segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015


Greve na GM: Ocupar a fábrica para barrar as demissões ou “lutar” por um novo PDV, o “conto” da grande vitória, como defende a Conlutas-PSTU?

Os operários da GM de São José dos Campos estão em greve desde a sexta-feira, 20 de fevereiro. Resistem a demissão de 798 trabalhadores anunciadas pela multinacional ianque. Em reunião realizada com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à CSP-Conlutas e controlado pelo PSTU, a GM propôs a abertura de lay-off, por dois meses. Após esse período, todos seriam demitidos. A empresa também propôs, cinicamente como “alternativa”, a demissão imediata de até 798. Em resumo, demissão agora ou daqui a dois meses! O histórico da conduta da direção sindical morenista aponta que ela pretende “arrancar” da empresa um Plano de Demissões Voluntárias (PDV) para apresentar os “benefícios” como uma “grande vitória”. Foi assim nos acordos passados em São José e recentemente esse “modelo” foi aplicado na Volks do ABC pela Articulação Sindical (PT). Em nenhum momento o PSTU defendeu a ocupação da planta e a greve geral da categoria, prefere dizer que “Governo Federal tem de intervir” afirmando “O Sindicato vai reforçar, junto ao governo federal, a reivindicação de que a presidente Dilma Rousseff (PT) edite uma medida provisória garantindo estabilidade no emprego para todos os trabalhadores de empresas que recebem incentivos fiscais, como é o caso das montadoras. Em 2014, o setor automotivo fechou 12 mil postos de trabalho no país, apesar de todos os benefícios recebidos do governo”. No máximo lançou uma carta as demais centrais sindicais propondo a construção de um “dia nacional de paralisação contra as demissões nas montadoras” (site SMSJC, 23.02). Ocorre que as centrais “chapa branca” não estão interessadas em colocar Dilma no centro do furacão, encontram-se dedicadas a tirar a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de SJC das mãos da Conlutas, já que a eleição ocorre nestes dias 24-25 de fevereiro. Uma derrota dos operários da GM pavimentaria o fim do controle do sindicato pelo PSTU (Chapa 1) que quase perdeu a entidade nas eleições passadas pelas seguidas derrotas sofridas na própria GM e na Embraer. Apesar da CUT-CTB (Chapa 2) levarem nacionalmente uma política igual à da Conlutas em SJC criticam a direção do sindicato por não saber resistir as demissões e ser “intransigente”. Em meio a este disputa intra-burocrática o caminho a ser seguido pelos operários é a ocupação da fábrica, a deflagração da greve em todas as fábricas da região do Vale do Paraíba e o chamado a uma paralisação de solidariedade de todas as montadoras do país, já que a Ford também acaba de anunciar a demissão de 420 trabalhadores! Desde a LBI nos solidarizamos com a luta dos trabalhadores da GM e alertamos aos companheiros a não terem nenhuma ilusão no governo burguês da “gerentona” petista. Lembrem-se que Lula não tomou nenhuma medida contra as demissões na Embraer e Dilma fez o mesmo na recente crise na Volks. Esta política suicida da Conlutas-PSTU só levará a derrota! É preciso ter claro que o acordo passado, assinado pelo sindicato, resultou em redução do piso salarial e em demissões por meio do PDV. Houve quem dissesse que foi uma vitória parcial, porque se havia obtido uma estabilidade temporária. Agora, se vê que o acordo serviu apenas à GM! O momento agora é de cobrir da mais ampla solidariedade a greve na GM e estendê-la para outras fábricas da região e demais montadoras para demonstrar a força do proletariado. Para que esta luta possa vencer é necessário superar a política de colaboração de classes da direção do Sindicato dos Metalúrgicos de SJC, controlado pela Conlutas sem depositar nenhuma confiança na “oposição” encabeçada pela pelegada da CUT-CTB. Ao mesmo tempo que defendemos o fortalecimento da greve, com uma campanha nacional em solidariedade a luta dos operários da GM, devemos apresentar um pauta classista para a paralisação que além de impor o cancelamento das demissões dos 798 trabalhadores, contemple a redução dos ritmos de produção e da jornada de trabalho sem redução de salário;  Escala móvel de salários, onde os contratos coletivos de trabalho devam assegurar aumento automático dos salários, de acordo com a elevação dos preços dos carros e a escala móvel por horas de trabalho, para absorver a mão de obra metalúrgica desempregada. Com essa medida o trabalho disponível deve ser repartido entre todos os operários existentes e a repartição deve determinar a duração da semana de trabalho, com o salário médio de cada operário sendo o mesmo da antiga semana de trabalho. Não ao banco de horas! Fim dos empréstimos do BNDES às transnacionais que só engorda os bolsos dos patrões e financia as demissões! Frente à ameaça das demissões da fábrica da GM é preciso defender a estatização da empresa sob controle dos trabalhadores e sem nenhuma indenização. Para isso é preciso organizar nacionalmente uma campanha contra as demissões sem nenhuma ilusão nos inócuos apelos a Dilma sob o eixo da ocupação das empresas que demitirem, assembleias intersindicais unificadas, paralisações de verdade e a construção da greve geral da categoria. É fundamental para enfrentar a ofensiva dos patrões a retomada dos métodos de luta e ação direta, com assembleias massivas democráticas e greves unificadas para arrancar verdadeiros aumentos salariais e fazer avançar a consciência política da classe, a fim de aumentar o potencial de combate contra os seus inimigos de classe que têm imputado derrotas econômicas, sociais e políticas aos trabalhadores.

