e uma repressão interna nos EUA correspondente à diferença das crises de 2000-2003 e 2008.

Os primeiros a sentir o porrete da nova situação de fascistização dos EUA foram os trabalhadores latinos ilegais, perseguidos pela xenofobia crescente e seguramente responsabilizados pela crise cada vez que ela se assenta mais, apesar de já serem o setor mais explorado da sociedade ianque. Por mais estupidificada que esteja por suas direções sindicais e políticas pró-establishment, as massas estadunidenses forma as ruas contra os despejos, as demissões e os crimes rascistas. Mas sem livrar-se da influência ideológica do imperialismo democrata o proletariado não conseguirá evitar a catástrofe que o ameaça. Para isto tem que superar as ilusões burguesas nas candidaturas marginais do imperialismo que foram representadas nas seguidas por Ralph Nader, Cynthia McKinney e mais recentemente Bernnie Sanders.

Agora a ofensiva neoliberal do imperialismo assume contornos mais ácidos e terá com a presidência de Trump um recrudescimento fascista em todo o globo, com uma boa dose de racismo. No plano interno dos EUA abre-se uma etapa de profunda turbulência política, não podendo ser descartada que a vitória de Trump represente apenas um trampolim para um próximo governo nazista do Tea Party. Os Republicanos tendem a se dividir com uma plataforma ultra nacionalista anunciada por Trump, podendo desta forma antecipar a ruptura de sua ala direitista sob as bênçãos do novo presidente da república. A Rússia e Putin ganham um certo tempo no confronto militar internacional, já que Trump deve voltar-se no primeiro momento para um ataque a Venezuela e possivelmente Cuba, retribuindo o apoio recebido pelos "gusanos". Entretanto o acordo nuclear com o Irã deve ser cancelado imediatamente, seguindo as promessas de campanha de Trump, reacendendo um confronto bélico de proporções nucleares no Oriente Médio. A ascensão de Trump no lugar do negro Obama entrará na história mundial da luta de classes como um marco de inflexão em que a própria burguesia imperialista ianque perdeu o controle político dos ritmos da crise estrutural do capitalismo, o que poderá acelerar a marcha da barbárie social que se avizinha. Como governo de Obama chegando ao fim e assumindo Trump reafirmamos que a organização política genuína e internacionalista dos trabalhadores dos EUA com seus irmãos de classe do resto do mundo oprimido só poderá ser feita pela construção de um genuíno partido da IV Internacional no coração do monstro imperialista.