terça-feira, 29 de julho de 2014


Derrubada do Boeing: Depois de adotarem a “política de avestruz”, revisionistas (PCO, PTS, PSTU etc.) se convertem em papagaios de Obama

Mais de uma semana depois da derrubada do Boeing 777 da Malaysia Airlines na Ucrânia, ocorrida em 17 de julho, os grupos revisionistas do trotskismo que adotaram durante todo esse período a vergonhosa política de avestruz, começaram a colocar aos poucos a cabeça para fora a fim de repetir, agora como papagaios obedientes e servis, a versão do imperialismo e da mídia “murdochiana” venal que responsabiliza a Rússia e os rebeldes separatistas das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk de terem lançado o míssil que derrubou a aeronave, matando quase 300 civis de várias nacionalidades. Não para a nossa surpresa, a canalha revisionista que caracteriza até hoje que está em curso um “processo revolucionário na Ucrânia”, aliando-se aos bandos fascistas e aos golpistas de Kiev contra os rebeldes do Leste do país, saiu a declarar sobre o ataque ao avião que “Hoje segue havendo especulações de todo o tipo mas o único que é seguro é que ele foi derrubado por um míssil de um lançador de origem russa” (As consequências da derrubada do avião da Malaysia Airlines, 25 de julho de 2014, La Verdad Obrera). Esta é a posição do PTS argentino que, via de regra, reflete a caracterização do conjunto da grande família pseudotrotskista, como o PSTU e mesmo o PCO. Este último, apesar de declarar que apoia a reação antifascista na Ucrânia, classificou o ataque tramado pela CIA e Kiev como um simples “incidente”! Junto com a Casa Branca, a OTAN e o imperialismo europeu, as mesmas forças políticas que na Líbia se somaram a esta frente contrarrevolucionária para combater a “ditadura sanguinária” de Kadaffi e na Síria, em uníssono, acusaram o governo Assad de assassino por supostamente jogar Gás Sarin contra seu próprio povo, quando na verdade este foi alvo do terrorismo dos grupos islâmicos financiados pelo Qatar e a Arábia Saudita (aliados dos EUA e Israel), agora mais uma vez dizem que a Rússia e os rebeldes foram responsáveis pelo ataque. Para camuflar sua posição escandalosa, o PTS alega que o lançador de mísseis é de origem russa (os sistemas de mísseis Buk-M1), quando até o mais bucéfalo dos seres humanos sabe que as forças armadas ucranianas ainda usam armamento russo, porque o país era até pouco tempo aliado militar do Kremlin na qualidade de ex-república soviética. A questão é quem ordenou o lançamento de tal ataque e todos os elementos políticos e militares apontam para uma só direção: o governo pró-imperialista de Kiev em uma operação desastrosa comandada pela CIA, cujo objetivo era atingir o avião presidencial de Putin que voava no dia 17/07 na mesma região e horário. Como a canalha revisionista é aliada tática da ofensiva dos fascistas e das potências capitalistas contra os rebeldes, preferem se calar diante de todas as evidências que demonstram a trama montada pela Casa Branca e Kiev, optando por em nome de patrocinar a “guerra de versões” afirmarem cinicamente que “A derrubada do voo 17, independentemente de quem atirou e se era um erro no meio da luta, é um resultado direto da guerra civil que vive na Ucrânia” (Idem). Ocorre que o PTS argentino e o restante da canalha revisionista (LIT, UIT...) tem um campo militar e política clara na guerra civil em curso: no terreno dos “revolucionários” fascistas da Praça Maidan que derrubaram em 22 de fevereiro deste ano presidente Viktor Yanukovych (aliado de Putin) e pariram o governo golpista de Kiev, aliado do imperialismo ianque. Estes são os verdadeiros responsáveis pela tragédia do voo da Malaysia Airlines, os mesmos que colocaram fogo na Casa dos Sindicatos em Odessa assassinando quase 70 pessoas, entre eles vários militantes de esquerda e perseguem o Partido Comunista e, inclusive, grupos que se reivindicam leninistas! Por isso, os revisionistas do trotskismo chamam a derrotar os rebeldes separatistas, são contra o direito das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk de se tornarem independentes da Ucrânia e se unificarem com a Rússia, copiando mais uma vez a política do imperialismo que avança no esmagamento militar da resistência no Leste do país!

