quinta-feira, 20 de outubro de 2016

TRUMP, ANTECIPADAMENTE DERROTADO, DENUNCIA A FRAUDE ELEITORAL NA MAIOR "DEMOCRACIA DO MUNDO OCIDENTAL"

O último debate entre os candidatos a presidência dos EUA realizado na noite desta quarta-feira (19.10) foi marcado pela grave denúncia feita por Donald Trump de que estava em curso uma fraude eleitoral para garantir a vitória de Hillary Clinton. Antecipadamente derrotado, o magnata da hotelaria mundial e palhaço no circo eleitoral (abandonado pelo próprio comando do Partido Republicano) conhece bem as entranhas do poder burguês no coração do monstro imperialista e disse textualmente como estava sendo consumada a fraude na “maior democracia do mundo ocidental”: “É óbvio que está em curso uma ampla fraude no voto antes e durante a eleição. Por que os líderes republicanos negam o que está acontecendo? Que ingenuidade!” Segundo ele, a grande mídia garantia notícias diariamente sempre favoráveis a “Madame” Clinton, enquanto milhares de pessoas que não constavam na listagem oficial estavam sendo cadastradas de última hora nos condados para engordar os votos da Democrata com o aval das lideranças republicanas. Trump também denunciou que as petromonarquias árabes, Israel e as grandes corporações estavam financiando com bilhões de dólares a campanha de Hillary para ela levar a cabo a guerra contra a Síria. Ele concluiu que esse consórcio integrado pela mídia, o grande capital e a fraude na urna propriamente dita estava alterando o resultado eleitoral, impondo-lhe uma derrota com uma margem de 7% dos votos. Na média das pesquisas anteriores ao debate Hillary venceria no voto popular por 48,6% a 42,1% , já no Colégio Eleitoral essa vantagem seria maior de 333 a 205. Trump chegou a pedir a seus simpatizantes que monitorassem os locais de votação para identificar os aspectos mais visíveis da fraude eleitoral. Segundo sondagens, 41% dos eleitores – e 73% dos republicanos – acreditam em uma possível fraude eleitoral em favor da candidata democrata. A grave denúncia de Trump rapidamente conseguiu unificar toda a mídia corporativa e o establishment ianque para condenar a "inadmissível irresponsabilidade" do candidato republicano. Ocorre que nos EUA a organização das eleições está a cargo dos Estados e das instituições locais, majoritariamente controlados pelo Partido Republicano. Uma fraude maciça só poderia acontecer com sua cooperação. A denúncia de Trump implicaria que os Republicanos participarão de uma fraude contra seu candidato e em favor de Clinton, daí o motivo da “pergunta” de Trump no debate. Como a denúncia parte de um burguês bilionário que está provando na própria pele a fraude em pleno EUA trata-se de fato de grande importância política que não pode ser creditado apenas a um “desespero” de final de campanha, como querem passar seus adversários e outros “adoradores da democracia” no interior da esquerda reformista. Até porque esse “método” farsesco de garantir os candidatos preferenciais do imperialismo ianque via fraude eleitoral é importado para todo o planeta, tendo o Brasil seu principal laboratório com a urna eletrônica sem a impressão física do voto, o que impede inclusive a recontagem e pode ser manipulada através de um software. Apesar da insistência do “mediador” âncora Chris Wallace, da Fox News que afirmou peremptoriamente em tom de “pergunta” que o derrotado deve aceitar a vitória de seu adversário, Trump disse que achava que não iria aceitar os resultados finais: “Não estou avaliando nada agora. Vou olhar na hora”, disse. Pressionado mais uma vez, afirmou “O que estou dizendo agora é que vou dizer na hora. Vou mantê-los em suspense, ok?”. É a primeira vez que um candidato de um dos dois grandes partidos norte-americanos assume essa atitude em um debate de TV, o que deixou a Democrata bastante irritada. Sua “irritação” não se trata apenas de uma questão eleitoral doméstica, com a denúncia do Republicano fica cada vez mais claro aos olhos de qualquer “cidadão comum” como funciona o farsesco circo eleitoral da democracia burguesa voltado apenas a garantir os interesses políticos e econômicos das grandes corporações, dos rentistas e do complexo industrial-militar, que no grosso apoia a víbora Clinton independente do resultado "real" do sufrágio eleitoral. A madame Clinton que compartilha da política burguesa norte-americana há várias décadas conhece bem todos os mecanismos que determinam a fraude em favor de uma das alas do "grande partido ianque" em função da necessidade conjuntural das classes dominantes. Não precisa ir muito longe na história para aferir a aberrante fraude que derrotou o então candidato democrata Al Gore no ano de 2000, neste período a burguesia ianque necessitava de um "falcão agressivo" para levar adiante a invasão do Iraque, a escolha recaiu de forma determinada (para além da vontade popular) sobre o republicano George W. Bush.

