domingo, 6 de dezembro de 2015

"O CAPITÃO DO GOLPE" ERA ATÉ POUCO TEMPO O ARTICULADOR POLÍTICO DO GOVERNO DILMA. TRAIÇÃO DE TEMER OU CAPITULAÇÃO DO PT AS OLIGARQUIAS MAIS CORRUPTAS E A DIREITA DO PAÍS?


O vice Michel Temer vem sendo apontado pelo arco político governista como sendo " O capitão do golpe", na expressão do entusiasta neopededista Ciro Gomes, detentor de um naco considerável de cargos na esfera estatal. Esta análise sobre o papel de Temer na abertura do processo de impeachment vem sendo compartilhada por uma vasta parcela da blogosfera " chapa branca", reforçada pela decisão do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, pemedebista que assumia a função de sub articulador político do governo, além de ser o responsável pelo cronograma de privatização dos aeroporto brasileiros. Temer foi alçado à condição de articulador político do governo no Congresso Nacional  por indicação do próprio Lula, que pessoalmente chancelou a decisão de Dilma em retirar o petista Mercadante da condução das negociações com os partidos aliados e o parlamento. Temer e seu bando mais mafioso do PMDB (que agrupa Eduardo Cunha e outros bandidos),  refestelou-se do banquete estatal oferecido a ele pela presidente Dilma, nomeou ministros e preencheu quase todos os cargos vacantes do segundo e terceiro escalão da república. Acabada a farra das indicações Temer retornou às suas "atribuições constitucionais" no Palácio do Jaburu, aconselhando Dilma a empossar o ex-governador da Bahia Jaques Wagner como novo ministro da Casa Civil. Até então o governo comemora exultante o fechamento de um ciclo de crise, encerrada  com a prestimosa ajuda de Temer e sua quadrilha. Com uma base parlamentar "saciada" de cargos Dilma conseguiu derrotar a chamada "pauta bomba", aprovando na sequência das votações do Congresso ainda mais medidas do draconiano ajuste fiscal que retiravam direitos dos trabalhadores e aposentados, até aí a "lua de mel" entre o mercado, governo e o PMDB parecia que duraria um pouco mais. Mas o quadro da "estabilidade"  temporal começou a se deteriorar na medida em que Cunha passou a ser acossado pelo Ministério Público, Janot e sua equipe, acusado pelo presidente da Câmara de ser um instrumento do governo contra adversários, por sinal uma " tese" sem qualquer base real. Para piorar a situação o próprio Janot em parceria com ministros do STF mandaram o líder do governo no Senado para a cadeia, deixando Cunha ainda mais temeroso de uma iminente prisão diante do vendaval de denúncias contra ele. Precisando aprovar a CPMF, uma exigência dos rentistas para que o governo garanta o superávit fiscal, Dilma vacila em selar um novo acordo com o "enforcado" Cunha no Conselho de Ética da Câmara, a crise política volta a atingir temperatura máxima... Farejando o cheiro da carniça, e ainda arrotando as iguarias que o Planalto lhe presenteou, Temer resolve "liberar" seu comparsa para atacar Dilma com a ameaça do impeachment. Com o "tiro" Temer pode atingir dois alvos, se triunfar o impedimento da "chefe" o vice vira "imperador" da república ,se fracassar a rasteira (o que no momento é a variante mais provável) o rodízio do banquete público será renovado, com Dilma novamente a seus pés pedindo socorro. Esta segunda alternativa parece ser o cenário que vai se desenhando, Dilma já declarou que seu vice é "absolutamente leal", apesar de todas as evidências da trama com Cunha e os tucanos, enquanto Temer declara que ficará "neutro" cumprido sua função constitucional que "não inclui barrar o processo do impeachment" , segundo suas próprias cínicas palavras. Enquanto segue a barganha geral das frações burguesas salivando o controle do botim estatal em plena fragilidade completa da Frente Popular, o estafeta dos rentistas, Levy, afirma que o processo de impeachment não afetará os planos do "ajuste". Para a esquerda planaltina  o processo do impeachment é a oportunidade de ouro para resgatar a legitimidade de  Dilma em plena recessão econômica que seguirá impassiva segundo os interesses do mercado financeiro. Afinal o mandato de Dilma (eleita sob um estelionato político contra os trabalhadores) está sendo atacado por criminosos e deliquentes da política nacional, não importa se até ontem eram "bons companheiros". Em tempos de fraude política para todos os lados é preciso que se declare em alto e bom som: Dilma está sendo chantageada por elementos  de sua própria base de apoio, não há nada de progressista em seu mandato que tenha "detonado"  a ira das classes dominantes. Portanto estamos diante de uma guerra fratricida no campo de nossos inimigos de classe, onde o palco da "batalha" são as instituições podres do regime da democracia dos ricos. Getúlio e Jango (ambos governos nacionalistas burgueses) sofreram um golpe de estado porque contrariaram minimamente interesses do imperialismo e das oligarquias que o representavam no país, Dilma atravessa intensa turbulência justamente por servir aos amos de Wall Street e se aliar ao esgoto da política burguesa nacional. Se tanto apetece a Dilma e Lula suas relações políticas com os chacais que vivem do sangue da classe trabalhadora, agora não podem reclamar que lobos da direita "gostam de carne"!