sexta-feira, 7 de outubro de 2016

PSTU ANUNCIA APOIO A FREIXO PARA “DERROTAR A DIREITA”: UM ABRUPTO GIRO OPORTUNISTA EM DIREÇÃO A “FRENTE DE CENTRO-ESQUERDA” BURGUESA FORMADA PELO PSOL, PT, PCdoB, PSB E REDE

Para justificar sua decisão de não coligar com o PSOL no 1º turno destas eleições municipais, o PSTU afirmou que uma vitória eleitoral do PSOL não seria do ponto de vista do Marxismo Revolucionário um avanço para a luta do proletariado pelo socialismo, seus textos explicaram que um triunfo dos candidatos sociais-democratas do PSOL geraria uma profunda decepção entre a vanguarda classista e os trabalhadores porque daria lugar a gestões baseadas em uma política de colaboração de classes, como foram as administrações petistas. Os artigos publicados pelo PSTU não nos deixam mentir: “Nós só alertamos: o PSOL segue os mesmos passos do PT. Pode obter êxitos eleitorais? É muito provável. No entanto, esta não é a solução da crise da esquerda brasileira provocada pela degeneração e traição do PT. Ao contrário, é o caminho seguro para uma decepção ainda maior e mais rápida” (Polêmica: Quais são os princípios do PSOL nas eleições?, 12.09). Eis que agora, no 2º turno, o PSTU decidiu se jogar de cabeça pela vitória eleitoral de Marcelo Freixo no Rio de Janeiro. Esquecendo completamente o que escreveu, a direção Morenista declara “Tivemos a tática de lançar a candidatura de Cyro Garcia e Marília Macedo no 1º turno. Agora daremos nosso voto crítico em Marcelo Freixo para enfrentar o bispo e acompanhar o movimento que os setores mais conscientes de nossa classe fará neste 2º turno. Entraremos com nossa militância e não mediremos esforços nessa luta eleitoral contra Crivella” (PSTU declara voto crítico em Marcelo Freixo no 2º turno, 05.10). Como assim “não mediremos esforço nessa luta eleitoral para eleger Freixo” se até ontem uma vitória do PSOL era “o caminho seguro para uma decepção ainda maior e mais rápida”? Cabe a cúpula do PSTU explicar essa mudança drástica de “tática” que vem desmoralizando sua militância de base: o PSTU migrou em menos de um mês de uma posição de adversário da suposta “Frente de Esquerda Socialista” no 1º turno a aliado da “Frente de Centro-Esquerda” burguesa encabeçada por Freixo no 2º, que já conta com o apoio do PT, PCdoB, Rede, PSB... Até “ontem” o PSTU criticava duramente o programa “reformista” do PSOL e a busca de coligações com a Rede ou o PPL ainda no 1º turno, tanto que lançou candidaturas próprias em todas as capitais e nas principais cidades em nome da independência de classe, por não aceitar o financiamento pelos capitalistas, enfim por uma série de “critérios políticos e programáticos revolucionários”. Especificamente no Rio de Janeiro, o PSTU justificou seu não apoio a Freixo ainda no 1º turno desta forma “O programa apresentado pelo pré-candidato Freixo, ‘se a cidade fosse nossa” ou, como apresentado a nós em reunião, ‘por uma cidade mais barata’ segue a mesma lógica do PT de ‘governar para todos’. Não adianta apresentar um programa palatável que não rompe com bancos, grandes empresas e esse sistema corrupto, e repetir a tragédia dos governos do PT”. Então porque agora o PSTU deseja ajudar a repetir a “tragédia dos governos do PT”? Qual a grande razão que fez o PSTU mudar de posição tão drasticamente e não defender o Voto Nulo? Pelo que parece o PSTU decidiu apoiar Freixo para se juntar a seus novos aliados burgueses de centro-esquerda (e outros nem tanto como o PSB-REDE) na luta por...“derrotar a direita, enfrentar Crivella”. Mas o próprio PSTU já criticava abertamente essa tática eleitoral de “unidade da esquerda contra a direita” reivindicada por Freixo logo no início das eleições. Na época o PSTU denunciava que “Infelizmente, no dia 3 de junho, realizou-se reunião entre o pré-candidato Freixo com os pré-candidatos Jandira Feghali (PCdoB) e Alessandro Molon (Rede), lideranças partidárias e movimentos sociais para discutir alternativas para o Rio de Janeiro e firmar acordo que foi sintetizado no texto intitulado ‘Sobre a União das Esquerdas’. O pré-acordo firmado por Freixo, projetando uma eventual aliança com PCdoB e Rede, demonstra que o pré-candidato do PSOL não medirá esforços para chegar ao segundo turno, repetindo a mesma lógica que degenerou o PT” (Nenhuma aliança com Molon (Rede) e Jandira (PCdoB)!, 22.06). Ao que parece o PSTU aliou-se a Freixo e seus parceiros da REDE, PSB, PT, PCdoB... em sua “lógica” de ampliar o leque de alianças para se eleger a qualquer custo. Sem dúvida essa capitulação vergonhosa ao PSOL vai gerar mais crise no PSTU. Em resumo, depois de ser acusado (com direito a todo tipo de impropérios impublicáveis) pelo PSOL e seu satélite MAIS de ter boicotado a “Frente de Esquerda Socialista” em todo país, chamado de sectário incurável, seita esquerdista etc... ter sido violentamente criticado por não dar seus “preciosos” votos para alcançar o coeficiente eleitoral e assim garantir a eleição de Amanda Gurguel em Natal ou Ailton Lopes da Insurgência em Fortaleza, o PSTU cede a pressão dos satélites do PSOL  e declara apoio a Marcelo Freixo no segundo turno do Rio de Janeiro!!!. Desta forma, o PSTU volta a sua política tradicional de ser satélite do PSOL.

