segunda-feira, 3 de agosto de 2015


"CAÇA ÀS BRUXAS" DA DIREITA AVANÇA NO PAÍS: BOMBA NO INSTITUTO, "REPRISÃO" DE DIRCEU E OS PRÓXIMOS PASSOS... ENCARCERAMENTO DE LULA E ATAQUE AOS SINDICATOS

A ofensiva da direita avança a passos largos no país. Com a convocação de novas marchas da reação para meados de agosto bandos fascistas resolveram "antecipar o calendário" e promoveram um atentado terrorista a bomba na sede do Instituto Lula em São Paulo na noite da última quinta-feira (30/07). A mídia corporativa, governo Alckmin e o próprio ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, não deram muita importância ao fato por se tratar de "um artefato caseiro". Os jornalistas mercenários da Globo chegaram a afirmar que a "bomba artesanal apenas causou uma pequena mossa no portão do Instituto", enquanto Cardoso não "descartaria motivação política no atentado", parece cômico porém é trágico para o direito conquistado com muito sangue das limitadas garantias democráticas no Brasil. Por acaso já esqueceram das "bombas caseiras" que eram lançadas por comandos fascistas contra centenas de bancas que vendiam os jornais da esquerda no início da década de 80. E a "bomba caseira" na sede nacional da OAB que matou a funcionária Lyda Monteiro. Por acaso não foram estes "artefatos artesanais" que deram lugar a bomba do Rio Centro, fabricada nos porões do próprio Comando Militar do Rio de Janeiro. Na sequência da completa letargia do Planalto (e também da esquerda petista) após o simbolismo político do ataque fascista a entidade fundada por Lula, a famigerada Operação Lava Jato retoma as prisões das lideranças históricas do PT, levando José Dirceu a esdrúxula situação da "reprisão", ou seja, encarcerar alguém que já se encontra sob o regime da prisão domiciliar. A acusação contra Dirceu foi baseada nas "delações premiadas contra o PT", apontando a empresa de consultoria do ex-ministro de Lula como beneficiária de "comissões" pagas por empreiteiras. O "curioso" no fato da acusação dos procuradores federais é que Dirceu teria recebido as tais propinas quando já cassado pelo Congresso e processado pelo " Mensalão ", ou seja, mesmo excluído do governo e preso Dirceu teria a capacidade de operar o chamado "Petrolão". O Juiz Moro chega ao absurdo de acusar Dirceu de ter iniciado o processo de corrupção no interior da Petrobras. Sabemos muito bem que a corrupção nas empresas estatais e demais instituições republicanas não são criação dos governos da Frente Popular, são um produto sistêmico do modo de produção capitalista, embora o PT tenha dado continuidade a este mecanismo alimentado pelo mercado e a chamada "iniciativa privada". Não nos parece justo atribuir exclusivamente as gerências petistas as atuais dificuldades da Petrobras, foi a na era da privataria tucana que a estatal acumulou suas piores perdas, incluindo a perda do monopólio na exploração do óleo em território nacional. Se Moro pretendesse realmente apurar a origem da relação promíscua entre as empreiteiras e a estatal deveria começar por investigar a fundo o período do regime militar, passando por Sarney e tendo como ápice o governo FHC. A tucanalha embolsou bilhões de dólares das multinacionais do petróleo para quebrar o monopólio que fazem das eventuais "propinas" pagas ao PT um "cofrinho infantil de moedas". Entretanto a questão de fundo não é "monetária" e sim política, a Lava Jato tem um objetivo determinado de criminalizar as lideranças de esquerda, particularmente o PT, impulsionando uma histeria reacionária no país. É claro que o pano de fundo para fomentar a atual ofensiva fascista reside na política neoliberal do governo Dilma, atacando direitos sociais e promovendo o sucateamento estatal em favor dos monopólios imperialistas. Neste contexto em que o povo se sente traído por um governo que aplica o programa econômico do candidato tucano derrotado nas últimas eleições, florescem iniciativas reacionárias de todos os lados. Dilma segue "impávida" a profunda crise política, cedendo espaços políticos e a própria plataforma econômica de seu governo para o capital financeiro. A hipótese de um golpe de estado é minoritária no planejamento tático do núcleo duro Demo-tucano, mantém- se a posição do "sangramento" no marco do calendário institucional. Neste "cabo de guerra" de completa fragilização do PT, não há recuo das forças da direita que agora preparam uma manobra mais ousada, a prisão do ex-presidente Lula pelas mãos da Lava Jato, possivelmente já batizada de operação "Brahma". Este arriscado passo, que nada tem de fundamentação jurídica, está condicionado à própria dinâmica da crise política, precisamente a evolução das marchas urbanas contra o governo Dilma. Se ganham contornos multitudinários, impactando o Congresso Nacional a Lava Jato tende a avançar contra dirigentes nacionais petistas que não detém o foro especial do STF, caso de Lula e alguns de seus ex-ministros. Também se especula a prisão de lideranças sindicais ligadas à CUT e ao PT, já citadas na Lava Jato como a dos diretores do Sindicato dos Bancários de São Paulo e dos Metalúrgicos do ABC. Sem avalizar por um só momento a política desastrosa do PT e tampouco a gestão monetarista da presidente Dilma, até o momento "preservada" pela elite conservadora tucana, o movimento de massas deve ganhar as ruas para combater a escalada da direita e do fascismo, que mais cedo do que tarde se voltará contra o conjunto da vanguarda operária em nosso país.

