quinta-feira, 23 de outubro de 2014


Dilma e Aécio, duas faces da ofensiva burguesa contra os trabalhadores!

A cada dia que se aproxima o 26 de Outubro, data do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, novos aderentes ao “voto crítico” em Dilma aparecem. Desde os parlamentares do PSOL até grupos revisionistas que “juram” fidelidade ao trotskismo, passando por “intelectuais de esquerda” que esgrimam alarmados o perigo da “ameaça fascista”... todos em uníssono somam-se a cantilena de que para derrotar eleitoralmente o tucanalha Aécio é necessário estabelecer uma ampla frente política em defesa da reeleição da “gerentona” petista. Ao lado dessas “viúvas arrependidas”, temos em apoio a Dilma ninguém menos que os representantes das grandes empreiteiras do país, o presidente do maior banco privado nacional (Bradesco), o rei da soja “Maggi” e o principal investidor privado do Brasil, Abílio Diniz, além é claro das principais oligarquias arqui-reacionárias (Ferreira Gomes, os Sarney, Renan Calheiros, os Barbalho...). Estamos vendo a olhos vistos o fenômeno da “Frente Popular” ao vivo e a cores mostrar sua verdadeira face em nosso país! Em toda a sua amplitude conforma-se um arco político policlassista que advoga o “mal menor” para derrotar a direita. Enquanto isso, todas, literalmente todas as campanhas salariais do país são derrotadas uma a uma e mesmo abortadas em seu início (bancários, correios) para não polarizar “por baixo” o circo eleitoral da democracia dos ricos. Estranha “disputa com a direita” em que a classe operária e os “movimentos sociais” só se fazem presentes em passeatas eleitorais representadas por seus dirigentes sindicais liberados ou em eventos financiados pelas “doações” dos capitalistas onde comportadamente esta burocracia venal declara apoio a candidata do PT para derrotar o PSDB. Definitivamente, apesar de toda a pressão, a LBI não faz parte desta “grande família” reformista e denuncia que não há nenhum perigo de um golpe de estado iminente e, muito menos, de uma ação fascista contra a vanguarda operária que justifique qualquer apoio por mais “crítico” que seja ao PT, recursos usados por setores da burguesia para golpear o proletariado em época de ascenso revolucionário, o que não é o caso do que ocorre aqui no Brasil atualmente, como foi em 1964. Pelo contrário, tudo indica (até os “Institutos de Pesquisas”!), como a LBI prognosticou há vários meses atrás, que a burguesia nativa deixará que a gerência da Frente Popular se mantenha por mais quatro anos para fazer os “ajustes” necessários para a transição para um eixo político mais conservador em 2018 que tenha a cabeça o Opus Dei Alckmin.

O que esta gama de agrupamentos políticos estão fazendo neste momento é fabricar uma realidade que não existe para justificar uma traição de classe. Denunciamos este engodo com a moral política de sermos a corrente militante que no meio do furação das “Jornadas de Junho” denunciou o recrudescimento da reação burguesa e a perseguição a vanguarda classista, em campanha aberta contra a perseguição aos lutadores sociais promovida pelos governos estaduais (Cabral e Alckmin) com o apoio do governo Dilma, reforçando o aparato repressivo (como vimos na prisão de Sininho com o suporte da ABIN e da PF) ou mesmo se solidarizando com os os tucanos em meio as manifestações, como fez o Ministro da Justiça com Alckmin, formando um “gabinete de crise” com a polícia paulista! Que a pequena-burguesia “progressista” e a burocracia sindical “chapa-branca” recorram ao “perigo da direita” para pressionar os trabalhadores a votarem em Dilma não há nenhuma novidade, porém utilizar o marxismo para aderir a esta chantagem eleitoral enquanto a Frente Popular sabota as lutas diretas dos explorados em nome da estabilidade do regime político trata-se de puro charlatanismo de quem não se move por conceitos de classe e sim de disputas entre alas da classe dominante, em um terreno (eleitoral) completamente desfavorável para uma ação independente dos trabalhadores.

