domingo, 5 de junho de 2016

HÁ DOIS ANOS DO FIASCO “CANARINHO” NA  COPA DO MUNDO: IMPERIALISMO IANQUE QUER POR FIM AO “IMPÉRIO” DAS EMPREITEIRAS BRASILEIRAS EM TODA AMÉRICA LATINA


Na véspera de completar dois anos da realização da Copa do Mundo da FIFA no Brasil, depois de mais de cinquenta anos da inauguração do majestoso “Maracanã", o Blog da LBI reproduz uma série de artigos históricos que marcaram uma análise marxista dos ácidos momentos da luta de classes que precederam tanto a abertura da Copa na cidade de São Paulo em 12 de Junho de 2014, como o seu “trágico” encerramento em meados julho no Rio de Janeiro.

DIANTE DA HOLANDA O ÚLTIMO FRACASSO EM CAMPO: A SELEÇÃO BRASILEIRA NÃO É A PÁTRIA DE CHUTEIRAS!

O genial reacionário Nelson Rodrigues, “pó de arroz” e apaixonado pelo futebol brasileiro certa vez afirmou que a seleção canarinho era a “pátria de chuteiras”. Esta “compreensão” transformou-se quase em unanimidade nacional em tempos de Copa do Mundo, e como toda “unanimidade é burra” este falso “consenso” mais além é completamente equivocado. A realização da Copa do Mundo no Brasil colocou a nu a profunda crise do futebol brasileiro e os péssimos resultados da seleção em campo apenas refletiram este momento. A expectativa da conquista da Taça para o Brasil se desfez “tragicamente” na humilhante goleada sofrida no jogo contra a Alemanha e agora se confirmou com a perda da terceira colocação em função da derrota para a compacta seleção holandesa. No calor dos debates políticos sobre a Copa não faltaram setores da esquerda, para não falar das análises patrioteiras da direita tradicional, que insistiram em “repercutir” o enorme equívoco de mixar a seleção canarinho com a nação brasileira. Em primeiro lugar é necessário esclarecer que hoje a seleção de futebol brasileira é um “produto” administrado por uma entidade privada a CBF, empresa capitalista que organiza o campeonato brasileiro e a copa do Brasil, além da promoção de eventos esportivos diversos. A CBF tem o monopólio da convocação das seleções masculinas e femininas de futebol, pelo fato de sua filiação a FIFA, sendo que seus dirigentes não estão submetidos a nenhuma subordinação do estado brasileiro. Apesar de seu caráter de empresa privada, auferindo espetaculares lucros a seus proprietários, a CBF recebe “generoso” aporte do Estado sem que tenha que prestar contas das verbas recebidas. Mas diante dos fiascos no gramado membros do governo Dilma aventaram a possibilidade de alguma inferência na gestão da CBF, o que foi drasticamente logo combatido pelos arautos do neoliberalismo. O Tucano Aécio acusou o PT de querer “estatizar” o futebol, defendendo a total autonomia da máfia da CBF (“engordada” com o dinheiro público) frente a tênue ameaça de investida do governo. Como era de se esperar diante da pressão da mídia “murdochiana” e da Tucanalha, o governo Dilma já recuou de suas pálidas intenções de pelo menos auditar a CBF. Não podemos negar a inequívoca decepção popular com o fraquíssimo desempenho da seleção nesta Copa, um time sofrível escalado por empresários movidos por interesses comerciais. Porém, como Marxistas Revolucionários, respeitando a “afetividade” do proletariado nacional acerca do futebol, devemos declarar vigorosamente: Esta seleção brasileira não é a pátria de chuteiras, nossa nação deve ser sim representada pelas lutas dos trabalhadores e de seu povo oprimido!

É bastante comum confundirmos a simpatia política por um país, ou mesmo por seu governo, com sua seleção de futebol (nós mesmos da LBI já incorremos parcialmente neste erro), mas é necessário separar estes elementos distintos sempre levando em consideração a grande empatia que uma seleção nacional gera no seio das massas. A história das Copas organizadas pela FIFA é crivada pela manipulação política, em alguns casos sem nenhum disfarce “futebolístico” como o Mundial de 1978 patrocinado pelos generais genocidas na Argentina. O regime militar brasileiro também “encomendou” sua Taça à mafiosa FIFA em 1970, e o próprio governo imperialista da Alemanha fez o mesmo em 1974, tirando da seleção holandesa uma merecida vitória na final.

Como já caracterizamos anteriormente neste Mundial realizado no Brasil, o imperialismo (a FIFA é mais uma de suas “colaterais”) não envidou o menor “esforço” para garantir a Taça para a seleção canarinho. Começando pela própria CBF que tratou de preparar a derrota com a convocação de jogadores “europeizados” de baixíssimo nível técnico. A parte de infraestrutura da Copa que ficou a cargo do governo da Frente popular, movimentando bilhões de Reais direto para os cofres das empreiteiras, foi bem sucedida. A própria reeleição da presidente Dilma já está assegurada por um amplo pacto político das classes dominantes, portanto o “hexa” para o Brasil já seria um “exagero” obstruindo os planos eleitorais da oposição burguesa para 2018.

