sexta-feira, 4 de março de 2016

CAÇADA DA PF A LULA REPRESENTA O INÍCIO DO REGIME "DEMOCRÁTICO" DE EXCEÇÃO NO BRASIL


A prisão temporária do ex-presidente Lula, ocorrida na manhã desta sexta-feira (04/03), considerada ironicamente pela PF como "condução coercitiva" representa um salto de qualidade na evolução de um regime de exceção, em plena etapa histórica democrática burguesa no país. A precipitação dos fatos, com a deflagração de uma caçada policial contra setores da direção petista muito próxima a Lula, devidamente chancelada pelo judiciário federal, em pleno governo da Frente Popular comprova plenamente a tese marxista de que ganhar uma eleição presidencial não significa ter o controle do poder de Estado. A gerência Dilma perdeu completamente as rédeas do regime institucional vigente, podendo ser achacada pela PF, judiciário e também pelo próprio Congresso Nacional. O objetivo das classes dominantes neste momento além da desmoralização política do PT é o de emparedar a presidenta para que conclua as reformas neoliberais para depois ser "cuspida" do Planalto como um "entulho corrupto". A profunda crise política corrente do regime não está relacionada a uma disputa pelo "poder estatal", este sempre esteve absolutamente estável sob o "pulso firme" da elite capitalista, entretanto volumosos "negócios" do governo central ainda estão sendo gerenciados pelo PT, circunstância que já não corresponde a conjuntura econômica que atravessa o Brasil. O PT apesar de estar consciente do fim de seu ciclo "virtuoso", baseado no binômio consumo/crédito, resistiu em deixar o Planalto nas eleições de 2014 aplicando um estelionato eleitoral contra as massas, por isso paga um "preço muito alto" para se manter no governo. O paradoxo da atual situação consiste no fato de que o próprio governo da Frente Popular é cúmplice do recrudescimento antidemocrático do regime, mesmo sendo um de seus principais alvos. A explicação da vergonhosa inação do governo Dilma e do PT diante da ofensiva reacionária da burguesia, não reside no campo moral e sim na política do partido para a luta de classes. Frente romper os laços com a elite capitalista ou ser "vítima passiva" do linchamento midiático, o PT já escolheu a segunda opção por razões óbvias: é a burguesia quem financia suas atividades eleitorais. A famigerada Operação "Lava Jato" tem o apoio da presidente Dilma e de toda cúpula dos cretinos tucanos, o governo apenas suplica terminar seu segundo mandato, apesar do início da instauração do regime "democrático" de exceção com a justificativa do "combate à corrupção". Está bem claro que uma nova etapa da ofensiva reacionária da burguesia colocará em proscrição o conjunto da esquerda e os movimentos sociais. Nós da LBI somos oposição revolucionária frontal ao governo burguês do PT, porém cerramos fileira com todas as forças que queiram combater a cassação dos direitos democráticos e de organização da classe operária. Convocamos a mobilização direta do proletariado para derrotar as reformas neoliberais e sua colateral institucional: a Operação "Lava Jato".