sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015


Sob inércia do ministro Eduardo “Soneca” Cardozo, PF e a “República de Curitiba” preparam indiciamento de Dirceu na Operação “Lava Jato”

No ápice da crise de Vargas em 1954 um bordão foi popularizado por ser tratar de um verdadeiro poder paralelo por cima do governo nacionalista sob intenso cerco do imperialismo, estamos falando é claro da "República do Galeão". A base aérea do Galeão (RJ) foi convertida no "quartel general" da oposição reacionária a Vargas, que contando com o apoio dos militares, expediam mandatos de prisão além de promoverem interrogatórios "coercitivos" a militantes políticos ligados ao PTB. O então gabinete de Vargas mostra-se completamente impotente diante da sanha furiosa e inconstitucional da "República do Galeão", que contava com o apoio entusiástico da famiglia Marinho. Qualquer semelhança histórica com o que está ocorrendo hoje na famigerada operação "Lava Jato" não é mera coincidência. Desde Curitiba e com "amplos poderes" o Juiz federal Sergio Moro e sua equipe de procuradores comandam um enorme espetáculo midiático que supostamente visa combater o "mar de lama" instalado no seio da Petrobras. Porém parece mesmo que o objetivo da "Lava Jato" está bem distante de princípios "éticos", busca realmente destruir a maior empresa estatal do país e de quebra criminalizar os dirigentes do PT como "bandidos corruptos". O "gancho" jurídico da "Lava Jato" parte de uma evidência inerente ao próprio sistema capitalista da tão louvada "iniciativa privada", ou seja, todos os gestores do Estado burguês (sem exceção alguma!) recebem "comissões" das grandes empresas capitalistas. Não foi o PT, tampouco o PSDB que criaram as chamadas "propinas", estas existem desde o nascimento da república "democrática" (no mínimo!) e infestam todas os setores do Estado Nacional (desde pequenas prefeituras até a maior estatal do Brasil). As "comissões" são o mecanismo moderno para a realização do acúmulo patrimonial da elite política dominante e só podem ser eliminadas integralmente com a transformação revolucionária do modo de produção capitalista, qualquer "medida moralizadora" que não aborde esta questão fulcral não passa de demagogia barata geralmente manipulada politicamente por segmentos da direita. A “caça às bruxas" em curso, sob a maquiagem jurídico policial, está focada em paralisar o crescimento da Petrobras em áreas estratégicas como o refino industrial do óleo cru (incluindo o "Pré-sal") e química fina, que precisam de grandes obras tocadas justamente pelas empreiteiras nacionais. Como o juiz Miro sentiu-se amplamente amparado pela venal mídia corporativa em sua empreitada contra os interesses do país e posteriormente constatou que o próprio ministro da justiça, o petista Eduardo Cardozo, não lhe impunha nenhum limite resolveu instalar um poder paralelo por cima das próprias "instituições". Trata-se da "República de Curitiba" que agora elegeu como alvo político o PT, neste rumo Moro deu seus primeiros passos na direção de Vaccari e José Dirceu, sendo que este já responde centralmente por outra farsa jurídica, o "Mensalão", baseado na mesma hipocrisia burguesa de que só o PT neste país recebe "comissões"...

Se Moro e a Operação "Lava Jato" sinceramente pretendesse apurar a remessa de Dólares para o exterior (fruto das "comissões" generalizadas) começaria pelo escândalo do Banestado, que evadiu do país nada menos do que a soma de $20 bilhões de Dólares. Mas é claro que onde as digitais da tucanalha estejam presentes, neste caso de caciques como Álvaro Dias e Beto Richa, não haverá nenhuma investigação. Nem pensar é óbvio procurar saber onde FHC, Serra e sua gang enfiaram as "comissões" da privataria, as maiores recebidas desde a chegada de Cabral a costa brasileira. Para Moro a corrupção estatal foi uma "invenção genuína" do PT e o que é pior aplicada atualmente no âmbito exclusivo da Petrobras. A velha "República do Galeão" tinha como uma de suas revanches políticas contra Getúlio a fundação da Petrobras em 1953, um "ousado" projeto nacionalista burguês que monopolizou extração e produção de derivados do petróleo no Brasil. Passados mais de 60 anos a "Lava Jato" também quer se "vingar" do projeto que estava em pleno andamento na Petrobras, a ampliação de nossa reduzida capacidade de refino do óleo cru reduzindo assim nossa dependência internacional na importação de nafta, diesel e querosene para aviação. A paralisação das plantas industriais da Petrobras no Nordeste e Campos (RJ) causarão um prejuízo imensurável ao país e a própria estatal, do qual as "propinas" embolsadas por meia dúzia de diretores corruptos não representa sequer 0,001%!

Para a "República de Curitiba" obter o resultado a que se propõe, "desmembrar" a Petrobras a serviço da ExxonMobil, é necessário desmoralizar o núcleo político que tenuemente pensou em alargar as fronteiras da estatal, embora ainda muito distante de um projeto radicalmente nacionalista. Por isso volta a cenário nacional a figura de José Dirceu, considerado o "capo" formulador da corrente "Articulação", hegemônica no universo das tendências internas do PT. Agrupado em outra força política petista denominada de "Mensagem ao Partido" o ministro da justiça perdeu (ou deixou ser derrotado por outros interesses como uma vaga no STF) o controle institucional do principal órgão de sua pasta, a Polícia Federal. O comando nacional da PF neste momento "bate continência" ao juiz Sergio Moro, sendo Eduardo "Soneca" uma figura decorativa na hierarquia do órgão. Neste quadro de instabilidade do "Estado de Direito", elemento básico de qualquer regime democrático burguês, onde a oposição direitista Tucana dirige de fato a PF e parte do Ministério Público, o movimento de massas vive dias de profunda apreensão política.

Não faltam os falsos "esquerdistas" úteis a reação, que vociferam o fato de Dirceu ter elevado bastante seu padrão de vida e bens financeiros. Estes parvos afirmam que se trata de uma "disputa inter-burguesa" e para a "esquerda" tanto faz que o "corrupto" Dirceu seja novamente preso ou não. Como Lenin caracterizou brilhantemente o "esquerdismo não passa de uma doença infantil do comunismo", e neste caso de extrema serventia política para os bandos fascistas que pululam o cenário político nacional. Não se trata agora de discutir o patrimônio acumulado por Dirceu, sabemos muito bem que está bem acima de um trabalhador qualificado, a questão que se coloca é o recrudescimento do regime político em curso, que ameaça não somente o núcleo "duro" petista mas também ao espectro da esquerda revolucionária e as próprias conquistas democráticas de conjunto. Combater o embuste da operação "Lava Jato" representa neste momento unificar na mesma pauta programática a luta contra a ofensiva neoliberal que pretende subtrair nossos direitos sociais e políticos. Defender a Petrobras das garras privatistas da "República de Curitiba" é uma tarefa que deve ser combinada com a defesa incondicional de todos os militantes políticos da esquerda que se postam no campo nacional, democrático e popular.