terça-feira, 10 de novembro de 2015

PARA O PCO A FRENTE POVO SEM MEDO É "QUINTA COLUNA" DA DIREITA POR ATACAR O "AJUSTE" DO GOVERNO DILMA 


A expressão "quinta coluna" não poderia ser a mais adequada as sandices que o PCO utiliza para tentar desqualificar todas as forças políticas classistas que combatem o covarde ajuste neoliberal conduzido pelo governo Dilma/Levy. Desta vez o alvo da repentina fúria "chapa branca" do PCO foi a recém formada "Frente Povo Sem Medo" (FPSM), encabeçada pelo MTST cuja referência maior é Guilherme Boulos. Historicamente o termo "quinta coluna" surgiu durante a guerra civil espanhola, em meados dos anos 30, quando um general fascista comunicou a Franco que além das quatro colunas militares fiéis a contra revolução que estavam prontas para invadir Madri, contava ainda com uma quinta que pertencia formalmente as tropas legalistas que defendiam a República. Desde então "quinta coluna" virou sinônimo de traição dos que ocupam a mesma trincheira de luta. Para os oportunistas do PCO a FPSM é uma versão moderna de "quinta coluna" da esquerda, porque colocaria no mesmo plano a luta contra o ajuste e o suposto "golpe de Estado". Nas próprias palavras do PCO: "insistem em dar igual importância aos ajustes do governo federal e aos ataques da direita, desconsiderando inclusive que os ajustes são uma exigência da própria direita golpista e que a direita quer um golpe justamente para implantar ajustes muito piores. Essa política acaba favorecendo os ataques golpistas contra o governo". Como "cara de pau" o PCO parece até superar os neostalinistas do PCdoB, que afirmaram que a greve dos petroleiros não era contra os planos de privatização de Dilma/ Bendine, mas sim contra a "direita". Segundo os recém convertidos do PCO ao campo planaltino (porque será mesmo?), o movimento de massas não deve priorizar a luta contra a perda de seus direitos e conquistas sociais, isto poderia favorecer os golpistas de direita que de volta ao governo implementariam um ajuste ainda mais draconiano. Por esta lógica teríamos que nos "conformar" com o ajuste dilmista, "ruim mas democrático", caso contrário a ação de massas contra a austeridade do governo engrossaria a correnteza golpista e o advento de um "ajuste não democrático ". Que triste fim melancólico, para não dizer cômico, de uma corrente "trotskista" (revisionista) que durante trinta anos se arvorava de ser a força política mais à esquerda do movimento operário no Brasil. Bastaram alguns "acenos" estatais para o PCO reproduzir as mesmas idiotices reformistas que o PCdoB vem pregando a várias décadas contra os que defendem a independência política da classe trabalhadora em relação as tradicionais variantes políticas da burguesia: "democratas versus conservadores". Aliás, tanto o PCO como seu novo parceiro o PCdoB estão juntos na Frente Brasil Popular, tendo como companhia o PDT e o PT, porém somente os revisionistas do trotskismo como bons "cristãos novos" resolveram atacar agressivamente a outra frente (FPSM) talvez para " mostrar trabalho" ao chefe do Planalto, um despropósito sem limites. Acontece que tanto a FPSM como a FBP tem quase a mesma composição política e objetivos, a diferença é que a primeira é integrada apenas por organizações do movimento social e a segunda abarca também partidos políticos. Acusar a FPSM de favorecer o golpismo já passa de uma alucinação dos que perderam qualquer referência em oposição a política de colaboração de classes da Frente Popular. Para o PCO a única pauta que deve ser levantada pelo movimento de massa seria uma abstração de luta contra a direita: "O que está colocado, e todas as manifestações desse ano comprovam isso, é a luta contra o golpe e a direita. Essa e a única palavra de ordem capaz de unificar as organizações sindicais, populares e de esquerda." Como o golpe está sendo dado quotidianamente pelo governo contra as condições de vida do proletariado só nos restaria mobilizar contra reacionários de carteirinha, tucanos e afins, deixando de mãos livres a dupla Dilma/Levy para promoverem a quebra do país em nome da sacrossanta "democracia dos ricos". Para o PCO se algum trabalhador está achando a situação muito ruim é só pensar que com o "bicho papão" seria bem pior...

Os serviçais mal remunerados da Frente Popular parecem querer buscar seu "lugar ao sol" e passam a atacar até mesmo os aliados "críticos" da política econômica neoliberal do governo. Este é o caso do MTST e sua iniciativa de impulsionar a FPSM, como um braço popular "autônomo" do governo Dilma e do PT, mas nem de longe configurado como "oposição" ou "golpista", como tentou vender o venal PCO. A própria CUT, transformada em autarquia sindical do Estado, reconhece a FPSM como uma importante aliada na "luta contra a direita". Está absolutamente cristalino que a FPSM pela estratégia adotada não se propõe a "derrubar Dilma" ou tampouco se postar como um polo revolucionário dos trabalhadores.

A grande questão colocada nesta conjuntura de crise política e impasse das classes dominantes não é a luta contra a iminência de um imaginário golpe de estado. O que realmente está na "ordem do dia" para o movimento operário é a construção de uma alternativa independente que seja capaz de derrotar a ofensiva mundial imperialista em todas as suas versões: "democrática ou conservadora", já que ambas comungam do mesmo programa neoliberal de ataque às conquistas históricas do proletariado. O elemento "curioso" na pretensa teoria antigolpista do PCO é o fato de que quando se deu a gênese da atual ofensiva reacionária mundial, na destruição da antiga URSS por agentes do capital financeiro internacional, o PCO comemorou profundamente o acontecimento contrarrevolucionário como sendo uma "autêntica revolução política".

Os que hoje utilizam o fantasma do golpe para rebaixar e desviar o curso das mobilizações populares contra a política do "ajuste" imposto por Dilma à serviço dos rentistas internacionais, são politicamente os mesmos que em 1964 afirmavam que apoiando Jango conseguiriam barrar a conspiração militar. A trágica lição, não só no Brasil, parece que ainda não foi suficiente para que os reformistas "compreendam" que não será apoiando a democracia burguesa que conseguiremos derrotar a ofensiva global da direita. Somente a organização classista do proletariado, combinada aos métodos da ação direta revolucionária contra o capital, terá a potencialidade histórica de cravar uma vitória do socialismo diante da barbárie imperialista que se desenha no horizonte.