quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Leia o Editorial do Jornal Luta Operária nº 265, 1ª Quinzena de Setembro/2013

Virada apertada no STF em favor de José Dirceu é produto da permanência da “gerentona” no Planalto até 2018

Após liquidar o futuro político dos dirigentes históricos do PT, como Dirceu, Genuíno e Delúbio, o STF agora parece que irá recuar do propósito inicial de encarcerar os chamados “mensaleiros” no presídio da Papuda em Brasília. Na próxima quarta-feira (18/09) o decano da Corte Maior, ministro Celso de Mello, desempatará uma votação apertada de 5 votos a favor dos embargos infringentes contra 5 votos contrários. Como juiz mais antigo do Supremo indicado ainda por Sarney, Celso de Mello que na primeira fase do julgamento do “Mensalão” atuou como porta voz do PIG na vanguarda das acusações mais absurdas contra os dirigentes do PT, agora emitiu claros sinais de que admitirá os recursos que possibilitarão a redução de pena dos acusados da Ação Penal 470, livrando os réus do regime penitenciário fechado. A “virada” do STF em favor de Dirceu, ainda que com um placar muito apertado, é produto direto da consolidação do projeto político que conduzirá a reeleição da presidenta Dilma, somado à conquista da hegemonia interna no próprio PT. A desmoralização política dos dirigentes da Articulação foi patrocinada por uma aliança de interesses, que uniu desde a anturragem Dilmista, passando pelos magistrados reacionários do STF até os grandes barões da mídia “murdochiana”. Com a “tarefa” cumprida, após o dantesco espetáculo do julgamento da farsa do “Mensalão”, o conluio formado resolveu “suavizar” a condenação dos dirigentes petistas na certeza de que estes estarão fora das decisões do próximo governo da Frente Popular. Neste cenário a anturragem Dilmista fica ainda mais à vontade para aprofundar o curso ultraneoliberal da próxima “gerência” estatal petista.

O fato mais surpreendente da nova conjuntura não foi propriamente a provável mudança da postura do direitista Celso de Mello, mas a radical alteração da conduta do PIG em aceitar passivamente a inclinação do ministro em acatar os embargos, que aliviarão as penas dos “mensaleiros” petistas, cretinamente considerados inimigos número 1 desta república. É certo que alguns articulistas da mídia ultrarreacionária mantiveram a pressão sobre o decano, no sentido da manutenção da condenação integral (o que incluí a prisão) de José Dirceu, mas em geral a linha editorial dos principais “pastelões” apontou na resignação do “fato consumado”. O engodo do “julgamento do século” pelo STF, consistia exatamente na manobra da burguesia em desviar a atenção da população dos grandes esquemas de corrupção e desvios de verbas estatais do país, debitando exclusivamente na conta dos dirigentes históricos do PT a responsabilidade por todas as “falcatruas” cometidas desde a descoberta do Brasil.

O governo Dilma contornou muito bem a crise política aberta com as “Jornadas de Junho”, demonstrando para as classes dominantes que o PT ainda representa o melhor “dique de contenção” para o movimento de massas. Com esta demonstração de “força” e apresentando índices relativamente satisfatórios na economia, Dilma assegurou um novo mandato, bem mesmo antes das eleições presidenciais de 2014. Se é verdade que o modelo de gestão da Frente Popular (baseado na colaboração de classes) já apresenta sinais de esgotamento, também é correto afirmar que a burguesia nacional prefere não correr riscos apostando na radicalidade do movimento operário, caso fosse vitorioso um candidato da oposição Demo-Tucana. Como uma possível alternativa de governo ao PT, as oligarquias mais ligadas ao imperialismo Ianque preferem costurar a candidatura de Marina Silva, ainda que de forma embrionária e como elemento de barganha para “pressionar” Dilma.

Com a possível admissibilidade dos embargos infringentes, a chicana do STF na Ação Penal 470 deve se arrastar ainda mais, alcançando inclusive as próximas eleições gerais em 2014. Como uma espada de Dâmocles pendurada sob a cabeça de Lula, os “delitos” de caixa dois e recebimento de comissões das grandes empresas, permanecerão funcionando como uma espécie de “aviso” para que o governo do PT não siga rumos mais à “esquerda”. É neste sentido que Dilma deliberou por manter sua “agenda” privatista, entregando de bandeja nossos melhores campos marítimos de petróleo para as grandes transnacionais do setor de energia.

A vanguarda classista do movimento de massas não deve nutrir a menor ilusão em nenhuma das instituições apodrecidas desta república da democracia dos ricos (STF, Congresso Nacional etc...), assim como deve rejeitar a “fábula” de que este governo monetarista poderá tomar algum caminho “nacional e popular”. Desde já se faz necessária a construção de uma alternativa revolucionária dos trabalhadores diante das opções postas no atual cenário político. É completamente vergonhosa a capitulação da esquerda revisionista aos “ditames” do Supremo “Trambique” Federal, na mesma proporção do “namoro” eleitoral que iniciaram com o REDE de Marina Silva. A tarefa que se impõe no momento para o proletariado é o da ação direta e mobilização permanente no combate por um programa anticapitalista e transitório ao socialismo.