terça-feira, 16 de julho de 2013


“Ejaculação precoce” do PIG vaticina derrota antecipada de Dilma, mas os já derrotados são na verdade Serra e Campos

As mobilizações populares de junho tiveram como centro inicial a luta contra a prefeitura petista de São Paulo, que em uníssono com o governo Alckmin elevou as tarifas do transporte público. Após a brutal repressão da PM paulista ao movimento do “Passe Livre” as massas ganharam as ruas de todo país, centralizando a insatisfação da população com a crise deste regime burguês gerenciado de forma medíocre pelo PT. Logo o PT e seus governos federal e municipal foram sem dúvida alguma o foco do descontentamento de um segmento de massas, ainda que estas tenham enfrentado a bárbara repressão policial dos governos estaduais do PSDB, PMDB, PSB etc... Embora “arranhados” com a crise, Alckmin e Cabral não sofreram o desgaste central na mesma dimensão política que atingiu o governo Dilma, portanto, nesta nova conjuntura um alvo “frágil” para o PIG. Não demorou muito para a GLOBO “patrocinar” os protestos nacionais, tentando impor uma pauta programática reacionária e uma direção fascista nas mobilizações. Neste cenário aberto não seria difícil para o PIG “prever” um fim antecipado do governo da Frente Popular, impulsionando o Impeachment da presidenta Dilma ou fabricando artificialmente (a la fraude Collor) uma candidatura imbatível em 2014. Às pressas o “imparcial” DATAFOLHA realizou sua pesquisa, no fulcro dos “rasga bandeiras”, apontando uma queda abismal do governo Dilma. Mas, contrariando a obsessão dos barões da mídia “murdochiana” com o refluxo do movimento, Dilma não naufragou, apesar das tentativas, tampouco surgiu o “super herói”, e de quebra, quem acabou apresentando falência foi o natimorto MD, uma jogada eleitoral frustrada de Serra, Freire e Campos.


A imprensa capitalista não deu muito destaque à notícia da desistência do PMN em fundir-se com o PPS do arrivista Roberto Freire, levando para o buraco a tentativa de fundar um novo partido, o MD, na verdade uma “janela” para adesão de parlamentares do PSDB, PSD, PTB, PMDB etc... em apoio à possível aliança eleitoral entre Serra e Eduardo Campos. Com a decretação da “morte antecipada” de Dilma, nada mais natural do que supor que vingaria com êxito o projeto político do MD, certo? Errado! A cúpula dos Tucanos não liberou o “quinhão” de Serra no caixa do PSDB (produto das comissões na privataria), deixando o PMN sem “estímulo” para a fusão. Agora, se pretender sair do PSDB, para apoiar Campos ou tentar um voo solo ao planalto, Serra agirá solitário, o que é pouco provável. O MD seria um peça imprescindível no tabuleiro do xadrez eleitoral de 2014, já que o PSB não conseguiu granjear nenhum partido (da base ou da oposição) para a coligação de suporte na empreitada Campista. Acontece que apesar da inegável corrosão sofrida no “casco” petista, os massivos protestos não conseguiram produzir um eixo centralizado de combate, nem pela esquerda nem pela direita, deixando sem muita expectativa de vitória em 2014 as candidaturas do bloco conservador oposicionista.

A ausência de uma direção classista no curso das mobilizações “vaporizou” o movimento em demandas pontuais, ora corretas ora reacionárias, permitindo que a forte base social de apoio da Frente Popular saísse das “cordas” e até encenasse a convocação de uma greve geral no dia 11/07, apelidada pela vanguarda mais combativa de “ato oficial”. Qualquer outro governo burguês tradicional não teria suportado a enorme pressão das ruas e da mídia canalha, mas quando se trata de uma gestão de colaboração de classes como a do PT, as coisas seguem um rumo diferente... como Lula já demonstrou em 2006. O PIG, com a valorosa ajuda das oposições de “esquerda” e “direita”, tentou vender a imagem do esgotamento precoce do modelo de gerência petista, anunciaram a volta da hiperinflação e a chegada da recessão econômica. Mas, no mundo real o compasso era bem diferente, o desemprego atingia seus menores índices dos últimos trinta anos e o acúmulo da poupança interna bateu seu maior recorde de captação financeira, tudo isso somado ao fato da bolha de crédito oferecida a população continuar a inflar o consumo apesar da alta na taxa de juros.

Neste quadro nacional onde o governo tenta desviar a latente revolta popular, ainda longe de configurar uma “rebelião de massas” (preconizada pelos oportunistas), com manobras institucionais, como a da “reforma política”, as alternativas burguesas mais tradicionais não conseguiram decolar na preferência do eleitorado, deixando ainda mais distante o “sonho presidencial” de Aécio, Campos ou mesmo Serra. Se no âmbito do Congresso Nacional Dilma vem acumulando uma sequência de pequenas derrotas em função da composição fisiológica e direitista de sua base de apoio parlamentar, no campo do “povão” recuperou terreno como demonstrou a última pesquisa encomendada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), velho instrumento de aferição eleitoral da burguesia nacional. Na sondagem da CNT, Dilma teria como única candidatura adversária competitiva Marina Silva, sendo que Aécio e Campos nem chegariam a um segundo turno. Uma leitura minimamente séria desta amostragem revela que Dilma absorveu razoavelmente bem o impacto dos protestos, apesar de não atender uma única demanda popular, não precisando sequer o PT recorrer à liderança de Lula em 2014 para manter-se por mais uma gestão no governo central.

O embate frontal em 2014 será mesmo entre os projetos políticos do tímido nacionalismo burguês representado bastardamente pelo PT e a marionete direta do imperialismo ianque, Marina Silva com sua “REDE”. Desta forma, inexoravelmente, o Brasil seguirá a dinâmica mundial dos conflitos contemporâneos, sejam militares, políticos ou eleitorais: de um lado a ofensiva neoliberal do imperialismo e na outra trincheira as forças do mitigado campo anti-imperialista. Neste último campo encontram-se tendências políticas múltiplas, desde os remanescentes do velho nacionalismo burguês até os neomonetaristas de “esquerda” como o PT e PCdoB.

Ainda é cedo para uma conclusão definitiva sobre o arco de alianças eleitorais do REDE, já que necessitaria de mais tempo de propaganda gratuita do que os “30” segundos garantidos pelo TSE aos partidos debutantes. Também não se sabe a disposição do presidente do STF, Joaquim Barbosa, em aceitar compor como vice a chapa de Marina. O certo mesmo é o PIG e os redutos da reação nacional jogarão todas as fichas para viabilizarem uma coligação partidária viável para levar Marina ao segundo turno em 2014. Os revisionistas do PSOL e PSTU já se sentem bastante atraídos politicamente pelo discurso pró-imperialista do REDE, incluindo a campanha internacional em apoio à invasão da Síria pela OTAN. Vamos aguardar por pouco tempo até que as “máscaras” do revisionismo caiam completamente e anunciem que ingressarão “criticamente” na coligação encabeçada pelo REDE.