sexta-feira, 12 de setembro de 2014


Em movimento inverso, IBOPE agora infla candidatura Dilma para mantê-la “viva” no segundo turno

A última pesquisa do IBOPE divulgada hoje pela manhã apontou uma forte tendência de crescimento da candidatura Dilma, abrindo oito pontos de vantagem sobre Marina e “cristalizando” definitivamente a derrota do Tucano Aécio Neves. A semana anterior foi agitada pelas denúncias “murdochianas” de corrupção na PETROBRAS onde se esperava que atingissem Dilma e também Marina por conta do envolvimento de Eduardo Campos com Paulo Roberto Costa, o “réu confesso”. Paralelo ao “novo velho” escândalo envolvendo o botim estatal, o PT resolveu “reagir” contra a “onda” Marina a relacionando politicamente com banqueiros e rentistas que exigem a “autonomia plena” do Banco Central. O escândalo da PETROBRAS ficou temporariamente congelado pela mídia corporativa, talvez a espera do segundo turno, enquanto isso Dilma foi socorrida pelos “institutos” de pesquisa, refletindo o próprio receio da burguesia de que ocorresse um desmonte prematuro da candidatura petista. Dilma ainda está atrás de Marina no segundo turno, mas já aparece com chances de um embate renhido, ao contrário do que se indicava antes, ou seja, um returno tranquilo para a vitória definitiva de Marina. A polarização eleitoral novamente se desloca para a independência do Banco Central, deixando a corrupção na PETROBRAS e o pré-sal para um segundo momento, um terreno que permite ao PT exercitar seu amplo direito a demagogia, colocando o ITAÚ no “centro da roda”, escondendo as “simpatias” do BRADESCO por Dilma além de omitir os inomináveis ganhos do setor financeiro durante os doze anos de gerência estatal da Frente Popular.

Se Marina é a candidata preferencial dos tubarões de Wall Street, por razões óbvias, o PT de forma alguma poderá ser acusado de ter “prejudicado” a rentabilidade dos bancos através de um controle rígido da Taxa SELIC. Da mesma forma, a “vestal” Marina não poderá abrir a boca para denunciar a corrupção endêmica e estrutural do regime burguês, pelo simples fato de seu falecido “padrinho” estar atolado até o pescoço em falcatruas no governo de Pernambuco. No país onde as “comissões” envolvendo todos os negócios de estado (em todas as suas esferas) são uma regra “pétrea”, parece cômico que algumas figuras “éticas” da república se mostrem escandalizadas com o que ocorre na diretoria da PETROBRAS. No Brasil não há sequer uma única compra estatal de material ou serviço, onde o gestor que a autorizou não receba uma “comissão” pela transação realizada. Nos governos do PT a “taxa das comissões” é a menor praticada nos últimos cinquenta anos, deixando para a burguesia um maior percentual de lucro. Porém, o ódio de classe contra um partido que ainda mantêm vínculos políticos com o movimento operário tem levado dirigentes petistas à prisão, sob a cínica acusação de “práticas corruptas”. O próprio “fenômeno” Marina não passa de uma expressão concentrada deste ódio de classe contra o PT, a ex-senadora está aliada a empresários corruptos e sonegadores, acolhida em um partido das oligarquias nordestinas e ainda por cima quer vender a imagem de “pureza” e de uma “nova política”, praticada pelos personagens mais decompostos do velho regime burguês.

Muito mais do que a vontade política expressa pela população, as pesquisas revelam a movimentação e tendências dos verdadeiros “eleitores”, ou seja, os “quadros” protagonistas, a representação orgânica das classes dominantes. Bastou que Marina ameaçasse a ida de Dilma ao segundo turno, no caso da “onda verde” não ser interrompida, para o PT acionar seus aliados do agronegócio, até então meio lerdos no apoio a Dilma. Uma única declaração favorável do latifundiário Blairo Maggi (o “rei da soja”) provocou a repentina subida de Dilma nas pesquisas, fica então a pergunta: quem são realmente os eleitores deste país, os empresários, latifundiários e banqueiros ou a maioria esmagadora da população pobre e oprimida?

A burguesia nacional ainda não “bateu o martelo” acerca de seu veredito eleitoral, se antes marchava unificada para uma reeleição de Dilma diante da falência política do Tucanato, agora se depara com uma opção capaz de desorganizar a hegemonia petista com alguma referência popular. A indefinição política da elite dominante reflete sua própria divisão intestina, fracionada entre diversos setores capitalistas do processo produtivo. Caso prevaleça a opção por Marina, sob uma forte pressão política do imperialismo ianque, este governo “socialista” seria apenas uma espécie de “ponte” para a reconstrução de novos agentes partidários. Uma gestão estatal do PSB/REDE dificilmente chegaria ao final de seu mandato, tendo praticamente como única “missão” o descolamento do Brasil em relação aos BRICS. Por outro lado, se prevalecer a continuidade da Frente Popular sua quarta gerência será de profundos “ajustes” sobre o “modelo” econômico até aqui implantado no país.


As definições de “poder” da burguesia correspondem às suas necessidades históricas enquanto classe social dominante. Se hoje existe uma certa indefinição acerca de que candidatura seguir é porque a própria conjuntura econômica do país atravessa uma fase de transição, do esgotamento de um “modelo de bolha de crédito” lastreado no colchão cambial acumulado com as exportações de commodities, para outro que tende a privilegiar um duro ajuste fiscal com redução dos gastos públicos além de um controle mais rígido da inflação. Neste interregno político e econômico do Brasil, que coincide com a mudança eleitoral da gerência estatal, o melhor para a burguesia é manter bem vivas as duas candidaturas que representam melhor os dois projetos, Dilma e Marina. Neste momento de polarização eleitoral nos estreitos marcos do regime da democracia dos ricos, fica a cargo dos dois principais “institutos” de pesquisa esta tarefa de fraudar a vontade popular a serviço das exigências das elites dominantes.