Não durou muito sua conduta correta de criticar abertamente o PSOL, suas alianças burguesas, seu financiamento eleitoral por empresas e seu programa socialdemocrata de “melhor gestor” do capital. Lembremos que com relação à Freixo, o PSTU dizia até antes das eleições que “Marcelo Freixo recebe dinheiro de empresas, como a empresa responsável pela demolição da Vila Autódromo, em 2012, aponta para o mesmo caminho do PT”. O que mudou agora? Nada, pelo contrário, esse curso de degeneração se aprofundará! O PSOL irá ampliar suas relações políticas e materiais (financeiras) com a burguesia, seus partidos da ordem e doadores capitalistas. O apoio da Rede, Molon, do PSB aecista de Carlos Sequeira, Lindbergh Farias (PT), Jandira (PCdoB) e outros indicam que o mesmo caminho trilhado pelo PT de colaboração de classes e relações corruptas com a burguesia se aprofundará!!! A direção do PSTU sabe de tudo isso perfeitamente, mas não quer “pagar o preço” do isolamento político, não deseja mais uma vez ser chamada de “seita imunda” pelos militantes do PSOL e do MAIS, prefere apoiar uma candidatura social-democrata de “esquerda”! Essa tarefa principista, como nos ensinou Trotsky, são para os verdadeiros leninistas que não cedem à pressão da “opinião pública” progressista, estão dispostos remar contra a maré para manter sua independência de classe. Aqui não está em jogo apenas uma “tática eleitoral”, mas sim um programa geral de independência de classe diante do reformismo e da social-democracia, não por acaso essa polêmica foi um dos temas que levou a ruptura com o MAIS: apoiar ou não uma candidatura reformista que já anuncia sua disposição de governar com a burguesia contra os trabalhadores, “não demoniza o capital”, recebe dinheiro de empresas...

