segunda-feira, 23 de dezembro de 2013


Dilma anuncia mínimo de fome (R$ 724,00) e a canalha burocracia sindical festeja como um “bom presente de ano novo”!

A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta segunda-feira, 23 de dezembro, que assinou o decreto que reajusta o salário mínimo para R$ 724. O novo valor passa a vigorar em janeiro de 2014 e representa segundo a “gerentona” petista um reajuste de 6,78% sobre o salário mínimo atual, de R$ 678. O cálculo do reajuste do salário mínimo é feito com base na inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e no crescimento do PIB dos dois anos anteriores. Cinicamente, Dilma declarou “O patamar é esse e com esse viés de alta, nós sempre damos essa força ao salário mínimo. O pessoal pode ficar satisfeito antecipadamente porque o salário mínimo vai sofrer um bom reajuste”. O salário mínimo subirá poucos décimos acima da inflação fajuta metida pelo governo (6,6%) e de fato significa que em 1° de janeiro de 2014 ele valerá cerca de 1/4 do necessário para manter uma família, segundo uma cesta básica calculada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE). Logo a burocracia sindical corrupta saiu cinicamente a comemorar a quantia miserável, apresentando-a como uma “grande conquista para os trabalhadores”. Segundo o presidente da CUT, o arquipelego Vagner Freitas, “É uma boa notícia de Ano Novo para os trabalhadores e trabalhadoras, resultado de esforços coletivos, do empenho da CUT e de suas entidades filiadas”. Já para a CTB “o anúncio do novo valor para o salário mínimo (R$ 724), feito pela presidenta Dilma consolida uma consistente elevação do ganho real a partir do governo Lula. Os números são incontestáveis e independem de julgamentos políticos”. O valor festejado pela direção da CUT e da CTB não significa nem uma “diária” paga pelos sindicatos aos burocratas que a cada fim de semana participam de “congressos”, fazendo turismo sindical e que não encaminham nenhuma luta concreta. O valor de R$ 724 não atende a necessidade de uma família trabalhadora, sequer repondo o índice real de inflação que gerou uma disparada dos preços nos últimos meses de 2013, o verdadeiro “presente de grego” que os capitalistas e o governo Dilma deram para os assalariados às vésperas do ano novo!

O próprio DIEESE, mantido pela CUT e as outras centrais “chapa branca”, anunciou que o “salário mínimo necessário” em janeiro de 2014 seria de R$ 2.828, ou seja, o valor anunciado por Dilma é 25% do necessário segundo o DIEESE!!! De acordo com dados do mesmo instituto, 14 das 17 capitais onde o DIEESE realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica registraram aumento acima de 12% no conjunto de gêneros alimentícios essenciais durante o ano de 2013. Cinicamente, os apoiadores da frente popular dizem que “Entre 2003 e este ano, o mínimo teve um aumento de 92,6% sobre a inflação do período, avançando 239% contra 76% da inflação, num crescimento de 3,1 vezes sobre a escalada dos preços. Transformado em dólares, o salário mínimo brasileiro também mostra uma forte recuperação durante os governos Lula e Dilma. Em 2003, no primeiro ano da gestão Lula, o mínimo equivalia a US$ 56, mas este ano já era possível transformá-lo em mais de US$ 330. Na média, apesar das variações da moeda americana sobre o real, o crescimento do mínimo sobre o dólar foi de mais de 480%” (Brasil 247, 18/12). A política capitalista do governo Dilma de camuflar os índices inflacionários para justificar o “êxito” de sua política econômica não resiste à realidade. Afinal, os reajustes salariais não acompanham os reajustes dos preços que superam, velozmente, a inflação oficial e os trabalhadores continuam a pagar uma conta que não é sua. O “novo” valor do salário mínimo deixa claro que a estabilidade da economia brasileira nos últimos anos tem como um dos seus pilares fundamentais a enorme expropriação salarial da classe operária, responsável por crescer os lucros dos grandes monopólios que a exploram sem ter nenhum ganho real com isso.

Segundo o deputado federal Vicentinho, ex-presidente da CUT e do sindicato metalúrgicos do ABC paulista, “O aumento real do poder de compra do salário mínimo é a prova de que os governos do PT, dos presidentes Lula e Dilma, vêm cumprindo o compromisso de valorizar os trabalhadores de renda mais baixa”. O vendido Vicentinho também declarou que “o novo valor prova que a política de reajuste enviada pelo governo ao Congresso estava correta”. Ele foi relator, em 2011, da proposta do governo Dilma produto de um acordo com as centrais “chapa branca” que estipulou uma política de “reajuste” para o salário mínimo até 2015. Pelos critérios definidos com a aprovação do projeto de lei do Executivo, o reajuste é definido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e, a título de aumento real, a variação do PIB de dois anos antes. Nada mais falso! O acordo assinado entre governo e centrais como CUT e Força Sindical foi o responsável por deixar o salário mínimo sem aumento em 2011 e, longe de permitir uma real valorização do salário no que se refere às necessidades de uma família operária, essa regra tem o objetivo de vincular seu reajuste ao “crescimento da economia” e impedindo que ele tenha um aumento real, preservando assim os lucros dos capitalistas.

A única via para impor um salário mínimo vital para os trabalhadores, assim como derrotar a política de arrocho salarial ditada ao conjunto da classe pelo governo burguês frente populista, é a da ação direta, com o método da mobilização permanente da classe operária. Os trabalhadores não devem confiar, nem por um segundo, nas direções reformistas que vendem gato por lebre. A unificação das lutas e o combate à reforma trabalhista que se avizinha são tarefas que o proletariado deve enfrentar na arena política da guerra de classes, delimitando claramente seus inimigos viscerais dentro do movimento de massas. A alternativa capaz de superar essa política colaboracionista da CUT, que detém o controle sobre o movimento operário, bloqueando qualquer iniciativa independente das massas para romper a paralisia, é organizar os explorados sob uma perspectiva de independência de classe, unificando suas lutas em defesa de um salário mínimo vital capaz de sustentar o trabalhador e sua família com dignidade, que atenda às reivindicações de uma família operária, em torno de R$ 5.000 e de uma política salarial com reajustes sistemáticos acima da inflação. Essas demandas somente serão arrancadas através da ação direta das massas do campo e da cidade em um combate revolucionário de todos os trabalhadores assalariados contra o governo Dilma e de seus agentes pelegos. Os trabalhadores devem erguer a bandeira de um salário mínimo vital que atenda com dignidade as demandas de uma família por saúde, habitação, cultura e lazer, transporte, alimentação e vestuário. Somente a mobilização permanente dos trabalhadores e a luta contra a trágica realidade capitalista, que nem mesmo reformas são capazes de conceder, poderá apresentar uma perspectiva combativa e socialista para as reivindicações econômicas do proletariado.