segunda-feira, 23 de março de 2015


PROFESSORES-SP: DERROTAR O ARROCHO SALARIAL IMPOSTO PELO “OPUS DEI” ALCKMIN E SUPERAR A POLÍTICA DE CONCILIAÇÃO DA DIREÇÃO DA APEOESP (PT)!

A greve dos professores de São Paulo completou uma semana enfrentando a política repressiva do governo Alckmin com a adesão de 50% da categoria. Para a mobilização ser vitoriosa os trabalhadores também tem enfrentado a orientação da direção da APEOESP, controlada pela Articulação (PT), que limita o combate dos professores a uma disputa política-eleitoral com os tucanos, tendo em vista o quadro de polarização que encontra-se o país desde as marchas contra Dilma de 15 de março. Na sexta passada, 20/3, houve um grande assembleia com mais de 30 mil que deliberou pela manutenção da greve e um novo encontro está prevista para dia 27. A adesão à greve vem crescendo, mesmo com o grande bloqueio midiático, que ignorou por completo a grande manifestação de sexta, todo o contrário da cobertura da Rede Globo na reacionária marcha “verde-amerela”. A paralisação encontra-se em um momento decisivo, Alckmin e o Secretário de Educação, Herman, declararam publicamente que não reconhecem a legitimidade da greve, alegando que a APEOESP não é representativa. Ao mesmo tempo Herman emitiu orientações para todas as diretorias de ensino para que substituíssem professores grevistas por professores eventuais, uma ação coordenada de todo o governo para atacar o legítimo direito de greve dos professores. A política do Opus Dei Alckmin é não reconhecer nem o sindicato, nem a greve, com o objetivo de desgasta-la e derrotar os professores, mostrando mão dura que o credencia junto a burguesia como o candidato preferencial da classe dominante em 2018, no lastro do desgaste do PT. Nesse sentido é preciso cobrir a greve dos professores de São Paulo da mais ampla solidariedade, organizando assembleias democráticas que expressem os comandos de base da greve, organismos que não são controlados pela Articulação (PT). Não por acaso, Bebel, a presidente da APEOESP, foi vaiada várias vezes na última assembleia devido as seguidas traições a categoria e sua política de subordinar a mobilização a política de colaboração de classes da Frente Popular. Um momento decisivo para enfrentar Alckmin e superar a política do PT será o 26 de Março, dia nacional de luta pela educação. Desde o Núcleo dos Professores da LBI apoiamos a greve e defendemos a reabertura de todas as 3,3 mil salas de aula fechadas neste começo de ano pelo governo Alckmin, o fim da “quarentena” e “duzentena” (que obriga os professores temporários demitidos a ficarem até 200 dias sem novo contrato), a reposição das perdas salariais com 75% de reajuste para equiparar os professores aos demais profissionais de nível superior e a redução da jornada! Somente através da luta direta derrotaremos o governo tucano que melhor representa a direita reacionária em nosso país e fortaleceremos a luta contra o ajuste fiscal que Dilma-Levy estão aplicando contra os trabalhadores, forjando uma alternativa revolucionária dos explorados!

A greve dos professores de São Paulo começou poucos dias após o encerramento da paralisação dos trabalhadores em educação do Paraná. Em nenhum momento a CUT ou a CNTE convocaram a unificação destas lutas em um calendário comum e, muito menos, uma paralisação nacional de solidariedade. Com o recuo dos professores do Paraná, o canalha Beto Richa (PSDB) voltou a ofensiva contra os trabalhadores. Esta lição demonstra que para derrotar o também tucano Alckmin e sua política de arrocho faz-se necessário superar a política de colaboração de classes do PT. Tanto as direções sindicais cutistas como o governo Dilma, mesmo ameaçado, preferem pactuar com a direita a ver o movimento de massas na ruas que possa inclusive fugir ao seu controle.

Neste momento em que os professores municipais de Curitiba aprovaram indicativo de greve para o começo de abril e, no Pará, a paralisação foi deliberada para começar neste dia 23, cabe a unificação das lutas. A unificação da categoria em todo o país é, sem dúvida alguma, a pedra de toque da construção de uma vigorosa mobilização dos trabalhadores em educação, capaz de criar uma correlação de forças que possibilite arrancarmos um verdadeiro piso salarial nacional. Para que de fato possamos construir um amplo processo de mobilização da categoria que culmine em uma poderosa greve nacional da educação é imprescindível superar a política de traição das direções governistas da CNTE/CUT.

Do ponto de vista mais amplo, o que permitiu a burguesia passar a ofensiva nos últimos meses foram justamente as seguidas derrotas impostas ao movimento operário e popular em São Paulo e no próprio âmbito nacional. Já em 2012, Alckmin lançou uma brutal ofensiva repressiva contra a ocupação urbana no Pinheirinho. A PM sob o comando do tucanato derrotou um símbolo histórico da resistência popular no estado. Logo após, em 2013, houve a desocupação da Reitoria da USP pela polícia sob a acusação que os estudantes e seus apoiadores eram terroristas e vândalos, política que foi ampliada da repressão aos Black Bloc durante as Jornadas de Junho. De lá para cá, Alckmin vem aprofundando a perseguição aos movimentos sociais, política que é extremamente facilitada pela orientação de completa paralisia imposta pela CUT, UNE e as demais centrais “chapa branca”. No âmbito do governo da capital paulista, o PT leva a cabo uma gestão burguesa que é completamente submissão a política de repressão do PSDB. O fato de ambos terem criminalizarem o movimento “Não Vai ter Copa” e buscarem derrotar pela força a greve dos rodoviários e depois dos metroviários mostra bem que a frente popular pavimenta o caminho para o fascismo. Quando o ciclo econômico de crédito fácil patrocinado pelo PT se esgotar e a crise econômica se aprofundar com a recessão, esse modelo implementado em São Paulo vai ser ampliado a nível nacional como opção preferencial da burguesia.

A perspectiva que apontamos se torna ainda mais evidente na medida em que o próprio PT vem fazendo uma gestão bem mais à direita no segundo mandato de Dilma, completamente refém das oligarquias regionais e dos ditames do imperialismo ianque. O esgotamento do modelo econômico patrocinado pelo PT vem gerando um quadro de ataque as mais elementares conquistas sociais, vide o ajuste neoliberal de Levy. Se a classe operária não conseguir resistir a estas investidas (o que exigiria superar as próprias direções políticas e sindicais controladas pelo PT e PCdoB), a tendência é que os setores mais reacionários da burguesia sintam-se mais à vontade para derrotar a frente popular se apoiando em uma classe média extremamente hostil ao povo pobre e até mesmo as “políticas sociais” do governo petista. A tendência fascistizante que vem crescendo no país é a base desse novo eixo de poder conservador. Não se trata de escolher o “mal menor” entre as opções burguesas (PT versus PSDB) mas de se preparar como uma saída política classista e revolucionária para uma transição onde os ataques ao movimento de massas tendem a se aprofundar.