sexta-feira, 13 de junho de 2014


PSTU coliga com o PSOL em SP: Morenistas afirmam não ter “acordo programático” para apoiar Randolfe, mas com o chefe Ivan “convergência é total”!

Neste final de semana, 14 e 15 de junho, o PSTU realizará um Seminário Nacional para discutir o programa que apresentará nas eleições de outubro e lançará oficialmente a candidatura de José Maria de Almeida à Presidência da República. Segundo a convocatória do Seminário que irá debater “um programa de luta e socialista para mudar o Brasil”, esta resolução foi tomada porque “O PSOL inviabilizou a constituição de uma Frente de Esquerda que apresentasse um projeto e um programa da classe trabalhadora, de transformação socialista do Brasil”. Ou seja, por supostas “profundas diferenças programáticas” o PSTU não conformou com o PSOL a Frente de Esquerda (FE) em nível nacional encabeçada por Randolfe Rodrigues. Não para nossa surpresa, eis que poucos dias antes da realização do referido Seminário, a mesma direção do PSTU anunciou em êxtase e extremamente entusiasmada que o partido acabava de fechar um acordo político com o grupo de Ivan Valente (ex-APS) em São Paulo e irá conformar a FE no estado: “Em São Paulo, vai ter Frente de Esquerda entre PSOL e o PSTU” (04/06). Note-se que o grupo de Ivan, majoritário no PSOL tanto em âmbito nacional como em São Paulo, é responsável direto pela aprovação no último congresso do PSOL pelo referido programa que “inviabilizou” nacionalmente a FE e indicou Randolfe Rodrigues como candidato psolista a presidente!!! Mas não só isso, poucos dias antes do acordo com o PSTU, Ivan Valente e seu staff carreirista rifaram Vladimir Safatle como candidato do PSOL a governador de SP e impôs um nome de sua inteira confiança, Gilberto Maringoni, que tem posições muito próximas do PT. Esta manobra rasteira, denunciada como um verdadeiro golpe pela “centro-esquerda” do PSOL (MES, CSOL e Insurgência), não abalou as negociações entre Ivan e o PSTU que formalizaram a aliança em tom de grande acerto político. O que está por trás deste acordo ultraoportunista são os apetites eleitorais de ambos os lados... Ivan Valente é o “padrinho” da aliança que tem o futuro suplente Toninho (PSTU) como seu principal “puxador” de voto a deputado federal em São Paulo!

Pelo que informam os morenistas “PSOL e PSTU selam uma aliança em SP, constituindo aqui uma Frente de Esquerda. Dois partidos historicamente comprometidos com a luta dos trabalhadores e com o socialismo. Dois partidos presentes nas lutas sociais. Comprometidos com a oposição de esquerda e programática, tanto ao PSDB como ao PT, fazendo um combate sem tréguas ao tucanato, a toda direita reacionária e ao Governo Federal. Essa Frente de Esquerda apresenta o nome do companheiro Gilberto Maringoni como pré-candidato a governador pelo PSOL. Diante dos 20 anos de tucanato, a única alternativa é uma total renovação da política, através de uma campanha comprometida com a mudança e com as lutas da juventude e dos trabalhadores, com a ampliação dos serviços públicos, com a democracia e com as reivindicações das ruas”. Como se observa, há uma profunda afinidade programática entre ambas as legendas, mesmo que o grupo de Ivan tenha na véspera negociado o apoio de Marina Silva e sua REDE ao candidato a governador do PSOL e, inclusive, indicado o candidato a presidente do partido, Randolfe Rodrigues, o mesmo que adota posições abertamente direitistas em sintonia com a oposição demo-tucana! Não por acaso, ávidos pela aliança, os morenistas reforçaram que “O PSTU participou das discussões programáticas e da construção da pré-candidatura de Safatle, mas não interferirá na indicação e respeita a decisão do PSOL, que será confirmada definitivamente em convenção no dia 14 de junho”. Em resumo, o PSTU engole qualquer candidato para preservar a aliança com o PSOL em São Paulo!!!

São esclarecedoras as declarações do PSTU sobre as negociações para se sacramentar a aliança eleitoreira. Segundo relata João Zafalão no artigo “O impasse na construção da Frente de Esquerda e Socialista em SP”, presidente do partido em SP e conhecido burocrata sindical de esquerda que implementa um condomínio político com a Articulação na APEOSP há vários anos para sabotar as greves: “Com esse objetivo, o PSTU propôs ao PSOL e ao PCB a construção de uma Frente de Esquerda Socialista nas próximas eleições. Nas eleições presidenciais, essa frente não se conformou pela impossibilidade de um programa comum com a candidatura do PSOL e pela postura hegemonista da direção do PSOL que resolveu escolher sozinha as candidaturas de presidente e vice-presidente. Porém, em São Paulo, assim como em outros estados do país, o PSTU ainda busca unificar em uma mesma frente eleitoral os partidos que fazem oposição de esquerda aos governos do PSDB e do PT...Neste sentido, foi um erro a tentativa de setores do PSOL de negociar uma coligação com o partido de Marina Silva em São Paulo”. Mesmo após o “erro” do grupo de Ivan o PSTU fechou a aliança!!! Ocorre que Ivan vem buscando essa aliança com Marina há tempos, inclusive conformou um bloco com Heloísa Helena e Martiniano Cavalcante em passado recente para tentar viabilizar a aliança em nível nacional para 2014. Como o Rede não se legalizou, o plano furou e Marina agora é vice de Eduardo Campos, representando a “nova” direita. Entretanto, grande parte dos marineiros-psolistas ingressou no PSB em apoio à sua guru eco-capitalista, todos ex-parceiros de Ivan no interior do PSOL. Tal conduta do PSTU não é de se estranhar, em Belém se aliaram ao PSOL e ao PCdoB para eleger seu vereador, mesmo com a candidatura de Edmilson Rodrigues tendo o apoio de Marina e no segundo turno de Lula/Dilma!