O “silêncio” dos grupos revisionistas por si só já uma conduta absolutamente criminosa e joga água no caminho da versão montada por Obama. Estas correntes negam-se a denunciar a operação montada pela CIA e em nenhum momento se postam contra a campanha midiática orquestrada pelas cadeias jornalísticas para responsabilizar a Rússia e os “rebeldes”. Aqui temos a primeira faceta da frente estabelecida entre estes grupos e o imperialismo, porque se a Rússia ou “seus rebeldes” tivessem de fato abatido o avião, a ofensiva militar dos EUA e da UE seria descomunal, com a certa ação genocida da OTAN na região. Ocorre que a inteligência militar ianque esteve diretamente envolvida no ataque que tinha como alvo o avião presidencial de Putin, orientando a ação das FFAA ucranianas em terra na fronteira com a Rússia a lançarem o míssil. Por esta razão, Obama (no que foi copiado pelo PTS) declarou que o Boeing 777 foi derrubado por “um míssil terra-ar lançado a partir de uma área controlada por rebeldes pró-Moscou” no que foi complementado pela embaixadora ianque na ONU, Samantha Power que declarou: “Devido à complexidade técnica, é improvável que os separatistas pudessem operá-lo (sem assistência técnica). Não podemos descartar a assistência técnica dos russos”. Vejamos como são quase idênticas as posições dos porta-vozes do imperialismo e dos revisionistas do PTS! Enquanto o imperialismo acusa a Rússia justamente para tirar de si a responsabilidade pelo ataque e incrementar as sanções econômicas contra Moscou visando abrir caminho para o esmagamento dos rebeldes, o PTS se soma a este coro dizendo que a “única certeza” é que o lançador é de origem russa! Lembremos que no dia 18/07 o ministério da Defesa russo afirmou que o sistema de mísseis ucraniano estava ativo na quinta-feira, dia da queda do avião: “Os meios de detecção eletrônicos russos registraram no dia 17 de julho uma atividade na estação de radar Kupol, que trabalha em conexão com os sistemas de mísseis Buk-M1”. Segundo o ministério, “a estação de radar situa-se a 30 km de Donetsk, a cidade do leste da Ucrânia próxima ao local da catástrofe aérea, em uma zona onde são registrados combates entre as forças ucranianas e os rebeldes pró-russos”. A Rússia produz o sistemas de mísseis Buk-M1 e até o começo do ano os fornecia para a Ucrânia, mas nunca disponibilizou esse tipo de armamento para os “rebeldes” como denunciaram os dirigentes da resistência várias semanas antes do ataque ao Boeing 777, como confirmou o porta-voz da república popular de Donetsk, Sergey Kavtaradze, ao canal de TV russo Rossiya de que eles não seriam capazes de derrubar um avião comercial voando a 10 mil metros: “Os sistemas de defesa aérea portáteis que nós temos trabalham até um máximo de 3 a 4 mil metros. Portanto, é possível dizer até mesmo antes de uma investigação que as forças armadas ucranianas destruíram (o avião)”. Mas, para o PTS estas provas de nada valem porque colocariam em evidência que seus “aliados” imperialistas não passam de terroristas de estado que desejam eliminar física e politicamente não só os marxistas revolucionários, mas inclusive lideranças nacionalistas burguesas que se opõem minimante a seus planos neocolonialistas na região. Como os revisionistas se negam a estabelecer uma frente única anti-imperialista com Putin para combater os fascistas, enveredam pelo caminho oposto... acabando por postar-se em frente com a OTAN como fizeram na Líbia!

O imperialismo, seus porta-vozes e a mídia venal estão até hoje fazendo “campanha” para acusar os rebeldes e a própria Rússia como responsáveis pela derrubada do Boeing, uma cantilena insustentável a que se soma o PTS e a canalha revisionista. A tese patrocinada por Obama e seus apoiadores de “esquerda” é absolutamente ridícula, tanto do ponto de vista político como militar. De forma alguma interessava aos separatistas das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk abaterem um avião civil matando quase 300 pessoas, tendo em vista que tal ação desencadearia uma feroz ofensiva política, diplomática e militar internacional contra a resistência pró-russa, como já está ocorrendo através da farsa orquestrada pela Casa Branca e toda a corja capitalista. Além disso, do ponto de vista estritamente militar, os rebeldes não possuem esse tipo de míssil terra-ar, inclusive seus dirigentes já haviam denunciado há várias semanas que o próprio Putin não estava fornecendo armas e munições para o combate da resistência aos bandos fascistas e ao governo fantoche de Kiev, que estavam avançando rapidamente sobre as “repúblicas populares”. Na verdade, está em curso uma verdadeira operação política e midiática mundial montada pelo imperialismo, com o apoio dos investigadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) para culpar os rebeldes visando tanto seu completo esmagamento militar como aumentar a pressão e as sanções sobre a Rússia, que já não vinha prestando apoio aos rebeldes, porém os defendia no campo diplomático e na ONU.

