quarta-feira, 9 de abril de 2014


Em defesa do direito à separação do Leste ucraniano e sua unificação com a Rússia. Derrotar o governo golpista e
pró-imperialista imposto em Kiev!

Há cerca de um mês da unificação da Península da Crimeia com a Rússia, abre-se mais um capítulo no cenário político da Ucrânia, onde diversas cidades se levantam contra o domínio dos neo-nazistas pró-ianques, principalmente na altamente desenvolvida região Leste do país. Na cidade de Kharkiv milhares de manifestantes ocuparam sedes do governo local, em Donetsk e Lugansk inúmeros prédios públicos foram tomados de assalto. Para se ter uma dimensão exata do processo, Donetsk é o mais importante polo industrial do país com uma grande concentração proletária, o qual já decretou a independência, se autointitulou Republica Popular e marcou através de sua ação direta um “referendo” para o dia 11 de maio acerca da sua incorporação à Rússia. Estas regiões não aceitam o “comando” do país pelo golpista neo-nazista Oleksander Turchinor, não por uma simples causa “étnica” como quer passar o conto de sereia da mídia “murdochiana”, mas sim como produto da corajosa determinação do proletariado do Leste ucraniano em combater o governo imposto pela Casa Branca. A radicalização foi tão intensa que em Lugansk manifestantes mantiveram como reféns 60 agentes no prédio da sede local do Serviço Secreto da Ucrânia, se valendo do uso de dinamites e com armas em punho, prometendo resistir com todas as suas forças à repressão. Neste contexto explosivo, não foi à toa que o imperialismo lançou suas ameaças através do Secretário Geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen: “Se a Rússia intervir mais na Ucrânia será um erro histórico... Teria graves consequências para nossa relação... e a isolaria ainda mais internacionalmente” (O Estado de S.Paulo, 8/4). Logo, os estrategistas do Pentágono em socorro a Kiev trataram de “arrefecer” os ânimos das massas através de dura repressão, se valendo de militantes neo-nazistas (“Setor Direito”) e tropas mercenárias norte-americanas (“Blackwaters”) – as mesmas que foram responsáveis por terríveis massacres no Iraque ocupado. O Kremlin lançou um comunicado no qual pede “imediatamente o fim quaisquer ações militares, que aumentem o risco de uma guerra civil” (Russia Today, 7/4), elevando o nível das tensões militares na região.

Donetsk é a cidade natal do presidente Viktor Yanukovich deposto pelos neo-nazistas em 22 de fevereiro, faz parte do leste ucraniano região considerada como o “coração” industrial do país que além de possuir uma classe operária extremamente concentrada comporta a maioria russa, razão pela qual se transformou em um grande centro de repúdio ao governo golpista recém-instalado em Kiev. O que para o imperialismo é algo “ilegal” como alerta o garoto de recados dos “Falcões” J. Kerry, “O que vemos da Rússia é um esforço ilegal e ilegítimo para desestabilizar um Estado soberano e criar uma crise artificial”, para a classe operária é a forma de resistir à ofensiva neo-nazista que visa incorporar a região aos interesses das grandes corporações americanas e europeias. Desde a Praça Lenin (símbolo o qual a mídia “murdochiana” procura ao máximo ocultar de seus noticiários!), os manifestantes que ocupam há três dias o prédio do governo local proclamaram um “governo popular”, independente, desfraldando bandeiras russas e comunistas. Os levantes do Leste ucraniano como podemos constatar, apesar de seus limites intrínsecos colocam, por terra a tese estúpida dos morenistas que afirmam categoricamente “a voz dos trabalhadores não se fez ouvir” (site PSTU, 3/7), mas caracterizam oportunística e fraudulentamente que houve uma “revolução” na Ucrânia, postando-se com a maior cara de pau no campo do imperialismo, tal como aconteceu na Líbia, Egito...!

Evidentemente que o caráter de classe do governo russo o coloca no campo do limitado enfrentamento com o imperialismo, mas os revolucionários não podem ficar “neutros” diante da ofensiva fascista em todo o planeta e em particular sobre o território ucraniano em uma concreta possibilidade de guerra. Nós, Marxistas-Leninistas estaremos na trincheira de guerra do governo Putin, lutando no mesmo campo militar, contudo com total independência política face às hesitações e covardia das burguesias nacionais diante da possibilidade de um conflito em escala regional e consequentemente ampliado em nível mundial. Na atual conjuntura mundial, uma derrota do imperialismo num conflito bélico seria um excelente estímulo, um fermento para a luta de todos os povos do planeta em direção à destruição do monstro ianque e seus sócios europeus. Ou seja, a derrota do imperialismo é um norte estratégico para os revolucionários e ativistas anti-imperialistas de todo o mundo. Façamos nossas as palavras do “velho mestre”: “Os revolucionários proletários não devem nunca esquecer o direito das nacionalidades oprimidas a dispor de si próprias, inclusive o seu direito à completa separação, e o dever do proletariado da nação que oprime a defender este direito, inclusive, se necessário, com armas na mão!” (Leon Trotsky, O Problema Nacional e as Tarefas do Partido Proletário, abril 1935). Por esta razão estamos pelo direito a separação do leste ucraniano e por sua unificação com a Rússia, chamando o proletariado de Kiev a derrotar o governo fascista e golpista made in CIA.

Desta forma, seria criminoso por parte de um partido revolucionário adotar o abstencionismo como estratégia ou se colocar descaradamente no campo programático das “revoluções democráticas” levadas a cabo pela CIA ou aclamando a chuva de bombas da Otan como ardorosamente defende a canalha morenista. Na Ucrânia, a exemplo da Líbia, delineia-se mais uma guerra de rapina para tomar os recursos energéticos controlados pela Rússia que foi transformada em uma semicolônia após a destruição contrarrevolucionária da URSS. A derrota do governo golpista imposto pelo Departamento de Estado norte-americano é um primeiro passo para a vitória do proletariado ucraniano e russo diante da ofensiva nazi-fascista que assola o mundo inteiro insuflada pelo “falcão negro” Obama e um exemplo a ser seguido pela classe operária internacional.