terça-feira, 17 de novembro de 2015

ATAQUES AÉREOS DA FRANÇA AO EI SÃO PURA FARSA: HOLLANDE, A DINASTIA SAUD E BIBI É QUEM FORNECEM AS ARMAS AOS "NEOTERRORISTAS"


O anúncio de uma rápida e enérgica resposta militar do governo francês contra os terroristas do EI, através de bombardeios aéreos na Síria, não passa de pura farsa. O anúncio feito por Hollande de "uma guerra implacável ao terror" pode ser traduzida na realidade como uma guerra xenófoba contra imigrantes e a população francesa de ascendência árabe. Também deve ser entendido como um profundo ataque às liberdades democráticas de todos os trabalhadores da França e Europa. Nesta direção reacionária estão em "união nacional socialistas e fascistas", do PS a Frente Nacional de Le Pen, passando pelo direitista Sarkozy. Quanto a questão do "combate ao EI", este é um ponto de bastante complexidade que com toda a certeza envolve a "lua de mel" vivida nos últimos quatro anos entre a França e a corrompida dinastia Saud, da Arábia Saudita. Com o cerco comercial estabelecido pelo imperialismo contra a Rússia, o governo Hollande tratou de celebrar uma nova aliança diplomática e econômica que assegurasse um vasto fornecimento de gás e petróleo barato para a França. Em troca Hollande se alinhou com a posição de Ryad contra o acordo nuclear "EUA-IRÃ", sob os auspícios do Estado sionista, o triângulo estava formado para se contrapor a Casa Branca, tendo como base comum anterior a própria guerra civil na Líbia e Síria. Para aqueles que não sabem ou fazem questão de "esquecer" o EI teve seu "debut" militar combatendo o regime do coronel Kadaffi, para depois se estabelecer entre o Irã e a Síria, como um "califado sunita abençoado por Alá" e financiado pelos saudistas. Acontece que nem Arábia ou Israel poderiam fornecer o armamento pesado ao EI, pelo fato de ambos serem dependentes bélicos dos EUA, que não aprovou a movimentação terrorista em território iraquiano (sua área de influência direta). O EI até passou a controlar poços de petróleo nos territórios ocupados, no vácuo da guerra civil síria e a devastação do Iraque, passando a desviar óleo cru para Israel que não produz uma única gota. Porém o impasse das armas para formar um exército profissional continuava para o EI, foi então que Ryad "destravou" a questão firmando um acordo de cooperação militar com a França. Neste pacto entre Hollande e os Saud, que envolve bilhões de euros, a França só não poderá entregar aviões e tanques para a Arábia, itens militares exclusivos para indústria bélica dos EUA, entretanto helicópteros, foguetes terra/ar, fuzis de grosso calibre e até radares antimísseis já foram comercializados. Neste "namoro" entre o Eliseu e Ryad, a Arábia passou a ser o terceiro maior país a investir economicamente na França, ao mesmo tempo em que os Saud praticam o "ménage a trois" com a participação de Israel para atacar o Irã e a Síria, considerado hoje o "eixo do mal" por sunitas e sionistas. Neste complexo tabuleiro político e militar existem ainda os atores coadjuvantes, como a Turquia e o Qatar, ambos bem unidos no desejo de aniquilar o regime nacionalista dos Aiatolás e Assad. Se existe alguma intenção real das tropas francesas em atacar o EI, seria na única possibilidade de uma invasão por terra, para desmembrar o território sírio, criando assim um protetorado da OTAN. Este cenário está sendo analisado pelas potências imperialistas e depende de um certo aval do governo Putin, no sentido de uma lenta transição sem Assad no poder. Enquanto não se delineia uma posição comum do imperialismo, o EI seguirá no seu papel de debilitar militarmente o regime sírio e promover ataques terroristas espetaculares no cenário mundial, no sentido da autopromoção, para esta missão não contará com resistência alguma de Israel, Arábia e até mesmo da França, provedora de seu armamento pesado. O resto não passa de demagogia barata da mídia "murdochiana" e dos governos imperialistas, que "cultivaram escorpiões" e agora não podem se queixar de suas picadas. Para o povo francês fica a amarga sensação de que o EI promoveu um show de horror no Bataclan, onde o "promoter" de "la fet" era o presidente Francois Hollande.

Quando afirmamos que a "triangulação preferencial" que hoje fornece suporte ao EI não inclui o governo Obama, não significa que o Estado ianque esteja totalmente fora da "operação jihadista". Sabemos bem que a fração Democrata que atualmente ocupa a Casa Branca não controla o conjunto das instituições norte-americanas. A CIA e o Pentágono continuam sob forte influência dos chamados "falcões republicanos", isto sem falar de fenômenos mais obscuros como o fascista Tea Party. No Senado Nacional os Democratas são franca minoria, local onde o Partido Republicano estabeleceu um poder paralelo a Obama, chegando a receber chefes de Estado como o sionista Netanyahu para condenar a política externa adotada pela Casa Branca. Neste episódio Bibi se opôs abertamente ao acordo nuclear EUA/Irã, uma dos principais pilares de sustentação do EI, pela via dos sauditas. Portanto se os jihadistas islâmicos interessavam muito aos EUA na derrubada de Kadaffi e no início da guerra civil na Síria, após a sinalização de um acordo temporário com Teerã, agora são uma figura um pouco indesejável para a ocasião. O EI também foi longe demais em seu confronto militar com o governo títere do Iraque, protegido de Washington, gerando desconforto para Obama que ordenou "leves" bombardeios em suas bases. Enquanto a OTAN empreendeu mais de 6000 incursões aéreas para derrubar Kadaffi, contra o EI não passaram de 300, ou seja, vinte vezes menos! Este dado revela como Obama "castiga" uma cria rebelde e como trata um adversário de verdade.

Para uma economia francesa em estagnação os acordos comerciais com a Arábia Saudita são estratégicos, em poucos anos os saudistas passaram a ser o maior fornecedor de petróleo e gás para a França e o que é melhor a um preço já ultra-reduzido, no bojo desta transação uma política internacional para quebrar Irã e Rússia com a queda na cotação da commoditie mineral. Mas não só os sauditas tem se tornado grande parceiro econômico da França, Israel tem buscado novos aliados imperialistas para compensar o "esfriamento" das relações com Washington. Hollande e Bibi firmaram convênios importantes no setor militar e de inteligência, tendo como pano de fundo o compromisso em isolar o regime dos Aiatolás, hoje principal inimigo do gendarme sionista com capacidade bélico nuclear. Não por coincidência na sequência dos auto-atentados de janeiro ao jornal Charlie Hebdo, os alvos terroristas posteriores foram judeus, tudo para criar uma comoção ligando os franceses aos israelenses. O chacal Bibi desfilou nas ruas de Paris como "herói nacional", ao lado de outros chefes de Estado simpáticos ao EI.

É difícil definir com absoluta precisão a composição orgânica do EI, enquanto organização política, porém sabemos que a "placa" de legítimo representante do povo sunita não passa de uma criação artificial de Ryad, que tem facilitado bastante sua inserção em regiões povoadas por esta "etnia" sectária e secular. Em territórios sem a presença de Estado algum, devastadas pela invasão ianque ou pela guerra civil, as lideranças do EI se impuseram como Estado armado, embora sem grandes vínculos históricos e culturais com a região. Seu comando maior é composto por antigos coronéis do exército de Saddam Hussein, mercenários do Qatar e Kuwait, oficiais jordanianos treinados pela CIA contra a OLP e milicianos europeus. Também foi verificada a presença de judeus da África à serviço do Mossad , no corpo do EI. É completamente equivocada a comparação das ações militares protagonizadas pelo Talibã com os atos terroristas do EI. Os talibãs eram um governo constituído há décadas em um determinado país, tinham relações históricas com o povo afegão do qual eram parte cultural integrante e não forasteira, se foram apoiados em sua versão original "mujahideen" pelos EUA para derrotar os soviéticos isto é outra estória... O ataque as torres gêmeas (sede da CIA e portanto um alvo militar) e ao Pentágono foi uma resposta militar não convencional de um país atrasado atacado primeiramente por uma potência imperialista, mísseis lançados de navios norte-americanos atingiram Cabul alguns anos antes matando centenas de pessoas. O fato do governo Talibã ter recorrido a Al Qaeda (seria impossível para um país colonial disparar foguetes de caças ou navios que não possuía) para operar o ataque nos EUA não desfigura a essência nacional e anti-imperialista do acontecimento. Afirmar que o 11 de Setembro e o 13 de novembro foram quase a mesma coisa não passa de uma total ignorância histórica, útil as "teorias" revisionistas que rejeitam admitir que os EUA sofreram sua maior humilhação militar depois de Pearl Harbor na década de 40.

Para os Marxistas Revolucionários caracterizar precisamente ações militares das nações oprimidas contra os centros imperialistas, separando-as dos reacionários atos terroristas de grupos fundamentalistas católicos ou islâmicos, é uma tarefa fundamental para o movimento operário mundial. O imperialismo continua sendo nosso principal inimigo, mais além de todo o discurso "civilizatório ocidental". Sabemos bem quem irradia o terror em todo o planeta, conspirando contra os povos e suas conquistas históricas, seu endereço é conhecido de todo militante antiimperialista!