quarta-feira, 24 de setembro de 2014


Dia 30/09: Todos bancários em greve para derrotar os banqueiros e impor conquistas ao governo Dilma! Nossa luta não é palco para o circo eleitoral, nenhuma ilusão nas três candidaturas burguesas siamesas (PT, PSB, PSDB) e tampouco nos reformistas de plantão (PSOL, PSTU, PCB, PCO)!

A burocracia sindical da CUT/CTB presenteou os banqueiros e o governo Dilma com uma pauta rebaixada de reivindicações, cujo carro-chefe é um reajuste miserável de 12,5% (inflação mais 5% de “aumento real”). Diante da esmola oferecida pela Fenaban, na última rodada de negociação, dia 19/09, quando os banqueiros propuseram 7% de reajuste salarial, apenas 0,61% de “aumento real”, enquanto a inflação foi de 6,35% (INPC), e 7,5% para reajustar piso da categoria, representando um “aumento real ”de 1,08%, a CONTRAF fingiu-se de indignada e foi obrigada a convocar para o dia 30/09, a greve nacional dos bancários. Tal proposta é uma provocação diante da enorme lucratividade do capital financeiro que, só no primeiro semestre desse ano, os cinco maiores bancos do país (BB, Itaú, Bradesco, Santander, Caixa) lucraram R$ 28,3 bilhões, crescimento de 16,5% em comparação ao mesmo período do ano passado. Todo esse incremento é fruto da enorme exploração por que passam os bancários (demissões, extrapolação da jornada de trabalho, terceirizações, aumento de correspondentes bancários, assédio moral, metas estratosféricas, privatizações etc.) e a população (filas, cobrança de altas tarifas e taxas, venda casada, etc.), além, é claro, da própria política econômica do governo Dilma que favorece os rentistas, demonstrando que sua propaganda na TV apresentando só Marina Silva como aliada dos banqueiros é uma farsa própria da demagogia do circo eleitoral da democracia dos ricos.

A campanha salarial dos bancários acontece em plena disputa eleitoral para presidente, num momento de muita polarização política no país. A Contraf-CUT, inclusive, já aprovou apoio à reeleição de Dilma, arrastou a greve nacional para as vésperas do primeiro turno das eleições e, certamente, vai utilizar-se dessa paralisação, manobrando com a insatisfação dos bancários, para obter dividendos eleitorais para sua candidata. Tentará vincular os banqueiros e sua intransigência, particularmente o Itaú de Roberto e Neca Setúbal, à candidatura de Marina (PSB). Seu objetivo é desgastar a postulante do PSB em favor de Dilma. Cinicamente, as direções sindicais governistas encobrem que a “gerentona” Dilma é aliada dos rentistas e seu governo garantiu ganhos bilionários aos tubarões da Fenaban. Afinal, o Banco Central é controlado de fato há várias décadas por tecnocratas do mercado financeiro (como Henrique Meirelles), mas que formalmente prestam alguma obediência ao presidente da república. Seria ingênuo pensar que, sob os governos do PT, o BC não esteve sob o comando do capital financeiro, é só o olhar a monopolização do setor e o tremendo crescimento dos lucros dos bancos na última década. Agora os rentistas querem “dobrar a aposta”, seguindo a forte liderança de Roberto Setúbal (Itaú) pretendem “eleger” não só o presidente do BC, mas também o gerente geral do Estado burguês. Marina Silva é apenas uma “ponte” para obter este objetivo histórico. Como se observa, é o “sujo falando do mal-lavado”, não por acaso, também, essa mesma burocracia esconde o governo Dilma, patrão dos bancos públicos, vale-se da Fenaban, através da farsa da “mesa única”, para desobrigar-se de propor uma política salarial que reponha as perdas históricas da categoria.

O PT fez seu “milagre econômico” ao inserir milhões de novos consumidores no mercado, cooptou os movimentos sociais para amortecer a luta de classes, criando uma relativa “mobilidade social” de camadas mais baixas da população. Mas também foi sua própria política burguesa de aliança com as oligarquias reacionárias (PMDB, PR, PROS) que levou a desmoralização do movimento de massas com recorrentes derrotas em suas lutas e a criminalização das lutas sociais. Apesar disso, o MOB não se soma ao coro reacionário desta “esquerda” contra o governo do PT para abrir caminho para a reação burguesa representada por Marina e Aécio. Esta aliança para combater o PT (que vai da direita à esquerda), em torno de Marina, expressa o desenvolvimento de tendências fascistizantes do regime. Marina surge no cenário para por fim ao ciclo histórico de limitadas “compensações sociais”, levadas a cabo por Lula e Dilma.

A Tendência Revolucionária Sindical (TRS), impulsionada pelo MOB, defende uma política de enfrentamento da luta direta dos trabalhadores com o regime político da democracia dos ricos, explicando pacientemente que Dilma (PT), Marina (PSB) e Aécio (PSDB) são lados diferentes da mesma moeda de espoliação capitalista, enquanto a “oposição de esquerda” (PSOL-PSTU-PCB) é incapaz de apresentar uma alternativa revolucionária ao domínio do capital porque está completamente domesticada à institucionalidade do regime, alimentando ilusões numa suposta “moralização ética” da gestão patronal do Estado e do Parlamento. Nesse sentido, devemos impedir que a camarilha sindical “chapa branca” e da Frente de Esquerda, cada uma a seu modo, transformem a campanha salarial em palcos ou palanques eleitorais para seus candidatos. É tarefa dos setores classistas e combativos ligar estas lutas à disputa eleitoral burguesa, chamando o VOTO NULO no circo eleitoral da elite dominante e construir comitês ativos para levar a frente esta tarefa, pois partimos da caracterização de que nenhuma das candidaturas representa os interesses dos trabalhadores.

Se depender deles, os bancários amargarão nova derrota e seguirão divididos em assembleias separadas por banco, negociações específicas com pautas rebaixadas, além de substituírem a luta pela reposição das perdas salariais e aumento real por abonos e PLRs insignificantes, e submeterem a disposição de luta dos bancários às imposições da justiça patronal. Os trabalhadores querem unidade para a luta, mas não para fazer pacto social, não para servir aos objetivos da burguesia que os pelegos representam. Portanto, é preciso organizar e mobilizar os bancários, a partir de um trabalho de base consistente que aponte na direção de uma orientação de completa independência política dos trabalhadores, capaz de descolá-los da nociva influência dos setores governistas e sua política de paralisia e conciliação de classes. Todos à greve neste dia 30/09!