No “frigir dos ovos” esta “indefinição” sobre a autoria do ataque ao avião é apenas uma cortina de fumaça para incrementar o recrudescimento da ofensiva contra os rebeldes e a própria Rússia. Como o PTS e seus irmãos revisionistas da LIT e da UIT (que continuam em silêncio diante deste fato relevante da luta de classes) se postam no campo dos “revolucionários” fascistas da Praça Maidan adotaram esta posição vergonhosa. O PTS em particular no diz que “A grande mobilização e combates na Praça Maidan que levaram à queda do presidente pró-russo Yanukovich, acabaram dirigidas pela direita pró-européia e a ultra-direita fascista impondo um novo governo capitalista” (Aprofunda-se a crise na Ucrânia, LER-QI). Mesmo assim, estes grupos se postaram ao lado da “revolução” made in CIA como agora acusam de fato a Rússia e “seus” rebeles de derrubar o avião. Vejamos o que nos diz o PSTU em seu mais recente artigo (07/07) elaborado por Eduardo Almeida, intitulado “As encruzilhadas da Ucrânia”: “Grande parte da esquerda mundial, agrupada na corrente castro-chavista, saiu em defesa desse governo corrupto agente da oligarquia e do imperialismo, argumentando que se tratava de um golpe da direita. Querem deturpar o fato incontestável de que um governo identificado com a opressão russa foi derrubado por uma ampla e prolongada mobilização popular. A grande argumentação do castro-chavismo é a força de setores neonazistas na mobilização e no novo governo. No entanto, as eleições de junho passado, depois da rebelião de Maidán, mostraram o peso real desses setores. O principal grupo neonazista Svoboda (Liberdade) retrocedeu dos 10,5% conseguidos nas eleições de 2012 para 1,17% dos votos. O Praviy Sektor (Setor da Direita) – outro grupo neonazista – teve 0,67%. Na verdade, o grande fato é que as grandes rebeliões populares que sacudiram o Egito, a Tunísia chegaram à Europa. Trazem a força impressionante das massas nas ruas, com episódios emocionantes como a resistência de milhares de pessoas na Praça Maidán, mesmo sob o fogo de franco atiradores enviados por um governo cada vez mais autoritário. Essa massa rebelada se auto-organizava e passou por cima das direções que propuseram um acordo com Yanukovych propondo eleições em dezembro”. Como se vê, o PTS e o PSTU-LIT acabam no mesmo terreno, tanto antes como agora no episódio da queda do avião!

Já o PCO classificou o ataque ao avião da Malaysia Airlines como um simples “incidente” e nada mais! Em artigo sintomaticamente intitulado de “Ucrânia: Kiev culpa resistência no leste por queda de avião da Malaysia Airlines” (21/07) onde está absolutamente ausente desde o título a denúncia da farsa montada pelo imperialismo, Causa Operária vai na mesma tomada dos grupos revisionistas, adotando conduta similar da que adotou na Líbia quando saudou a “revolução” que derrubou Kadaffi junto com PTS, a LIT e... Obama! O PCO afirma que “O governo pró-imperialista instalado em Kiev acusa a resistência no leste de ter derrubado o avião, com a ajuda dos russos. Os russos acusam o governo de Kiev de ter abatido o avião, e afirma que um caça ucraniano voou próximo do Boeing no momento da queda, dizendo que o governo de Kiev deve explicações, e pedindo oficialmente uma investigação independente do caso... Nas mãos do imperialismo, o incidente é mais uma arma para conter a Rússia e tentar mantê-la fora do conflito entre a resistência no leste da Ucrânia e o governo em Kiev” (Grifo nosso). Como se observa, o PCO prefere “lavar as mãos” em meio à “guerra de versões” enquanto o imperialismo e os bandos fascistas tentaram assassinar mais um dirigente de um governo nacionalista (Putin), assim como a CIA fez com Chávez via seu envenenamento. O ataque ao avião da Malaysia Airlines não se tratou de um mero “incidente” como declara singelamente o PCO, mas de uma ação militar comandada diretamente pela CIA que falhou em seu objetivo político, porém deixou quase 300 civis mortos, tragédia que está sendo jogada na “conta” do próprio Putin e dos “rebeldes”. Tamanha idiotice do PCO demonstra que quando se trata de denunciar a farsa montada pelo imperialismo, este grupo prefere ficar “em cima do muro” para não se chocar com seus primos revisionistas, se somando de fato ao coro de papagaios de Obama.