sexta-feira, 26 de julho de 2013


Um Papa combatendo pela “evangelização” da juventude católica como vanguarda militante da contrarrevolução mundial no Século XXI

Estamos rumando para o final da 26ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), iniciada na terça-feira 23/07, no Rio de Janeiro e que se encerra neste domingo, 28/07, tendo como principal atração a presença do Papa argentino “Francisco”. A JMJ vem recebendo intenso destaque da mídia “murdochiana”, sobretudo da Rede Globo que está utilizando toda sua cobertura “jornalística” exclusivamente para acompanhar a agenda do representante-mor da Igreja Católica no país. Os dias já transcorridos de sua visita no Brasil demonstraram que se trata de um Papa “antenado” e com “jogo de cintura” e demagogia bastante para ampliar a influência da decadente Igreja Católica pelo mundo em parceria com os governos burgueses mais direitistas, sedimentando o processo de ofensiva ideológica mundial que se aprofundou com João Paulo II e Bento XVI, principalmente a partir da queda do Muro de Berlim, da restauração capitalista da URSS e com o advento recente da “Primavera Árabe”. Mesmo sem a Globo alterar integralmente sua grade de programação como fez no curso das manifestações de junho, com o objetivo de desgastar o governo Dilma e em seguida cobrar mais caro por seus serviços (só em 2012 abocanhou 500 milhões de reais em publicidade federal), a gigantesca emissora da “famiglia Marinho” realiza no momento, por interesses mais estratégicos e ideológicos, uma cobertura ufanista da visita papal que beira ao fanatismo religioso. Criada em 84 pelo papa João Paulo II, o polonês Karol Wojtyla, a JMJ foi idealizada como parte da estratégia do vaticano de promover a contrarrevolução e a restauração capitalista no Leste Europeu a partir da Polônia. Desde sua gênese, a JMJ cumpre o papel reacionário de ser instrumento de dominação ideológica da burguesia sobre a juventude a partir da propaganda anticomunista e o combate virulento a esquerda revolucionária, reformista ou mesmo “progressista”. Isso foi o que representou a perseguição aos padres da chamada Teologia da Libertação, sobretudo na América latina, desencadeada pelo papa João Paulo II no mesmo período. Este reacionário evento promovido pelo Vaticano com um custo de cerca de R$ 155 milhões, está sendo bancado pelos cofres públicos em mais de 80% deste total, apesar de cinicamente o “papa dos pobres” se proclamar contra os carros de luxos (para fazer merchandising da FIAT) e os privilégios. A “modesta” festa da religião católica, bancada pelos governos Dilma, Cabral e Paes, revela que o caráter laico do Estado Burguês não passa de uma grande farsa e quão ainda é poderosa a nefasta Igreja Católica no planeta.

É válido ressaltar que dentre os objetivos deste evento estão evidentemente aumentar o contingente de fiéis, já que o número de católicos do país apresentou uma queda considerável. Entretanto, o objetivo mais estratégico diz respeito ao panorama político da América Latina, onde a intervenção papal busca extinguir qualquer referência de esquerda na juventude e, com isso, fortalecer a campanha ideológica de dominação capitalista que passa nesse momento em promover a derrota da centro-esquerda burguesa que hoje governa países importantes da América Latina como Venezuela, Equador, Bolívia, Argentina e Brasil. O argentino Bergoglio, primeiro papa sul-americano foi eleito como parte de um plano estratégico na busca de pôr fim à crise ética e moral na Igreja Católica, mergulhada nos inúmeros crimes de pedofilia cometidos, além de escandalosos casos de corrupção e de lutas fratricidas no interior do Vaticano. Para isso, foi orquestrado o embuste de um papa com imagem vinculada a valores franciscanos, sobretudo fazendo apologia à humildade e a dedicação à pobreza. A criação deste personagem que simboliza a simplicidade em oposição à ostentação típica do “modus vivendi” do chefe máximo da Igreja Católica, faz parte do arsenal de maquinações engendradas pelas máfias que constituem o conselho de cardeais do Vaticano. Manobra teatral idêntica, embora pontual, foi realizada pelo papa Alexandre VI, da família Borgia, no século XV, quando durante a rendição de Roma à invasão francesa e a possibilidade de sua deposição, recebeu em audiência o Rei Carlos VIII, devidamente fantasiado de “franciscano”, para dissimular humildade e com isso conquistar a empatia do monarca francês.

