quinta-feira, 17 de setembro de 2015


SYRIZA RECORRE AO “FANTASMA DA VOLTA DA DIREITA” PARA CHANTAGEAR O VOTO ÚTIL NA SOCIALDEMOCRACIA CONVERTIDA A TROIKA: VOTAR NO KKE CONTRA AS ILUSÕES DA “TRANSIÇÃO PACÍFICA” DO REGIME DA DEMOCRACIA DOS RICOS AO SOCIALISMO!

As mais recentes pesquisas de opinião indicam empate técnico entre o Syriza e a Nova Democracia nas eleições parlamentares que ocorrerão na Grécia neste domingo, 20 de setembro. Esse resultado armado artificialmente pelos grandes meios de comunicação servis ao imperialismo reflete deformadamente o giro à direita provocado pela completa submissão do governo de Alexis Tsipras as imposições da Troika, com a celebração de um novo memorando que avançou nas privatizações e nos ataques as conquistas sociais. O grande “trunfo” de Tsipras é que ele se apresenta como o melhor gerente para garantir o processo de renegociação da dívida, previsto para recomeçar em outubro, porque aposta em uma política de colaboração de classes, mas a direita e da extrema-direita (Aurora Dourada) vem crescendo eleitoralmente nos últimos dias. Neste cenário de extrema polarização, o Syrzia recorre ao “fantasma da volta da direita” para chantagear o voto útil na neosocial-democracia convertida à gerência servil a Troika. Segundo todas as sondagens, os “dissidentes do Syriza” que formaram a Unidade Popular (UP) chegam no máximo a 3,5% dos votos podendo até mesmo não ingressar no parlamento que impõe a cláusula de barreira de 3%, o que significa que os eleitores do Syriza optaram por continuar votando em Tsipras ou mesmo se abster, apesar da UP ter o apoio da esmagadora maioria dos grupos revisionistas do trotskismo como a CMI de Allan Woods e a CIT de Peter Taaffe. Todas as correntes revisionistas que semearam ilusões na última cartada política do Syriza, o referendum-farsa denunciado pelo KKE e a LBI, agora migram para a UP. Este novo partido não passa de uma versão requentada da receita socialdemocrata que o Syriza apresentou em janeiro, buscando conciliar os interesses dos capitalistas nacionais com o povo espoliado, através da bandeira do retorno da moeda nacional (o Dracma), prometendo no máximo nacionalizar bancos e algumas indústrias para criar um “Estado forte” que sirva a sua frágil burguesia nativa. Por sua vez, o Partido Revolucionário dos Trabalhadores (EEK) que mantém relações diplomáticas oportunistas com o PO argentino depois da implosão de sua “Internacional” (CRCI) está coligado com o ANTARSYA. Este agrupamento quase conformou a UP, porém acabou não ingressando por questões de aparato e não por divergências com sua estratégia social-democrata de esquerda na medida que defende as eleições como via para se chegar ao socialismo. A Fração Trotskista (PTS argentino e MRT no Brasil) também apoia o ANTARSYA, mesmo reconhecendo que este agrupamento não defende a “perspectiva de um governo operário”. Na verdade o ANTARSYA mantém e patrocina ilusões no regime da democracia dos ricos e não a ruptura revolucionária com o modo de produção capitalista, da mesma forma como faz a FIT na Argentina completamente adaptada ao regime da democracia burguesa. Dentro desta realidade o mais justo e correto para os interesses do proletariado grego neste momento é apoiar as candidaturas classistas do KKE contra Tsipras-Syriza, os velhos partidos da ordem e a “nova esquerda” domesticada representada pela UP e a ANTARSYA. A tarefa central que se mantêm neste cenário é apontar que o caminho dos trabalhadores e do povo grego para barrar os ataques impostos pela Troika e o governo do Syriza não são as eleições e sim a mobilização direta, suas greves e lutas pela nacionalização dos bancos, indústrias, portos e aeroportos sob o controle dos trabalhadores e de conselhos operários para lançar as bases para a construção de um poder de novo tipo, um Estado Operário, forjando uma alternativa revolucionária trabalhadores da cidade e do campo.

Na reta final da campanha, Alexis Tsipras fez seu pricipal comício no centro de Atenas com a presença de Pablo Iglesias, do Podemos, Pierre Laurent, do PCF, e Gregor Gysi, do Die Linke, ou seja, com a “esquerda” domesticada e socialdemocrata que na Europa via gerenciar a crise capitalista. Já A UP que agrega os “dissidentes do Syriza” conquistou o voto do ex-ministro da economia do governo Tsipras, Yanis Varoufakis, homem que comandou as negociações com a Troika até a véspera da assinatura do memorando. Em uma declaração pública Varoufakis revelou que votará em dois ex-colegas de governo, Nadia Valavani e Costas Isychos, antigos vice-ministros das Finanças e da Defesa e agora candidatos da Unidade Popular. Como se observa, estamos diante de um engodo montado por várias organizações reformistas, sociais-democratas e revisionistas do trotskismo para mais uma vez trair a luta dos trabalhadores gregos e ceder às chantagens das potências capitalistas. 

O KKE apesar de suas limitações programáticas se manteve "limpo" de todas as manobras da social democracia, reunindo a autoridade política necessária para liderar os levantes populares pela conquista do poder operário, para além das arapucas eleitorais. Historicamente sempre fomos críticos da política do KKE por centrar suas ações de massa na pressão ao parlamento burguês, consideramos que a PAME, conjunto de sindicatos dirigidos pelo KKE e que tem peso social e político entre a classe operária deve neste momento ser o polo de resistência classista a política de subserviência a Troika de Tsipras-Syriza e da plataforma de colaboração de classes da UP e da ANTARSYA. Estamos pelo estabelecimento de uma frente única com KKE que também se converte em apoio eleitoral na disputa legislativa deste 20 setembro, cabendo aos genuínos trotskistas intervir neste processo para que os ativistas combativos e militantes que se proclamem leninistas superem no curso da luta política e ideológica os limites da posição do stalinismo e avancem pela senda de um programa revolucionário que coloque na ordem do dia a expropriação da burguesia, das transnacionais e a revolução proletária.