A estapafúrdia " tese" de que foi Dirceu quem "fundou" o esquema de propinas na Petrobras nomeando os diretores corruptos não é tão ingênua como parece ser, tem como link comprometer juridicamente o primeiro governo Lula. A "lógica" da operação Lava Jato, pelo menos na instância comandada por Moro, não consegue esconder que seu "gran finale" será mesmo conquistar o "troféu" Lula. O combalido Dirceu, abandonado a própria sorte pelo atual staff palaciano petista desde a sua condenação no processo farsa do Mensalão, representa apenas uma "ponte" para chegar a Lula. A provável prisão da principal expressão política e eleitoral do PT não terá como fim uma condenação para Lula, deve ser breve (provisória ou temporária) mas com um forte impacto midiático e consequências eleitorais imediatas. Com Lula fora das próximas eleições presidenciais o governo Dilma ganharia um salvo conduto para "sangrar" até o final do mandato, já que uma derrota do PT seria líquida e certa.

A variante de um Lula "fora do jogo", preso e desmoralizado como mais um corrupto burguês, a exemplo do que ocorre hoje com Dirceu, é a mais interessante para a oposição conservadora ligada à Washington no sentido que permitiria a Dilma finalizar o ajuste neoliberal contra o povo trabalhador. Os Tucanos assumiriam o governo central em 2018 de um país arrasado pela recessão e desemprego, aparecendo como os "salvadores da pátria". Isto sem falar na dizimação da bancada parlamentar do PT no Congresso Nacional, facilitando inclusive uma revisão geral dos direitos mais elementares inscritos na atual constituição.

Muitos companheiros da esquerda classista diante da tempestade de denúncias contra Dirceu, envolvendo cifras financeiras muito acima da média salarial percebida por qualquer trabalhador, devem estar se perguntando porque se colocar politicamente contra a Lava Jato. Acontece que mesmo sem conceder a Dirceu, qualquer atestado de idoneidade política ou moral, devemos nos postar no rumo inverso da atual ofensiva ideológica direitista da qual a operação Lava Jato é apenas um dos instrumentos institucionais. Não por coincidência a Lava Jato começa a se voltar contra a imprensa sindical e a chamada blogosfera de esquerda. O sítio 247, que apoia o governo Dilma, começou a ser intimidado pelo Juiz Moro sob a acusação de ter recebido 180 mil Reais de agentes das empreiteiras. Se não podemos depositar confiança política alguma nos dirigentes petistas, artificies da estratégia de colaboração com a burguesia nacional e setores das oligarquias regionais corruptas, também não se pode embarcar na canoa falsamente moralizadora da Lava Jato que abre as portas para o frenesi reacionário das elites racistas contra o conjunto da esquerda.