terça-feira, 17 de junho de 2014


Com vitória apertada e apoio da centro-esquerda burguesa, chacal Santos é reeleito para manter política de eliminação das FARC via as “negociações de paz”

Por uma pequena margem de votos, o atual presidente da Colômbia, Manuel Santos, foi reeleito para um novo mandato no último dia 15 de junho. Ele derrotou Óscar Iván Zuluaga, apoiado por Álvaro Uribe, por 50,95% dos votos contra 45,10%. O resultado foi inclusive questionado pelo ex-presidente que declarou “Por que querem se manter em silêncio sobre a compra de votos, imposição das Farc, publicidade ilegal e abusiva de recursos públicos” declarou Uribe. Já Santos, ao ver confirmado o resultado pela OEA, ou seja, pelo imperialismo ianque e seus governos serviçais, reafirmou sua política chancelada por Obama: “Esta não será uma paz com impunidade, esta será uma paz justa. Teremos que dar passos difíceis para garantir que não só seja justa, como também duradoura. A mensagem de hoje é também para as FARC e para o ELN. Este é o objetivo e precisamos atingi-lo com seriedade. Este é o fim de mais de 50 anos de violência” (BBC, 16/06). Na verdade, com vitória apertada, Santos foi “eleito” pelo imperialismo para comandar a eliminação das FARC via as “negociações de paz”. Sua eleição só foi possível pelo apoio que recebeu da centro-esquerda burguesa, particularmente pela ex-senadora Piedad Córdoba, dirigente do movimento “Colombianos y Colombianas por la Paz” e integrante da Marcha Patriótica, assim como pelo Pólo Democrático Alternativo (PDA). Tanto que os votos da frente eleitoral entre o PDA e a Unidade Patriótica (UP) no primeiro turno foram transferidos para Santos e garantiram sua reeleição. Há grande possibilidade de membros destes partidos ingressarem no futuro governo burguês e serviçal da Casa Branca.

Agora Santos busca aproximar as principais personalidades dos partidos da centro-esquerda para a composição do próximo governo com o objetivo de comprometê-los ainda mais com a política de eliminação das FARC pela via das negociações de paz e para garantir maioria no parlamento, cuja metade é controlada pelo partido de Uribe, o Centro Democrático. Na primeira entrevista coletiva após a vitória, ele declarou “se amanhã quiserem entrar no governo, aqui também há portas abertas”. PDA e UP inclusive formaram as vésperas do segundo turno a “Frente Ampla pela Paz” que também teve a participação de membros do Partido Verde e do Movimento Progressista para angariar “amplo” apoio eleitoral a Santos. Sob o slogan “Só pela paz voto por Santos", a ex-senadora Piedad Córdoba fez intensa campanha por Santos e comandou um ato político em 06 de junho seu apoio cujo manifesto declarou “Este é um movimento em que os membros vão ser Pólo Democrático, a União Patriótica, Poder Cidadão, Aliança, Verde progressistas, Organização Nacional Indígena da Colômbia, Mulheres da Paz e muitos outros, onde se expressa com força o apoio a Santos e ao processo de paz. É um voto para a paz em 15 de junho” (La Vanguardia, 06/06). Com esta política vergonhosa a centro-esquerda burguesa buscou reduzir a abstenção recorde do primeiro turno (60%) e o número de votos brancos para garantir a vitória de Santos e ser fiadora do seu futuro governo! Em resumo, as forças políticas de “esquerda” mais próximas às FARC declararam apoio ao chacal Santos, em uma evidente decisão compartilhada com a direção da guerrilha, que preferiu pronunciar-se pela “continuidade do processo de paz” sem explicitar seu apoio a Santos para não assustar os eleitores mais conservadores do atual presidente. Esse giro à direita ocorre desgraçadamente porque a direção da guerrilha vem cada vez mais apostando em uma ilusória solução negociada para o enfrentamento que já dura 50 anos. Tanto que as FARC anunciaram que pretende formar um partido político depois que for firmado o acordo de paz em negociação com o governo colombiano comandado por Santos e avalizaram as posições que apoiam eleitoralmente o atual presidente, alegando o perigo do candidato de Uribe por um fim nas negociações. Na verdade, Santos apresenta a eliminação das FARC obtida pela via das “negociações de paz” como credencial ao imperialismo para garantir sua reeleição na Colômbia! Para os marxistas revolucionários não resta dúvidas de que Santos e Uribe são dois lados da mesma moeda na política de eliminação física e política da FARC patrocinada pelo imperialismo ianque, sendo o atual presidente partidário de uma orientação que está sendo mais bem sucedida que a do chacal Uribe, já que vem neutralizando tanto a guerrilha como a própria “esquerda” colombiana!

As “negociações de paz” entre as FARC e o governo Manuel Santos, saudadas pela esquerda reformista nacional e internacional como um grande avanço, mostraram sua real face macabra desde que começaram: mais de 150 guerrilheiros mortos desde o início. Em meio aos “diálogos” o governo anunciou novos investimentos no combate às FARC e a aproximação com a OTAN, tanto que a proposta de formalizar um cessar-fogo durante as “negociações” foi rechaçada pelo presidente colombiano, que rejeitou essa possibilidade veementemente. Como observamos, trata-se de uma farsa montada justamente para eliminar fisicamente a guerrilha, como a LBI já denunciava quase isoladamente na “esquerda” quando se anunciou o acordo costurado por Chávez e Fidel entre a guerrilha e o governo capacho do imperialismo ianque. A “agenda de diálogo” está voltada a desarmar as FARC, o que na prática significa um verdadeiro suicídio político e militar para a guerrilha e tem seis pontos básicos, porém, pela primeira vez se discute assuntos como a desmobilização de guerrilheiros, o fim das hostilidades e a entrega de armas, assuntos que segundo o governo Santos haviam “limitado” no passado as negociações. Como se vê, tal “diálogo” está voltado a por um fim nas FARC. As “negociações de paz” têm como consequência direta e prática não só o enfraquecimento político da guerrilha, mas a sua completa exterminação física, tendo em vista a experiência das próprias FARC, que na década de 80 deslocou parte de seus quadros para a constituição da Unidade Patriótica e impulsionou um partido político legal, tendo como resultado o assassinato de cerca 5 mil dirigentes pelas forças de repressão do Estado, pilar-mestre da democracia bastarda colombiana. Essa tragédia teve como base as mesmas ilusões reformistas hoje patrocinadas pela direção da guerrilha e o conjunto da esquerda.


Ao narcotraficante regime burguês colombiano não interessa sequer a conversão da guerrilha em partido político desarmado, apenas sua extinção. Diante do cerco crescente da reação democrática neste momento de maior fragilidade das FARC, os Marxistas Revolucionários declaram seu apoio incondicional à guerrilha diante de qualquer ataque militar do imperialismo e do aparato repressivo de Santos. Simultaneamente, apontamos como alternativa a superação programática da estratégia reformista da direção das FARC baseada na reconciliação nacional com a oposição burguesa e a unificação da luta armada com o movimento operário urbano sob a estratégia da revolução socialista para liquidar o regime facistóide e organizar a tomada do poder pelos explorados colombianos. Defendemos que uma política justa para o confronto entre a guerrilha e o Estado burguês passa por aplicar a unidade de ação contra Santos, com a mais absoluta independência política em relação ao programa reformista das FARC. Ao lado dos heroicos guerrilheiros das FARC e honrando o sangue derramado pelos comandantes Afonso Cano, Manuel Marulanda e Mono Jojoy, que morreram em combate, apontamos como alternativa programática a defesa da estratégia da revolução socialista e da ditadura do proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de construir uma “Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres!