terça-feira, 3 de maio de 2016

DILMA “ECOA” PROPOSTA DA ANTECIPAÇÃO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS, “GOLPISTA” TAMBÉM?


Após o Primeiro de Maio onde “esbanjou” sua estratégia de colaboração de classes com a burguesia, sendo ovacionada pela esquerda corrupta como o PCdoB e PCO traidores da independência de classe do proletariado, Dilma mobilizou seu staff político para “ecoar” nos circuitos dos movimentos sociais sua proposta de antecipação das eleições presidenciais. A presidente pode encaminhar ao Congresso a proposta de emenda constitucional que prevê o encurtamento de seu mandato e novas eleições em outubro, juntamente com as disputas para as prefeituras para “emparedar” Temer, avaliam setores do PT simpáticos à iniciativa. Na última sexta-feira, Dilma despachou Wagner e Berzoini para São Paulo com o objetivo de ouvir as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo sobre a ideia. Mesmo que a proposta seja enviada ao Congresso Nacional pelo Planalto sua aprovação é considerada dificílima pelo que restou da “base aliada”. Uma PEC precisa ser votada em dois turnos tanto na Câmara como no Senado e só é aprovada se obtiver apoio de três quintos dos deputados (308) e dos senadores (49). A anturragem Dilmista já considera perdida a disputa no Senado, caracterização completamente oposta a de Lula e do núcleo duro da tendência “Articulação” do PT. O ex-presidente tem bastante clareza de que apesar do isolamento político do governo nos bastidores podres do Congresso, onde Temer já foi até empossado informalmente, a burguesia nacional ainda não “bateu o martelo” em favor do impeachment. A prova deste fato é a própria correlação atual de forças no Senado Federal, onde a cassação definitiva de Dilma ainda está bem longe de alcançar o quórum qualificado. PT e PC do B somam somente onze votos, mas já aglutinam diante mão mais dez senadores de outras legendas, isto apesar da maioria da bancada do PDT ter se posicionado a favor do impeachment. Faltam apenas o governo cooptar mais cinco senadores, somando vinte e seis votos, contando que o presidente da Casa, Renan Calheiros declarou que não votará no julgamento da presidente (são necessários vinte e sete votos para derrotar o impeachment). Ora qualquer analista político, mesmo dos mais inexperientes, sabe que para um governo que ainda tem base social (potencial eleitoral aferido pelos próprios institutos de pesquisa) e “caneta na mão” obter cinco votos no Senado não é das missões mais impossíveis... Porém a incapacidade política de Dilma em perceber o tamanho do cerco montado pela oposição de direita (grande parte oriunda de sua própria base parlamentar) já lhe custou um “vexame” na Câmara dos Deputados. Os cinco votos que o governo necessita no Senado hoje estão agrupados em um bloco parlamentar liderado pelo ex-presidente Collor, que rompeu com o PTB para montar a chamada “Ala Moderadora”, já contando com dez adesões. Collor até pouco tempo um fiel escudeiro de Dilma no Senado, não quer declarar como seu bloco parlamentar se posicionará na votação definitiva do impeachment, por enquanto apoiam que o processo desemboque no afastamento temporário de Dilma, para depois negociarem com os dois setores da burguesia nacional em aberta disputa política, mas não dispostos a protagonizar um enfrentamento de classe, ou seja, um Golpe de Estado. A política neoliberal “convicta” de Dilma agudizou tanto a crise política e econômica, levando a uma situação que nem mesmo a burguesia mais reacionária poderia prever: um esfacelamento vertiginoso da base aliada no Congresso que “despertou” o apetite voraz da máfia do PMDB. Agora Lula e Dilma pensam de forma distinta sobre a melhor saída tática para a profunda crise política da Frente Popular, a ausência do ex-presidente no ato do Anhangabaú não foi simplesmente por “falta de voz” e sim por “falta de acordo”. As pífias medidas (pacote de bondades) anunciadas por Dilma no último domingo estão muito longe de reverterem o curso neoliberal de seu governo, as lideranças dos movimentos sociais sabem disto e por isso flertam com a proposta de encurtamento do mandato presidencial, antes considerado como “manobra golpista”. A suposta inciativa de convocação de uma greve geral pela CUT, para barrar o impeachment, se perdeu nas calendas gregas, a máscara da Frente Popular caiu e agora não se fala mais em impulsionar mobilizações populares, sequer os atos com artistas e intelectuais estão na pauta. Para o PT e seus apêndices somente estão na “mesa do jogo” institucional duas cartas: Eleições Gerais em outubro ou a “compra” de uma nova “base aliada” no Senado. As duas tentativas da Frente Popular podem afundar juntas, na completa ausência do protagonismo do movimento operário, atado a uma política criminosa de colaboração de classes diante da brutal ofensiva da direita pró-imperialista.