O legado político desta Copa, para além do debate esportivo, será uma eleição presidencial muito “apertada”, onde o candidato Tucano “ungindo” ao segundo turno tentará tirar o máximo de proveito do fiasco da seleção canarinho. Dilma, por sua vez, avocará o “sucesso” da Copa do Mundo realizada no Brasil após 64 anos. Os trabalhadores e o povo oprimido, porém nada tem a ver com esta falsa polêmica das oligarquias dominantes. Nossa verdadeira “seleção nacional” são as heroicas batalhas do proletariado brasileiro!
Blog da LBI 12/07/2014

------------------------------------------------------------------------
Manifestação internacionalista em frente ao Hotel que
 hospedou membros do governo colombiano na Copa
NO ITAQUERÃO VAIAS DA REACIONÁRIA “CLASSE MÉDIA” PARA DILMA. NAS RUAS VIOLENTA REPRESSÃO ESTATAL PARA “SILENCIAR” AS LEGÍTIMAS MANIFESTAÇÕES POPULARES CONTRA A “FARRA DA COPA”

Antes mesmo da bola rolar no campo do Itaquerão, manifestações ocorridas no final desta manhã nas cidades do Rio e BH foram violentamente reprimidas pela PM, na capital paulista um ato de protesto contra a “farra da Copa”, convocado nas cercanias do sindicato dos metroviários (Radial Leste) teve uma “recepção” com métodos de guerra civil por parte da tropa de choque do fascistizante governo Alckmin. Logo depois o próprio sindicato dos trabalhadores do Metrô foi cercado pela polícia, fazendo lembrar os tenebrosos tempos da ditadura militar. A derrota política da greve dos metroviários provocou um certo sabor de vitória para todos os apologistas da Copa, que logo bradaram que iria sim “ter Copa e com Metrô!” Mas sem dúvida alguma o centro das atenções do país estava voltado para o jogo de abertura da Copa, em todos seus aspectos logísticos e futebolísticos. Dilma chega no Itaquerão ao lado de Blatter, mesmo sem fazer discurso é vaiada entusiasticamente pela maioria da “torcida”, composta majoritariamente dos extratos mais reacionários da chamada “classe média”, reflexo da própria composição social que estará presente nas “Arenas” da FIFA. Em seguida veio o que parecia ser o “desastre” tanto esperado pelo PIG paulista (Folha e Estadão): a seleção brasileira leva no início da partida um gol contra e parte dos refletores do novíssimo estádio sofre uma pane. Porém, com a ajuda do talento individual de Neymar e do juiz japonês, o escrete canarinho vira o jogo e a iluminação volta rapidamente ao normal. O resultado final da abertura da Copa pode ser sintetizado da seguinte forma: uma trégua para Dilma e relativo refluxo das mobilizações. Mas ainda vai rolar muita bola neste campeonato mundial que envolve, política, luta de classes e o futebol mercantilizado da FIFA.

Para driblar a rejeição da classe média paulistana ao seu governo, considerado de “ultraesquerda” e “muleta para os pobres” pela reação, Dilma quebrou um protocolo de 30 anos ao não discursar como chefe de Estado na abertura da Copa do Mundo. Há um ano, no calor das históricas “Jornadas de Junho”, Dilma foi fortemente vaiada em Brasília na abertura da Copa das Confederações. As vaias permaneceram, mas ao que tudo indica as “jornadas” não se repetirão com a mesma intensidade do ano passado, em função da ausência de um protagonismo político mais determinante do proletariado nestas mobilizações. É certo que hoje as passeatas e marchas contra os governos se concentram muito mais no marco das reposições salariais do que na “rebelião da juventude” pequeno burguesa.

Neste cenário nacional a atuação dos “Black Blocs” nas mobilizações ficou cada vez mais isolada socialmente, sem que isto signifique a legitimação da repressão policial sobre este setor. A crítica marxista a chamada “tática BB” também não deve representar a apologia política do pacifismo, como tanto insiste o PSTU e PSOL. Os Morenistas no seu afã em defender a estabilidade institucional do regime “democracia dos ricos” chegaram a acusar os BBs de ousar “enfrentar” a PM do Tucanato durante o covarde cerco do sindicato dos metroviários ocorrido nesta quinta-feira.

A posição da vanguarda classista deve ser intransigente na defesa incondicional de todos os ativistas populares que integram o movimento “Não vai ter Copa”, diante da repressão estatal. Mas isto não implica em se abster da delimitação política vigorosa de todas as tendências policlassistas e oportunistas (Frente de Esquerda), que via de regra pretendem “formar um bloco” com a direita contra o PT e o governo Dilma.
Blog da LBI 12/06/2014