Ainda segundo Zafalão, “No último final de semana, vimos inclusive uma troca repentina do pré-candidato do PSOL ao governo paulista, quando seu diretório estadual retirou a pré-candidatura de Vladimir Safatle e definiu por uma nova pré-candidatura, de Gilberto Maringoni. Esta é uma discussão interna do PSOL e o PSTU não está comprometido, política ou financeiramente, com um ou outro candidato isoladamente e sim com a construção da frente. Embora reivindiquemos a construção política em torno do nome de Vladimir Safatle, a troca do candidato ao governo estadual não inviabiliza, por si só, a construção de uma frente eleitoral no Estado de São Paulo entre nossos partidos. Seguimos defendendo essa política, mas o problema central é a postura vacilante da direção majoritária do PSOL em garantir as condições programáticas, de arco de aliança e de respeito ao peso político de nosso partido na composição da frente”. Aqui está o segredo do “porquê” da aliança em SP. Os morenistas têm um acordo de bastidores com Ivan Valente para garantir os votos necessários para o parlamentar do PSOL garantir o coeficiente eleitoral de sua reeleição a deputado federal. O PSTU avalia que seu candidato a deputado federal (Toninho Ferreira) tem condições eleitorais para, pelo menos, ficar na primeira suplência do próprio Ivan e deve assumir o mandato por algum período com uma licença pré-acordada do parlamentar do PSOL a fim de catapultar o nome de Toninho para a eleição a vereador em SJC em 2016. A aliança via coligação proporcional a deputado federal entre PSOL e PSTU beneficiaria ambos os partidos, já que Ivan precisa dos votos de Toninho para atingir o alto coeficiente eleitoral em São Paulo e o PSTU seria “premiado” com meses de mandato e verbas às vésperas da eleição municipal. Não por acaso, os morenistas afirmam: “O PSTU lança Toninho Ferreira como pré-candidato prioritário à deputado federal. Toninho, de 55 anos, trabalhou na GM e Embraer. Foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos por dois mandatos e, em 2012, foi o quinto candidato mais votado para vereador na cidade. Atualmente, é advogado dos movimentos populares. Esteve ao lado dos moradores na luta contra a desocupação e é a principal liderança das famílias do Pinheirinho. Para Deputado Estadual, nosso partido lançará uma chapa com cerca de 30 lutadores e lutadoras”. Em resumo, não foram as diferenças programáticas que impediram a FE em nível nacional, pois as bases da FE em SP foram costuradas com a ala mais direitista do PSOL e que representa as mesmas posições de Randolfe, inclusive são do mesmo grupo político. Ocorre que o PSOL não abriu a coligação para deputado federal no Rio de Janeiro que viabilizaria a eleição de Ciro Garcia como parte da aliança com os puxadores de votos psolistas. Em “resposta”, o PSTU manteve a candidatura presidencial de José Maria e agora busca fechar o máximo de coligações nos estados, não importando que seus aliados sejam os mesmos que defendem o financiamento das campanhas pelas grandes empresas e a aproximação com o Rede de Marina Silva!

Como se observa, estamos diante de um fato que revela a completa fraude política que são as justificativas “programáticas” para não integrar-se nacionalmente a FE com o PSOL. Como se pode aferir, as supostas “divergências” que o PSTU afirma ter com o PSOL acerca da “independência” frente aos patrões, não passam de barganha para justificar seus esforços de entrar a qualquer custo na Frente de esquerda, nem que seja pela porta das alianças estaduais. Mais uma vez, estamos vendo o PSTU aplicar a política de cretinismo eleitoral com vista a galgar a todo custo postos eleitorais. Por isso sacrifica totalmente a independência de classe. As declarações em defesa de um programa “socialista” como condição para compor a Frente de Esquerda, são absoluta letra morta na medida em que seus melhores aliados internos no PSOL são os campeões do reformismo e de uma política policlassista de integração ao Estado capitalista. Apesar do PSTU se “declamar” a favor de uma plataforma “anticapitalista”, o que interessa mesmo são os cargos... nem que seja via suplência de um parlamentar do PSOL!!!