terça-feira, 18 de novembro de 2014


Final turbulento do primeiro governo Dilma aponta para uma crise política na quarta “gerência” petista

Falta pouco mais de um mês para o final do primeiro mandato da presidente Dilma e o horizonte para sua próxima “gerência” indica dias difíceis e turbulentos, refletindo o quadro político de uma vitória apertada da Frente Popular nas urnas em 26 de Outubro. As manchetes da mídia burguesa, particularmente do núcleo duro do PIG, como o Estadão, Veja, Globo e seus colunistas-escribas já começam a propalar quais seriam os desdobramentos do chamado “Petrolão” investigado pela Operação Lava Jato no apagar de 2014: desaprovação das contas da campanha eleitoral de Dilma pelo mafioso Gilmar Mendes no STF, sangria já no início do “novo” governo do PT para torná-lo muito frágil, reforma política para reduzir o número de partidos com a imposição da cláusula de desempenho para estes terem direito ao tempo de TV e, se a crise política se aprofundar... até mesmo impeachment de Dilma. Esta é a pauta dos sonhos do PSDB e da direita burguesa mas não necessariamente será a realidade dos próximos dois meses. Isto porque Dilma acabou de ser reeleita e o grosso da burguesia (que financiou sua campanha) sabe que esta realidade traria enormes prejuízos políticos e econômicos para seus negócios além de abrir um quadro de profunda desestabilização no país. O que estamos vendo nos noticiários da TV e nos jornalões é uma ofensiva política contra o governo do PT, para que o novo ministério seja totalmente controlado pelos setores mais conservadores da classe dominante, com a nova “gerência” petista se comprometendo a seguir à risca os planos de ajuste fiscal (corte nos orçamentos para programas sociais) e ataques as conquistas rumo a uma transição acordada para o tucanato assumir o Planalto em 2018. A situação vem se polarizando rapidamente via o incremento da “grande” mídia porém o PSDB e a direita golpista não tem força social para impor medidas drásticas como impeachment ou um golpe parlamentar como o paraguaio. O que se deve ter como “saldo” do chamado “Petrolão” é a paralisia das obras de construção das refinarias (o que atende aos interesses do imperialismo ianque), a maior fragilização da Petrobras e uma “reforma política” que ataque ainda mais as liberdades democráticas, com a imposição de cláusulas de barreiras para que os pequenos partidos tenham acesso ao horário eleitoral gratuito. Quanto ao futuro governo Dilma o certo é que será uma gerência de profunda crise, refém dos acordos com as oligarquias reacionárias e incapaz de tomar qualquer medida, mesmo que limitadamente, progressista.

Em meio à crise desatada pelas denúncias das propinas na Petrobras o movimento operário encontra-se em compasso de espera, de fato paralisado. Dilma já promoveu o aumento dos combustíveis que atinge toda a cadeia produtiva e eleva os preço dos produtos de consumo. O BC aumentou a taxa Selic fazendo o gosto dos rentistas e Guido Mantega anunciou cortes no orçamento dos programas sociais. Estas medidas não foram respondidas com protestos populares porque as direções sindicais “chapa branca” apoiam o governo do PT e se limitam a fazer atos em defesa da gerência da Frente Popular e “contra a direita”. O espantalho do “golpismo” é utilizado para estabelecer uma verdadeira “frente única” em defesa do governo Dilma, no máximo pedido pelo atendimento de algumas reivindicações populares (reforma agrária). Este foi o mote da manifestação do dia 13 no MASP. Apesar do PSDB e o PIG não terem força para impor um golpe “cívico” contra Dilma, a Frente Popular usa esse clima de polarização com a direita para impedir que o movimento de massas atue de forma independente. Este é o cerne da política de colaboração de classes imposta pela CUT, UNE e MST.

Diante deste quadro qual a posição dos revolucionários que já nas eleições não prestaram qualquer apoio “crítico” a Dilma e alertaram que seu futuro governo seria de profundo ataque aos trabalhadores? Antes de mais nada é preciso denunciar o conjunto do regime político e deixar claro que o “Petrolão” faz parte da própria estrutura de funcionamento do Estado burguês, existiu com a ditadura militar, o governo Sarney, Collor-Itamar, a gestão tucana e com o PT. Não se trata de nenhuma novidade, portanto para pôr um fim a esta farra é preciso lutar pela destruição revolucionária do próprio Estado capitalista, colocando as empresas sob o controle dos trabalhadores. Pedir simplesmente a “prisão de todos os corruptos e corruptores” como faz o PSTU é acreditar que o próprio aparato de repressão estatal burguês pode punir seus senhores. Em linha parecida, o PSOL defende uma CPI para “investigar a fundo os escândalos”. Na verdade as prisões temporárias de executivos e de operadores do esquema já fazem parte do script midiático desses escândalos, logo serão liberados e ... a vida segue com seus negócios e negociatas. Desde a chamada “redemocratização” foi assim e assim será! Só a intervenção do movimento operário com um programa independente das frações burguesas pode apontar para o fim desta sangria, o que passa por se manter distante de qualquer apoio “crítico” ao governo Dilma e na firme resistência a reação conservadora.
Nesse sentido, o combate a privatização em curso da Petrobras, implementada por FHC e mantida pelo PT, deve ser feita com o métodos de luta dos trabalhadores, convocando uma greve geral na empresa contra sua gerência burguesa, pelo fim da privatização e pelo controle da estatal pelos trabalhadores ! Ao mesmo tempo, deve se repudiar qualquer unidade de ação com a direita, que é beneficiária direta do esquema de propina de ontem e de hoje. Os atos “contra a direita” promovidos timidamente pela CUT limitam a luta dos trabalhadores a disputa eleitoral entre PT e PSDB. Devemos intervir nestas atividades denunciando esta perspectiva governista e apontando a ação direta dos trabalhadores em defesa de suas reivindicações imediatas e históricas como a única forma de combater a direita e barrar os ataques do governo da Frente Popular (salário, moradia, emprego, fim do aumento dos preços). Transformar a crise dos “de cima” em espaço político para mobilizações com caráter operário e popular é que o caminho para transformar a disputa intra-burguesa em um elemento favorável para os trabalhadores. Os marxistas leninistas sabem que este final turbulento do primeiro governo Dilma aponta para crise profunda na quarta “gerência” petista que será capitalizada pela direita e o tucanato se o movimento operário não entrar em cena desde já, com um programa anticapitalista e antiimperialista!