Lembremos que em janeiro deste ano, quando foi celebrado no ABC o acordo com a Volks que trocou a demissão de 800 operários por um PDV de 2300 trabalhadores, José Maria de Almeida, dirigente do PSTU, classificou a traição perpetrada pela Articulação (PT) desta forma “Termina em vitória a greve da VW - Os 800 demitidos são reintegrados”. Em resumo, naquele momento uma mão lavou a outra, com a burocracia de “esquerda” da Conlutas lavando a cara da burocracia sindical chapa branca da CUT! Esta política foi a mesma aplicada pela GM em 2013 e aceita pelo Sindicato dos Metalúrgicos  de SJC controlado pela Conlutas. Por esta razão, Zé Maria celebrou naquele momento “Os trabalhadores comemoraram efusivamente a aprovação do acordo, apesar de tratar-se de um acordo que, como se pode ver, tem aspectos muito ruins. E estão certos os trabalhadores em comemorar, pois a reintegração dos demitidos era o objetivo fundamental da greve e, na circunstancia em que se deu este conflito, é uma vitória muito importante do movimento. E dificilmente se conseguiria um acordo em condições melhores” (PSTU, 16.01)! Enfim... quem semeia traições colhe vergonhosas derrotas! Como sempre, CUT e Conlutas abriram mão da luta direta e da greve com ocupação de fábrica, único meio para barrar as demissões, para fazer acordos vergonhosos com os patrões! O mesmo se repete agora...

O proletariado, não só da GM de SJC, deve abstrair as duras lições da ofensiva neoliberal do imperialismo em pleno curso no planeta. A classe operária não conseguirá derrotar os ataques do capital com a velha política de colaboração de classes ou lobby parlamentar, seja do reformismo “chapa branca” ou do revisionismo de “esquerda”. Os metalúrgicos da GM de SJC estão ameaçados em seu próprio direito de existência, com o processo de desativação da planta industrial da cidade. Neste momento se faz necessário constituir imediatamente uma comissão de mobilização de base, que aponte para a convocação de uma greve geral com ocupação de fábrica, mesmo neste momento de interregno na produção os patrões nunca admitem a “invasão” de suas “propriedades”. 

Frente a essa realidade é preciso denunciar a escandalosa traição do PSTU na GM, assim como sua política pró-imperialista em nível internacional, preparando a resistência na condição de oposição classista à diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. Para barrar as demissões em massa é necessária, desde já, uma mobilização nacional, unitária e centralizada dos trabalhadores, baseada num programa operário e anticapitalista, capaz de defender os empregos através da greve com ocupação de fábrica. Para vencer, o proletariado precisa superar as direções das centrais governistas e a própria linha política da Conlutas, já que só com sua ação direta e não lançando inócuos apelos a Dilma e aos patrões pode-se derrotar a ofensiva capitalista. É preciso rechaçar as demissões, convocar pela base uma assembleia e deflagrar a greve com ocupação de fábrica, chamando a solidariedade de toda a categoria. Já bastam as derrotas sofridas em São José dos Campos na Embraer e a desocupação do Pinheirinho pela PM, quando o PSTU abortou a resistência através de comitês de autodefesa armados, patrocinando ilusões na justiça burguesa e no Palácio do Planalto! É hora de resistir usando os métodos de luta da classe operária! Tragicamente, o Sindicato leva esta política e em razão disso a "oposição” ligada a CTB-CUT, ganhou internamente na GM as eleições para a diretoria do Sindicato na disputa passada devido às seguidas traições da CSP-Conlutas! Não será surpresa se tal fato se repetir agora! Para a vanguarda classista e revolucionária este é o momento certo para apoiar fortemente esta luta com toda solidariedade política e material e construir uma verdadeira oposição classista alternativa aos pelegos da CUT-CTB.