Neste segundo turno o PSTU optou por apoiar Freixo em nome de “derrotar a direita”, recorreu a velha teoria dos campos burgueses que tanto criticou! Com esta conduta, o PSTU empresta plena razão ao MAIS de Valério Arcary. Este defendeu a “Frente de Esquerda Socialista” como cobertura para apoiar o candidato do PSOL desde o primeiro turno, apresentando-o como uma “alternativa a direita e ao PT”. O MAIS argumenta inclusive que coligado ao PSOL, o próprio PSTU poderia ter eleito Cyro Garcia como vereador no Rio de Janeiro! Se com o PSOL coligado apenas ao PCB o PSTU não apoiou Freixo, porque agora o fez, pode perguntar com toda razão o professor Valério? Se o PSTU tinha acordo em estabelecer uma frente para “enfrentar o bispo, contra Crivella” porque não estivemos juntos já em 02 de outubro? A resposta é que o “giro esquerdista” empírico do PSTU não esteve lastreado em um programa de ruptura com sua linha socialdemocrata de “esquerda”, tanto que o “Fora Todos” do PSTU desemboca da defesa de “eleições gerais”, ou seja, em um terreno institucional que a burguesia tem controle, assim como defende o MAIS e o PSOL. Todos esses agrupamentos também apoiam a Operação Lava Jato, no máximo, como faz Valério criticam as “arbitrariedades” contra Lula, não reivindicam a liquidação revolucionária das instituições burguesas e sua violenta denúncia. Em uma espécie de “auto-convencimento” o PSTU justifica seu apoio ao PSOL no segundo turno declarando “Crivella e Marcelo Freixo chegaram ao 2º turno das eleições para prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Diante desse cenário, estamos declarando voto crítico no candidato do PSOL, porque nele se deposita as expectativas de mudança em nossa cidade. Freixo e o PSOL, apesar de todas as suas limitações, nunca entraram organicamente nos antigos governos Lula e Dilma”. Em resumo, Freixo representaria um PSOL “puro”. É preciso lembrar que o PSTU anunciou o voto em Freixo mas até agora mantém silêncio em relação a Edmilson Rodrigues, em Belém. Seus “gurus” do MAIS já declaram voto em Edmilson mesmo o PSOL estando coligado com PDT, PV, PPL e tendo o apoio de Marina Silva. Para os Marxistas Leninistas não há diferenças entre Freixo e Edmilson, entre o PSOL “puro” e “coligado”, ambos defendem o “capitalismo sustentável, o ecorreformismo, as parcerias com o capital”. A “diferença” é que Freixo se eleito vai fazer o que Edmilson já fez quando prefeito. Não precisamos rememorar que o “socialista” de Belém promoveu um dos maiores arrochos salariais ao funcionalismo municipal, usou a repressão da Guarda Municipal contra o trabalhadores, aumentou a tarifa da ônibus... Não tenhamos ilusões, o PSOL é uma sigla imprestável para a luta dos trabalhadores estando ou não coligado com os partidos tradicionais do capital, abriga toda sorte de políticos burgueses e social-democratas. O exemplo concreto que apresentamos a vanguarda é a experiência da prefeitura de Macapá, ganha em 2012 pelo PSOL e transformada em trincheira de repressão e arrocho contra os trabalhadores. Freixo seguirá o mesmo rumo se for eleito prefeito!

O PSTU vai se desmoralizando a passos largos e agora será um alvo ainda mais frágil aos ataques do MAIS, já que Eduardo Almeida acabou por aderir oficialmente à política reformista do agrupamento do Prof. Valério, convocando o “voto útil socialista” no PSOL. Não por acaso, o MAIS acaba de denunciar, em seu queixume por não ter eleito Amanda Gurguel, que o PSTU fez alianças com o PSOL no Rio Grande do Norte, mas negou-se a estabelecer a coligação em Natal por puro oportunismo eleitoral. Segundo o MAIS “Opinamos que a decisão do PSTU de não repetir a frente de esquerda em Natal, como nas eleições de 2012, não se explica apenas por ‘critérios políticos e programáticos’, como afirmam em sua nota. Afinal, frentes eleitorais do PSTU com o PSOL foram formadas em outros municípios do RN, como Ceará-Mirim e Currais Novos, com o PSOL encabeçando as chapas para a Prefeitura e, inclusive, elegendo um vereador do PSOL nesta importante cidade do Seridó” (Esquerda On line, 06.10). Assim também ocorreu em São José dos Campos, por pressão dos apetites eleitorais de Toninho e Gradella. O que foi exceção no 1º turno vira regra no 2º de uma forma ainda mais vergonhosa, onde o PSOL amplia suas alianças com a burguesia e recebe o apoio financeiro dos capitalistas, tudo agora tendo a cobertura “revolucionária” do PSTU. O mais patético é como o PSTU conclui sua declaração de apoio eleitoral a Freixo “Entraremos com nossa militância e não mediremos esforços nessa luta eleitoral contra Crivella. Adiantamos que preservaremos nossa independência política e financeira e que de forma alguma integraremos uma possível prefeitura do PSOL”. Com esse truque final o PSTU deseja aparentar que mantém certo grau de “independência política” quando no mundo real está mergulhado de cabeça na campanha burguesa de Freixo em defesa de um “sistema capitalista com sustentabilidade ambiental e social”, relevando suas alianças até com partidos como o REDE, PV e PSB e por fim com os neoliberais “arrependidos” do PT. Caso o PSOL ganhe as eleições, o PSTU sofrerá novas rupturas à direita que seguirão imediatamente o caminho do MAIS em seu rumo socialdemocrata ao PSOL, cedendo inclusive seus quadros para a nova gerência burguesa “socialista” no Rio de Janeiro.