Através de uma megacampanha midiática, a classe dominante tenta a todo o custo concretizar no imaginário do conjunto dos explorados a figura de Bergoglio como “o papa dos pobres”, um líder religioso probo e de confiança. Quanto mais real esse quadro se tornar, mais se fortalecerá o Vaticano, mesmo sem qualquer mudança em seu programa ultraconservador. Da mesma forma, mais credenciará o Papa Francisco para cumprir o papel de representante dos interesses ideológico-políticos do imperialismo e da contrarrevolução. A escolha do Brasil como o primeiro país da América Latina a ser visitado pelo Papa Portenho, não apenas por possuir uma grande população católica, mas, principalmente por sua importância econômica e política no continente, faz parte dos planos estratégicos imperialistas para a região. O de maior prioridade é, sem duvida, homogeneizar seu poder na América Latina, colocando a frente dos governos dos países que hoje são controlados pela centro-esquerda, representes mais confiáveis, sejam novas lideranças ainda mais submissas ou mesmo da direita tradicional. A conduta criminosa do governo da frente popular, a completa capitulação da esquerda reformista, sem falar no apoio entusiasta da imprensa “murdochiana” está garantindo as condições para que o Papa Francisco faça sua campanha de reação burguesa. Nos mais recentes pronunciamentos de “Vossa Santidade”, em visita ao país, o tema corrupção é um dos mais presentes, fazendo coro com o PIG, contribuindo ainda mais para desgastar o governo Dilma que vê seus índices de aprovação despencar ainda mais.

Os reformistas também tem sua parcela de responsabilidade nesse conluio. Os morenistas do PSTU, no exemplo, cerram fileiras com o imperialismo em seu estratagema de dominação de países com fricção com os ditames da Casa Branca (Líbia, Síria, Irã). O Papa Francisco também é porta-voz deste discurso reacionário, estendendo-o contra o governo venezuelano de Nicolas Maduro e contra os Estados Operários da Coreia do Norte e Cuba. Longe de “respeitar” a participação da juventude na JMJ, como faz o PSTU em sua política de adaptação à opinião pública pequeno-burguesa, é necessária fazer a crítica marxista sem qualquer tipo de tergiversação ou eufemismo em relação a participação dos jovens reacionários na jornada. O fato de uma parcela destes jovens terem participado das manifestações de junho, argumento utilizado pelo PSTU para justificar sua vergonhosa posição de chamar um “diálogo” com a juventude presente na JMJ, demonstra a frente única que os morenistas formam com a reação. De fato, este setor da juventude deve ter participado das manifestações de junho, mas certamente, como em muitos casos estas mobilizações expressaram posições patrioteiras, reacionárias e anticomunistas, sendo abraçados calorosamente pelo PIG, a direita e grupos nazifascistas!

Aos marxistas revolucionários cabe uma luta sem trégua à religião como elemento de alienação da juventude e instrumento de dominação dos explorados. Portanto, o combate à influência ideológica da Igreja Católica, que nesse momento deve se materializar através de um boicote ativo a esse evento, organizado a partir de uma das instituições mais nefastas da nossa historia, faz parte da única saída capaz de tirar a humanidade do obscurantismo, apresentando o socialismo edificado a partir da revolução proletária como alternativa à barbárie e ao retrocesso histórico e cultural. A JMJ é a base da “evangelização” para a contrarrevolução moderna e sua “força” expressa a etapa de retrocesso ideológico do proletariado que vivemos no Brasil e no mundo.