quarta-feira, 20 de abril de 2016

FAZER CAMPANHA PARA CASSAR O MANDATO PARLAMENTAR DO NEONAZISTA BOLSONARO OU DEFENDER O JUSTIÇAMENTO DESTE COVARDE FASCISTA PELO MOVIMENTO OPERÁRIO ORGANIZADO? UM DEBATE NECESSÁRIO PARA A ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA QUE NÃO ACREDITA NA DEMOCRACIA BURGUESA COMO VALOR UNIVERSAL


A declaração do verme fascista Bolsonaro na votação favorável ao impeachment tem gerado um amplo sentimento de repulsa por parte de todo um arco social que adota referências democráticas e humanistas em sua "concepção e práxis de mundo". A ampla condenação à conduta covarde do deputado neonazista não deixa de ser um elemento realmente progressista em uma etapa ideológica de clara ofensiva mundial reacionária, porém para os Marxistas Revolucionários é necessário ir muito além do rechaço democrático ao torturador que hoje é um símbolo político de todo o campo da direita em nosso país. Bolsonaro representa um segmento fascista "bem vivo" não só no parlamento mas também no interior do aparelho repressivo (FFAA e PM's) do Estado Burguês. O facínora é parlamentar há vários mandatos e até a pouco tempo pertencia ao PP, partido da "base aliada" de Lula e do primeiro mandato de Dilma, conquistou uma tribuna nacional importante ao longo desta década graças a "benevolência" da própria Frente Popular, isto sem falar da conivência estatal dos governos petistas com todo o arcabouço constitucional que protege os torturadores do regime militar. Várias entidades como a OAB, o grupo "Tortura nunca Mais" e o Coletivo "Memória, Verdade e Justiça" anunciaram que vão pedir a cassação do mandato de Bolsonaro no STF. Agora, diante do escárnio do rato fascista com a figura da presidente Dilma, a esquerda reformista resolveu tardiamente "reagir", exigindo a cassação do mandato do deputado hoje abrigado no PSC. Seria inócuo se não fosse profundamente equivocado politicamente reivindicar do covil de bandidos da Câmara dos Deputados a anulação do mandato de seus principais líderes. Semear hilárias ilusões neste Congresso de patifes já custou o próprio mandato da presidente Dilma. Entretanto o mais grave se concentra no fato da esquerda revisionista, PCO, MRT, PSTU etc... acreditar e defender que a punição dos carrascos e assassinos de nossos militantes do passado e presente deve ser realizada pelos mecanismos institucionais deste regime burguês apodrecido. O interessante é que a maioria destas organizações pseudo-trotskistas (PCO, TML, EM etc..) caracterizam que estamos passando por um "golpe de estado" e, mesmo assim, pedem aos "golpistas" que punam o "chefe" Bolsonaro... É patético! A tradição programática da Esquerda Revolucionária passa bem longe desta panaceia inútil, considerando que fascistas torturadores assassinos devem receber outro "tratamento" por parte do movimento operário organizado. Como nos ensinou o grande mestre Trotsky: "Com fascistas não poderá haver relação alguma democrática, devemos enfrentá-los com metralhadoras e porretes". É uma verdadeira tragédia política que grupos da esquerda "chapa branca" que tanto verborragizam contra o "golpe de estado", se mostrem tão legalistas quando se trata de sarjetas grotescas como Bolsonaro e sua família de fascistas.

Uma possível sentença de cassação de Bolsonaro proferida pelo STF ou muito mais improvavelmente pela própria Câmara dos Deputados, sob a acusação de apologia à tortura, não seria propriamente uma condenação para o futuro político do militar/parlamentar. Ao contrário, cassado Bolsonaro se transformaria em herói máximo da extrema direita que defende o fechamento do Congresso nacional, além de continuar recebendo aposentadoria já adquirida da Câmara por seus mandatos anteriores. Neste caso o banimento de um "parlamento corrupto" seria transformado em principal bandeira do fascista, uma espécie de nova plataforma da direita que novamente sonha com a instauração de um regime militar, do tipo "Pinochet" no Brasil.

Os Marxistas Revolucionários nunca foram reféns da legalidade burguesa, muito menos quando se trata do combate de classe contra os bandos fascistas em plena atividade. Para enfrentar os governos fascistas Costa e Silva, Médici e seus asseclas torturadores a esquerda comunista não seguia o roteiro da "cartilha constitucional"... Por isso mesmo nossa reverência revolucionária a dirigentes como Marighella, Lamarca, Mário Alves e tantos outros verdadeiros mártires do povo brasileiro. Não é porque atravessamos um período histórico de uma bastarda democracia burguesa que abandonaremos nossos princípios da luta de classes!