sexta-feira, 29 de agosto de 2014


O embuste Marina ou a estória de um avião sem dono e uma dona sem avião

A cada dia que passa vai se tornando mais cristalino que a queda do avião que transportava o ex-governador de Pernambuco e sua equipe de campanha ao Planalto não se tratou de mais um “acidente aéreo”. A propriedade do jato Cessna Citation prefixo PR-AFA, ainda não foi esclarecida pelo PSB e tampouco pelo atual comitê de campanha de Marina Silva, e duvidamos que ainda venha a ser. Pela legislação vigente no país Eduardo Campos só poderia utilizar um avião para sua campanha eleitoral se fosse de sua propriedade pessoal ou mesmo contratar (por transporte, empréstimo ou aluguel) o serviço de uma empresa especializada no seguimento de locação de aeronaves, caso não se enquadrasse em uma destas duas modalidades estaria cometendo crime eleitoral. O comitê de Campos não informou ao TSE a relação jurídica que mantinham com o jato porque ainda esperavam “regularizar” a situação a tempo do final da campanha. Na verdade, o Cessna que caiu foi comprado ilegalmente por um “pool” de empresários Pernambucanos beneficiados com “generosidades” fiscais do governo estadual e dado de “presente” para a campanha presidencial de Campos cruzar o Brasil inteiro. Como não tinha formalmente um dono, o Citation de Campos era revisado pela própria fabricante Cessna, uma das empresas do complexo militar ianque, a mesma que agora afirma que não é possível “decifrar” a temporalidade das gravações da caixa preta de sua aeronave. Fica evidente que o “acidente” foi deliberadamente provocado pela manipulação técnica incorreta na última revisão da aeronave, ao sabor dos interesses políticos da Casa Branca, e como diz o ditado popular: “Cão sem dono é mais fácil morrer atropelado”. Porém, o inusitado deste trágico episódio para a família Arraes (comemorado efusivamente pela anturragem Marineira) é que a campanha de Campos e Marina tinha um outro jato de “reserva”, bem mais moderno e luxuoso do que o modelo Citation. Trata- se do Falcon 2000 Easy, “doado” a Marina pela família Setúbal (dona do Banco ITAÚ) em 2010 para que finalizasse sua campanha presidencial sem precisar usar mais o jato Legacy de Guilherme Leal (grupo Natura), então seu companheiro de chapa. Leal e Marina estavam meio estremecidos politicamente quando Neca Setúbal assumiu o financiamento da campanha do PV, aportando 20 milhões de Dólares para a compra do Falcon. Nestes últimos anos Marina voou bastante em seu “falcão de aço” na campanha pela legalização do REDE, mas quando foi abatida pelo TSE e relegada ao papel de vice no terreno estranho do PSB optou politicamente por “camuflar” seu caríssimo jatinho deixando para o finado Campos o ônus da empreitada aérea. Agora a “vestal” Marina não sabe o que fazer, cobrada para dar explicações sobre o “acidentado” Citation, ficaria bastante complicado apresentar para o seu eleitorado um novo e luxuoso jato, ofertado ao REDE por rentistas e banqueiros. Para a maioria da classe trabalhadora que luta por um transporte público com um mínimo de qualidade deve parecer um verdadeiro escárnio o surgimento de uma frota aérea tão vasta pertencente às principais candidaturas burguesas que disputam o botim estatal. Modernos jatos, aeroportos privados com dinheiro do Estado e bilhões de Reais em formato de “caixa dois” movimentam o cenário eleitoral desta democracia dos ricos, onde a “fartura” (à custa do suor povo é claro!) é tão grande que existe até “avião sem dono e dona sem avião”.

O chamado “tripé” econômico neoliberal tanto defendido por Marina faz parte de sua verdadeira religião: O Deus mercado. É a esta “entidade” por quem reza todos os dias e agradece as “dádivas” recebidas. A conversão da ex-militante comunista em “evangélica” obviamente teve uma base material muito forte, e para quem não possuía nem automóvel no Acre ganhar um moderno jato pode até parecer um “milagre”, mas não foi! Trata-se do velho processo de cooptação política e material de lideranças populares, como um dia já foi Marina, pelas elites dominantes e corruptas deste país.

As promessas neoliberais de Marina, como “meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário”, não são propriamente uma novidade no debate econômico do país, a bem da verdade são parte do programa da atual equipe palaciana, chefiada pelo neomonetarista Guido Mantega. Mas para uma figura que se diz “eco-ambientalista” soa meio cômica a defesa da redução dos gastos estatais (como saneamento básico, habitação popular e saúde) para a “folga de caixa” destinada para o pagamento dos juros da dívida interna. Como se pode aferir a “simpatia” da família Setúbal, detentora de grande parte dos títulos públicos nacionais, por Marina tem bases sólidas que vão bem mais além do que uma mera afinidade pessoal...

Para a oligarquia Arraes ficará o enorme prejuízo político e pessoal pela morte de seu maior líder e assim como o assassinato de Tancredo Neves foi devidamente “abafado” o de Campos seguirá pela mesma senda. Em Pernambuco tudo caminha para uma derrota do PSB na disputa para manter o governo do estado, quanto ao próprio futuro do partido ainda é cedo para um prognóstico, levando em conta a disposição de Marina em se alojar definitivamente na legenda caso conquiste o Planalto. A Frente Popular emite claros sinais que está muito próxima de concluir seu primeiro ciclo histórico (por esgotamento em todos os terrenos da vida nacional) no gerenciamento do Estado burguês, cabe aos trabalhadores colocarem novamente de pé sua perspectiva política de poder.