domingo, 15 de março de 2015


"Ajuste" de Levy foi quem mais convocou para encher as ruas neste domingo 15   

Não se pode "tapar o sol com a peneira", por mais que a mídia corporativa tenha exagerado em suas estimativas de público, os atos contra o governo Dilma deste domingo 15 galvanizaram setores sociais mais amplos do que a tradicional e reacionária classe média que ensaiaram o "panelaço gourmet" do último domingo. Embora o escopo central das manifestações pelo impeachment continue sendo ultrarreacionário, englobando segmentos fascistas que pedem o retorno do regime militar, não se pode negar que o duro "ajuste" fiscal da equipe econômica palaciana empurrou uma faixa de trabalhadores atingidos diretamente pelo "tarifaço Dilmista" a engrossar os protestos. O grande número de afluência na Av. Paulista, cerca de um milhão de pessoas, reflete esta "fusão" de elementos políticos, ou seja, um numeroso núcleo da classe média raivosa contra o PT e simpática ideologicamente a tucanalha somada a um setor mais popular relativamente disperso que começa a enxergar na saída de Dilma uma "trégua" nos ataques a seus direitos sociais. Ainda é cedo para abstrair um balanço político mais preciso sobre o impacto destas mobilizações na perspectiva da governabilidade da Frente Popular. Porém um questão já está cristalina, se Dilma seguir o caminho da ofensiva neoliberal contra as massas, comandada pelo seu timoneiro Levy, as manifestações pelo impeachment tendem a se avolumar numérica e socialmente inviabilizando o término de sua gestão estatal. A oposição conservadora recebeu o "recado" das ruas e agora deve assumir claramente uma posição mais agressiva pelo impedimento da presidenta. Neste cenário de profunda instabilidade do regime, apesar do governo contar hoje com uma folgada maioria no Congresso Nacional tudo pode acontecer, inclusive uma inesperada renúncia unilateral de Dilma. Resta aguardar o próximo passo da cúpula do PT e da anturragem dilmista, se marchará em linha reta para seu próprio cadafalso ou tentará reverter minimamente o delicado quadro da conjuntura nacional adotando medidas elementares em favor do povo brasileiro. Com a palavra o governo...

Mas ao que tudo aponta a trilha programática do governo Dilma já está muito bem delineada com o norte voltado para Washington. Em meio ao cerco político o Itamaraty acaba de anunciar um encontro entre Dilma e Obama, sinalizando o restabelecimento pleno das relações diplomáticas e comercias entre Brasil e os EUA, "arranhadas" com o escândalo das escutas da CIA no Planalto e os acordos econômicos celebrados com os BRICS. Com o "cardápio" imposto pelos barões do capital financeiro de Wall Street será impossível para o governo Dilma reagrupar forças para reagir as mobilizações da direita e congêneres que começam a atrair a simpatia popular.

A corja de Levy continua intocável e chega mesmo a ameaçar o corrupto Congresso Nacional com sua renúncia caso o parlamento não avance ainda mais no "ajuste" neoliberal. É muito provável até que estes ratos pulem fora do barco quando pressentirem o naufrágio completo do governo Dilma, mas ai será mesmo o "sinal" definitivo do "default" político da Frente Popular. É bem verdade que existe ainda muita coisa a ser feita por estes patifes do "sacrossanto" mercado ... como a destruição da Petrobras e a entrega substancial das reservas cambias para os piratas rentistas.

O tempo político do governo Dilma está se esgotando rapidamente, os atos de hoje aceleraram muito este fator, que mesmo contando com a ajuda criminosa da mídia "murdochiana" e com as "catracas livres" do Opus Dei Alckmin não podem ser ignorados. A dinâmica dos protestos a partir de hoje estará homogeneizada sob a "bandeira" do impeachment. A tucanalha saliva com a renúncia de Dilma, embora sua tática do "sangramento" deverá prosseguir até que se complete as linhas fundamentais do "ajuste". O movimento de massas deve dar uma resposta imediata a esta situação que pode desembocar com ataques mais profundos as conquistas históricas do proletariado. É necessário organizar imediatamente um dia nacional de paralisação, focado na luta por direitos sociais e contra o "ajuste" neoliberal.