domingo, 12 de abril de 2015


OS COXINHAS DA REAÇÃO PUXAM O FREIO NA PAULISTA: PROTESTOS SÃO GENERALIZADOS NO PAÍS MAS BEM MENORES DO QUE O 15 DE MARÇO

A grande expectativa deste domingo estava mesmo focada sobre a capacidade de mobilização dos "coxinhas da reação" em relação a concentração na Av. Paulista, epicentro simbólico da direita brasileira. Já se tinha um prognóstico consolidado que os protestos pelo impeachment de Dilma iriam se generalizar no país, porém perderiam força política e número de participantes em função da própria conjuntura nacional. Mas a "Paulista" poderia apresentar ainda alguma surpresa, posto o nível concentrado de ódio da classe média alta "quatrocentona". A própria Folha de São Paulo publicou na véspera uma suposta pesquisa indicando o crescimento da impopularidade do governo Dilma, destonando um pouco de outros editoriais da mídia "murdochiana" bem mais comedidos. Portanto o ato pelo impeachment na Paulista seria um medidor político não só do próprio dia 12, mas fundamentalmente do fôlego das próximas mobilizações a serem convocadas. Dilma e Lula trabalharam bastante no sentido de "roubar" a agenda neoliberal da oposição tucana, reforçando ainda mais a percepção no interior da oposição conservadora de que não é hora de levantar a bandeira do impeachment. As organizações colaterais da tucanalha, como o MBL e o VPR entre outras do gênero "mauricinho" seguiram esta linha e "puxaram o freio", chegando a anunciar que não planejam convocar outras manifestações no horizonte mais próximo. O resultado numérico e político deste dia 12 não apresentou grandes "novidades", sequer na "QG" da Paulista. Cerca de cem mil manifestantes furiosos contra o PT marcharam na avenida que outrora abrigou as mansões dos barões do café, contrastando com quase um milhão no último dia 15 de março. O momento de "refluxo" da onda direitista coloca a necessidade do movimento de massas ganhar as ruas com uma grande ofensiva política, não para apoiar a pauta de atrocidades neoliberais do governo Levy/Temer. É preciso ocupar multitudinalmente a "Paulista" (e todas as praças deste país) das lutas dos trabalhadores com um programa classista em defesa de nossos direitos e conquistas históricas ameaçadas pelo conluio burguês formado entre petistas e tucanos e a "base aliada".

A constatação de que as manifestações recuaram significativamente não eliminou a análise do caráter de descontentamento social generalizado que existe em todo país em relação ao governo Dilma. Afinal somente os que se beneficiam diretamente do aparelho de estado estão defendendo as medidas de arrocho e austeridade impulsionadas pela Frente Popular. O discurso de que o "ajuste" é necessário só convence idiotas e os falsos idiotas, como a anturragem palaciana. O "núcleo duro" da audiência dos protestos continua a ser uma classe média vazia de um consumo sem limites e disposta a encontrar uma razão para justificar sua existência, esta "motivação de vida" passa a ser o ódio ideológico a tudo que lhe pareça de esquerda e em defesa da população mais pauperizada. Como o PT ainda verbaliza uma postura "popular de esquerda" e controla um governo que "democratizou" as propinas para uma enorme gama de agentes estatais passou a ser o centro da ira dos que pensam ser a "elite nacional". Porém existe na base deste fenômeno que "libertou os fantasmas da escravidão" uma forte desilusão dos trabalhadores com o projeto de poder que centraliza suas ações para atender as demandas do capital financeiro.

A forma de "defesa da ética" em que se revestem as manifestações contra Dilma são na verdade uma cortina de fumaça das camadas sociais que mais se locupletaram com a corrupção no país, e não estamos falando somente dos partidos da direita como o DEM e o PSDB. Dezenas de milhares de "mauricinhos" que hoje lotam as ruas contra o PT são a prova viva da ascensão social de setores beneficiados com a corrupção estatal em todas as esferas desta República. Estes segmentos reacionários da "elite social" não estão muito preocupados com a atual crise econômica, ao contrário, nunca ganharam tanto dinheiro nos mais de doze anos dos governos petistas, mas diante do quadro de pré-recessão (acentuado com o "tempero" Levy) aterrorizam as camadas inferiores da pequeno- burguesia que acabam por atender ao chamado político dos "coxinhas" para protestar contra o governo.

Segundo a "leitura" do novo ministro da Articulação Política (Temer) acerca da dimensão dos atos de hoje, o fato de terem sido menores "abre espaço para o governo trabalhar", vindo da boca deste canalha podemos esperar mais um "pacote de maldades" que será enviado ao Congresso Nacional no curto prazo. É exatamente nesta trilha que Dilma e Lula pretendem arrefecer o ímpeto da oposição tucana, demonstrando a burguesia nacional que são os melhores gestores do ajuste neoliberal. Se de um lado o governo teve um relativo êxito político no dia de hoje, a tendência nacional aponta que seguindo a senda dos "comandantes" Levy/Temer o descontentamento popular tende a acumular, e quando destravado poderá produzir efeitos inesperados...