Sabemos muito bem o que significa estabelecer “frente únicas” com governos nacionalistas-burgueses, reformistas e frente populistas. Impulsionamos esta “tática” recentemente na Líbia, Síria, na Ucrânia e mesmo na Venezuela (neste último inclusive no terreno eleitoral). Porém nestes casos específicos estes governos foram forçados a tomar medidas concretas de enfrentamento com o imperialismo, de se chocar pública e mesmo militarmente com as forças da reação. No Brasil, Dilma age em caminho inverso, a cada investida da burguesia e do imperialismo ianque, novo recuo! Na véspera do segundo turno aceita passivamente um novo ataque especulativo as reservas brasileiras para garantir sua reeleição (dólar em alta) e se compromete a se eleita entronar como Ministro da Fazenda ninguém menos que Abílio Diniz como exigem os “mercados”, “demitindo” previamente Guido Mantega, em mais um gesto de boa vontade aos rentistas. A própria revisa Forbes publicou relatório recente “esclarecendo” que um novo governo do PT não desagrada os abutres internacionais como vende demagogicamente alguns setores da Frente Popular em meio as bravas eleitorais.

É certo que com Aécio Neves os ataques neoliberais se incrementarão, mas não é papel dos revolucionários votarem “criticamente” nos neoliberais de esquerda do PT para barrar seus irmãos siameses da “direita”. A tarefa de opor-se a seus inimigos de classe está nas mãos dos explorados do campo e da cidade com seus métodos de luta direta, que estão paralisados pelo pacto social imposto pelo Frente Popular. Somente forjando uma vanguarda classista que atue de forma independente da política de colaboração de classes vigente se poderá construir uma alternativa revolucionária ao avanço da reação burguesa alentada pelo PT. Diante deste impasse, muitos revisionistas pregam que votando em Dilma estaremos em melhores condições para organizar a resistência. A história das frente populares demonstrou que não! Se trata de impulsionar a ação direta e consciente da classe para superar a Frente Popular e não para sustentá-la pela “esquerda”! A política da PC na Espanha na década de 30 é uma prova que a orientação de “frente única contra o fascismo” pode levar a derrotas sangrentas do proletariado, da mesma envergadura que a do “ultra-esquerdismo” na Alemanha de Hitler. Como nos ensinou o “Velho”, trata-se de manter a independência política diante destas duas vertentes contrarrevolucionárias. Hoje no Brasil, os arautos do voto em Dilma usam o exemplo dos erros criminosos do stalinismo na Alemanha de Hitler para encobrir a política reformista da III Internacional na Espanha de Leon Blum. Desde a LBI seguimos os ensinamentos de Trotsky em ambos os casos, que chamou os revolucionários a estabelecer a unidade de ação para derrotar a ascensão nazi-fascista e não a se colocar como força auxiliar da social-democracia em sua política de cretinismo parlamentar ou em nome da defesa da “República”!

No “apagar das luzes” da disputa eleitoral, ouvem-se vozes em alerta de que Aécio pode ganhar com o auxílio da manipulação dos resultados da “urna roubotrônica” em São Paulo. Muitos que legitimaram o circo eleitoral agora descobriram como mágica que a fraude eletrônica ocorreu em São Paulo, engordando os votos de Aécio, já que o TRE é controlado pelo Tucanato. Como a LBI denuncia esta artimanha a várias eleições sobre o silêncio servil da esquerda domesticada e da própria Frente Popular, não nos estranha que agora estes senhores agreguem mais este “argumento” para usar o espantalho do “golpe eleitoral da direita”. Como afirmamos já no início do ano, a eleição de Dilma em uma acirrada disputa em segundo turno com o PSDB já fazia a tempo parte dos planos da Casa Branca e de setores da burguesia nativa. Não se trata de um “golpe eletrônico” para derrotar o PT nas urnas mas de uma operação política para “cobrar caro” do governo Dilma o aval para uma nova gerência burguesa, com mais ataques aos trabalhadores, suas conquistas e um duro “ajuste” a partir de 2015. A “gerentona” já se comprometeu com esta receita amarga e só espera ser reconduzida ao Planalto para aplicar o “remédio”. Lula inclusive anunciou que “por ele” não será candidato em 2018 como parte deste acordo em gestação. Os apoiadores de “esquerda” da Frente Popular serão fiadores do veneno aplicado contra os explorados pelo PT. De nossa parte, convocamos o ativismo classista a fazer nestes últimos dias uma campanha ativa pelo Voto Nulo contra o circo eleitoral da democracia dos ricos, demonstrando que Dilma e Aécio são duas faces da ofensiva burguesa contra os trabalhadores. Como Trotsky, sabemos enfrentar a pressão contra o oportunismo, o cretinismo eleitoral e o ultra-esquerdismo para manter de pé e limpa a bandeira da IV Internacional!