quinta-feira, 7 de agosto de 2014


Três candidaturas revisionistas, mas apenas um único programa que legitima a farsa eleitoral da democracia dos ricos

Nestas eleições onde a Frente Popular no Brasil busca sua quarta gerência consecutiva do Estado burguês, por si só um fenômeno político que contraria todos os prognósticos “impressionistas” da luta de classes, também “disputam” o Planalto separadamente e pela primeira vez três candidaturas da esquerda revisionista, quais sejam Luciana Genro (PSOL/MES), Zé Maria (PSTU) e Rui Pimenta PCO. Soma-se a este arco de esquerda a postulação do PCB na figura de Mauro Iasi a qual por critérios históricos não inserimos no bloco “trotsquizante” inicial. O fato de termos na disputa majoritária três candidaturas que formalmente reivindicam o legado da IV Internacional, estando  todas na esquerda eleitoral do PT, poderia sinalizar aos incautos uma progressão na consciência de classe do proletariado e, portanto, um consistente ascenso do movimento de massas no país, mas alertamos que não se trata desta vertente que se destaca na conjuntura nacional. Logo de cara poderiam nos questionar que tampouco o PSOL (um agrupamento pequeno burguês umbilicalmente colado no parlamento do Estado capitalista) representa um único fio de ligação com o Trotskismo, o que seria a mais pura verdade, mas acontece que por uma série de circunstâncias quem está representando o partido nestas eleições é uma dirigente de uma organização revisionista (MES) inclusive com vínculos internacionais estabelecidos na esteira do fracionamento da IV Internacional. Voltando ao cerne do debate constatamos que as três candidaturas postas pela esquerda revisionista foram “generosamente” impulsionadas pela institucionalidade das classes dominantes, sendo a expressão do retrocesso da independência de classe do proletariado e da confusão política de sua vanguarda revolucionária. Coincidentemente, o trio revisionista fala demagogicamente em “lutas e socialismo” e, pasmem, até mesmo em “revolução”, porém “esqueceu” de afirmar o elementar para um Marxista: As eleições no Brasil são fraudadas desde a urna robotrônica sem possibilidade de aferição física (experimento singular em todo o mundo), passando pelas pesquisas manipuladas e chegando ao fim com a “totalização eletrônica” no TSE, onde somente a CIA e os ministros da Corte Suprema tem acesso. Não basta denunciar que o abundante financiamento das corporações capitalistas se destina aos seus candidatos preferenciais, que por razões óbvias não beneficia o trio revisionista, omitindo a essência farsesca de todo o processo eleitoral. Há mais de um século Lenin concluiu que as eleições burguesas só poderiam refletir de forma deformada a vontade popular, hoje em pleno estancamento das forças produtivas podemos afirmar que a monopolização da economia pelo capital financeiro determina que este imponha seus gerentes estatais totalmente a parte de qualquer tendência eleitoral expressa pela soberania do povo nas urnas. PSOL, PSTU e PCO se empantanam nas eleições (vocalizando sempre o socialismo) no sentido de legitimar pela “esquerda” esta paródia de democracia burguesa, que ao mesmo tempo em que cassou o registro do REDE (uma autêntica manifestação burguesa) infla artificialmente as pequenas candidaturas (em particular as do trio revisionista) para provocar o segundo turno, indispensável para estabelecer a chantagem sobre a Frente Popular. Este regime fraudulento da democracia dos ricos estimula eleitoralmente (inclusive com verbas) este palatável trio da esquerda revisionista, excluindo ao mesmo tempo o básico direito à livre organização partidária das correntes comunistas e anarquistas, com o único objetivo de facilitar a ilusão da população na “absoluta lisura e transparência” na condução da sentença eleitoral decretada pelos falsários ministros da Suprema Corte. Como parte integrante deste regime bastardo, a esquerda revisionista em seu conjunto e apesar de suas muitas diferenças, é a peça política que “lubrifica” a engrenagem da fraude burguesa, levando à desmoralização ideológica nas fileiras da vanguarda classista do movimento de massas, fazendo crer que a via institucional é a única senda possível para a publicidade socialista.