O tema da fraude eleitoral vem ganhando tanto importância no país que Obama foi forçado a se pronunciar. Ele fez duras críticas às denúncias “sem precedentes” e “irresponsáveis” do Republicano e ressaltou que nunca tinha visto em sua vida um candidato à presidência “tentando desacreditar” as eleições antes mesmo da votação, algo sem precedentes na história política moderna. Obama declarou “Uma das melhores coisas da democracia americana é que, quando uma disputa política termina, mesmo que seja implacável, historicamente a pessoa que perde parabeniza o vencedor. Assim é como a democracia sobrevive, porque é algo mais importante que qualquer campanha individual”. No mesmo sentido, o presidente da Câmara dos Representantes, o Republicano Paul Ryan, se pronunciou “Nossa democracia se baseia na confiança nos resultados eleitorais, e confiamos plenamente que os Estados conduzirão esta eleição com integridade”. Essa cantilena comum entre Obama e a direção do Partido Republicano contra as posições de seu próprio candidato reforçam ainda mais as denúncia de Trump. Mais do que isso, revelam a necessidade comum da classe dominante de conjunto de defesa da “democracia” como forma de regime político para melhor controlar as massas, fraudando se necessário a soberania do sufrágio universal para impor os interesses que melhor servem ao imperialismo e suas alas, que mesmo divididas formam um partido único imperialista.

As denúncias de Trump levaram a comparação imediata com o candidato democrata Al Gore nas eleições de 2000. O Partido Democrata pediu a recontagem dos votos em três distritos na Flórida, que era governada pelo irmão de seu adversário, Jeb Bush. Gore havia derrotado George W. Bush na votação popular nacional por 543.895 votos, mas perdera na Flórida por 537. Mesmo assim, quando a Suprema Corte derrubou a recontagem, por 5 votos a 4, ele reconheceu a vitória de Bush, pedindo ao partido para não entrar com novas ações. Mas agora a situação é substancialmente diferente. Trump está, de antemão, colocando em suspeição a lisura do sistema eleitoral americano. Não existem muitos precedentes de candidatos de um grande partido que, de forma explícita e pouco antes da jornada eleitoral, minem abertamente confiança no processo que os levaria à Casa Branca. Esse fato tem deixado os comandos dos Partido República e Democrata muito irritados, desaprovando em uníssono tais denúncias que descortinam o real funcionamento da democracia dos ricos. Já derrotado e no papel de franco atirador abandonado pelo comando do próprio Partido Republicano, o palhaço do circo eleitoral está revelando os “segredos” do imperialismo, o que tem deixado os outros barões da mídia e a alta burguesia “sem graça”.

Cabe aos Marxistas Revolucionários que obviamente não nutrem qualquer simpatia por nenhuma das candidaturas imperialistas aproveitarem o debate aberto nas “alturas”, nas entranhas do monstro imperialista, para denunciar a fraude do sistema eleitoral ianque, vendido ao mundo como “modelo de democracia” mas que na verdade não passa de um grande teatro de manipulação burguês. A “maior democracia do mundo ocidental” não passa de uma farsa, manietada pela grande mídia, as corporações e agora produto da fraude diretamente nas listagens eleitorais para garantir o gerente mais fiel a seus interesses. Trump e Hillary são dois lados da mesma moeda, tanto que o Republicano nesse último debate, já se pronunciando como derrotado, recuou de suas posições anteriores sobre a Síria e a Líbia, quando chegou a denunciar a Democrata como “senhora da guerra”. Defenestrar as duas alas do partido burguês único do imperialismo ianque, continua a ser a tarefa nodal de todos aqueles militantes internacionalistas que sabem honrar o legado programático do genuíno Trotskismo! Nessa senda, defendemos o boicote ativo ao circo eleitoral da democracia dos ricos no coração do monstro imperialista, que agora encontra-se mais desmoralizado do que nunca! Somente por essa via forjaremos a construção de partido revolucionário internacionalista, resgatando as melhores tradições de luta classista e anti-imperialista do proletariado norte-americano!