sábado, 12 de julho de 2014


Diante da Holanda o último fracasso em campo: A seleção brasileira não é a pátria de chuteiras!

O genial reacionário Nelson Rodrigues, “pó de arroz” e apaixonado pelo futebol brasileiro certa vez afirmou que a seleção canarinho era a “pátria de chuteiras”. Esta “compreensão” transformou-se quase em unanimidade nacional em tempos de Copa do Mundo, e como toda “unanimidade é burra” este falso “consenso” mais além é completamente equivocado. A realização da Copa do Mundo no Brasil colocou a nu a profunda crise do futebol brasileiro e os péssimos resultados da seleção em campo apenas refletiram este momento. A expectativa da conquista da Taça para o Brasil se desfez “tragicamente” na humilhante goleada sofrida no jogo contra a Alemanha e agora se confirmou com a perda da terceira colocação em função da derrota para a compacta seleção holandesa. No calor dos debates políticos sobre a Copa não faltaram setores da esquerda, para não falar das análises patrioteiras da direita tradicional, que insistiram em “repercutir” o enorme equívoco de mixar a seleção canarinho com a nação brasileira. Em primeiro lugar é necessário esclarecer que hoje a seleção de futebol brasileira é um “produto” administrado por uma entidade privada a CBF, empresa capitalista que organiza o campeonato brasileiro e a copa do Brasil, além da promoção de eventos esportivos diversos. A CBF tem o monopólio da convocação das seleções masculinas e femininas de futebol, pelo fato de sua filiação a FIFA, sendo que seus dirigentes não estão submetidos a nenhuma subordinação do estado brasileiro. Apesar de seu caráter de empresa privada, auferindo espetaculares lucros a seus proprietários, a CBF recebe “generoso” aporte do Estado sem que tenha que prestar contas das verbas recebidas. Mas diante dos fiascos no gramado membros do governo Dilma aventaram a possibilidade de alguma inferência na gestão da CBF, o que foi drasticamente logo combatido pelos arautos do neoliberalismo. O Tucano Aécio acusou o PT de querer “estatizar” o futebol, defendendo a total autonomia da máfia da CBF (“engordada” com o dinheiro público) frente a tênue ameaça de investida do governo. Como era de se esperar diante da pressão da mídia “murdochiana” e da Tucanalha, o governo Dilma já recuou de suas pálidas intenções de pelo menos auditar a CBF. Não podemos negar a inequívoca decepção popular com o fraquíssimo desempenho da seleção nesta Copa, um time sofrível escalado por empresários movidos por interesses comerciais. Porém, como Marxistas Revolucionários, respeitando a “afetividade” do proletariado nacional acerca do futebol, devemos declarar vigorosamente: Esta seleção brasileira não é a pátria de chuteiras, nossa nação deve ser sim representada pelas lutas dos trabalhadores e de seu povo oprimido!

É bastante comum confundirmos a simpatia política por um país, ou mesmo por seu governo, com sua seleção de futebol (nós mesmos da LBI já incorremos parcialmente neste erro), mas é necessário separar estes elementos distintos sempre levando em consideração a grande empatia que uma seleção nacional gera no seio das massas. A história das Copas organizadas pela FIFA é crivada pela manipulação política, em alguns casos sem nenhum disfarce “futebolístico” como o Mundial de 1978 patrocinado pelos generais genocidas na Argentina. O regime militar brasileiro também “encomendou” sua Taça à mafiosa FIFA em 1970, e o próprio governo imperialista da Alemanha fez o mesmo em 1974, tirando da seleção holandesa uma merecida vitória na final.

Como já caracterizamos anteriormente neste Mundial realizado no Brasil, o imperialismo (a FIFA é mais uma de suas “colaterais”) não envidou o menor “esforço” para garantir a Taça para a seleção canarinho. Começando pela própria CBF que tratou de preparar a derrota com a convocação de jogadores “europeizados” de baixíssimo nível técnico. A parte de infraestrutura da Copa que ficou a cargo do governo da Frente popular, movimentando bilhões de Reais direto para os cofres das empreiteiras, foi bem sucedida. A própria reeleição da presidente Dilma já está assegurada por um amplo pacto político das classes dominantes, portanto o “hexa” para o Brasil já seria um “exagero” obstruindo os planos eleitorais da oposição burguesa para 2018.

O legado político desta Copa, para além do debate esportivo, será uma eleição presidencial muito “apertada”, onde o candidato Tucano “ungindo” ao segundo turno tentará tirar o máximo de proveito do fiasco da seleção canarinho. Dilma, por sua vez, avocará o “sucesso” da Copa do Mundo realizada no Brasil após 64 anos. Os trabalhadores e o povo oprimido, porém nada tem a ver com esta falsa polêmica das oligarquias dominantes. Nossa verdadeira “seleção nacional” são as heroicas batalhas do proletariado brasileiro!