Caracterizar que PSOL e PSTU são “irmãos siameses” quando a questão em debate é a revisão do Programa de Transição já seria quase uma redundância. Porém, como nestas eleições os dois maiores integrantes da Frente de Esquerda estão separados na corrida ao Planalto, o PSTU logo tratou de “teorizar” suas “diferenças” com o PSOL. Como em um “conto de fadas” os Morenistas tentaram “vender” a versão que o motivo da separação na chapa presidencial seria o “reformismo programático” do PSOL e sua ausência de “compromisso com a revolução”. Mas como explicar que o reformismo do PSOL em nada impediu a coligação do PSTU nos principais estados do país (inclusive no RGS onde apoiam a candidatura do MES considerado “socialista”), e como justificar então a coligação celebrada pelos Morenistas com o REDE de Marina e Heloísa em Alagoas, por acaso estabelecer um palanque estadual para a dupla Eduardo Campos e Marina não seria um “caso agudo” de política de colaboração de classes? Como diz o provérbio popular: Na guerra como nas eleições a verdade é sempre a primeira vítima, e a grande verdade é que o PSTU não está apoiando Luciana Genro pelo fato do PSOL não ter aceito a coligação no Rio de Janeiro, único estado com potencial eleitoral para eleger um parlamentar Morenista. Este elemento absolutamente pragmático e de interesses puramente eleitorais, que nada tem de programático, bloqueou a formação plena da Frente de Esquerda em nível nacional. Parece até piada de mau gosto o PSTU falar em “revolução” como um divisor de águas com o PSOL, por acaso se esqueceram do apoio político aberto dado pelos Morenistas à contrarrevolução no Leste europeu e na Líbia?

Se no campo político da contrarrevolução ocorrida nos antigos Estados Operários estão programaticamente bem unidos PSTU e as correntes que integram o PSOL, também podemos afirmar o mesmo quando se trata do PCO, o “irmão” rejeitado da família revisionista. A crise de identidade do PCO é profunda e desde que foram “excluídos” do arco Altamirista (Partido Obrero argentino) por razões meramente financeiras, oscilam entre a defesa das posições do Morenismo no plano internacional e o mais puro seguidismo governista no terreno nacional. Chegaram ao extremo ridículo de afirmar que o treinador Felipão teria sido vítima de um “complô” que culminou com o vergonhoso desempenho da seleção brasileira na Copa da mafiosa FIFA. Nestas eleições o PCO, que se apresenta em menos de meia dúzia de estados com candidaturas ao governo (apesar de receberem “generosas” verbas do estado burguês para cumprir a “missão” eleitoral), para tentar passar a imagem de que não estariam tão isolados no campo da esquerda, formalizaram um acordo com uma tal “liga dos comunistas” fundada por um parasita corrupto ligado ao vereador portenho, o meliante Gustavo Vera. O dito parlamentar argentino, outrora dirigente do PBCI, abandonou formalmente o Trotskismo (portanto, não se trata mais de um revisionista) para representar oficialmente as posições políticas do Vaticano no país do tango. O decomposto arrivista Gustavo Vera agora “dança outra música”, que nada tem a ver com a esquerda, mas sim com a apologia que faz do Papa Francisco e de todos seus companheiros da direita  argentina. O curioso é que na liliputiana frente internacional de apoio a Rui Pimenta estão incluídos tanto grupos como o de Gustavo Vera (Alameda) como a ultra Altamirista TPR (Tendência Piquetera Revolucionária), ambas organizações em plena sintonia com a oposição reacionária ao governo “burguês nacionalista” de Cristina Kirchner.

Como podemos comprovar no seio da “família” revisionista (tendências políticas que romperam com o legado Bolchevique Leninista) as divergências não são de fundo programático, apesar de inúmeras diferenças de matizes políticos entre si. Nos principais fatos da luta de classes mundial o arco revisionista sempre abstrai as mesmas posições programáticas, como acontece atualmente na guerra civil da Síria ou no passado recente quando caracterizaram que o “capitalismo não sobreviveria” ao crash financeiro de Wall Street em 2008. Em uma etapa histórica de profunda ofensiva imperialista contra os povos e conquistas sociais da classe operária, onde o recrudescimento político do atual regime da democracia dos ricos é semelhante ao que atravessamos no período da ditadura militar, a questão central que se coloca nestas eleições é a completa burla das oligarquias diante da vontade popular. Mas o trio revisionista, PSOL, PSTU e PCO, apesar de “marchar separado” na peleja pela presidência da república parece que “golpeia unido” com o esforço da burguesia para legitimar a farsa eleitoral em curso.