quarta-feira, 19 de junho de 2013


Marchas nacionais de protesto no Brasil: Que rumo seguir?

Hoje, dia 19 de junho, novas marchas de protesto tomaram conta do Brasil. Em Fortaleza, onde ocorre o jogo da seleção brasileira na Copa das Confederações, cerca de 30 mil pessoas se concentraram nas proximidades da Arena Castelão, sendo reprimidas pela PM na barreira formada a mando da FIFA para impedir o tráfego de pedestres próximo ao Estádio, deixando vários feridos. Em São Paulo, o MTST convocou um bloqueio na via Anchieta que liga o ABC à capital e protestou em vários pontos da cidade, sob o lema “A periferia vai ocupar São Paulo”. Em Belo Horizonte, manifestantes hoje chegaram a empunhar faixas “Não precisamos de partidos políticos” e “Democracia direta”, claramente influenciados pelos “Indignados” espanhóis. Já ontem, também em São Paulo, “estranhos” manifestantes enfrentaram a Guarda Municipal e só não ocuparam a prefeitura porque foram impedidos por setores do próprio movimento que marcharam para a Av. Paulista, em uma clara divisão do protesto. O que se viu neste verdadeiro mar de manifestações populares é que elas carecem de um programa de luta e de uma direção classista, já que há muito a questão da redução da tarifa foi superada. Em meio a este “vazio”, por uma clara influência da mídia “murdochiana” e em particular de sua ala mais belicosa, o PIG, que agora apoia abertamente o movimento “pacífico”, criticando apenas os “radicais” ou “vândalos”, ganhou corpo demandas próprias da direita, como a “prisão dos mensaleiros do PT”, “contra a PEC 37” e até mesmo o “Fora Dilma”, com o evidente objetivo de fortalecer a candidatura do PSDB em 2014. A LBI sempre denunciou que a frente popular com sua política de ataque e desmoralização do movimento de massas estava abrindo caminho para as forças fascistizantes em nosso país, fomos a primeira corrente política a alertar sobre o risco das manifestações serem manipuladas pelo PIG para objetivos reacionários. A despolitização que campeia os protestos, formada eminentemente por setores de uma juventude sem referência socialista, uma direção combativa e carente de um programa classista, acaba levando a atos de hostilização dos partidos de “esquerda” como vimos ontem na Praça da Sé. Ao contrário, os manifestantes passaram a enaltecer os símbolos nacionais, como o Hino e a bandeira brasileira, o que vem agradando em muitos os grupos neofacistas. Frente a estas contradições flagrantes, é necessário intervir ativamente nos protestos que tem capitalizado o ódio popular, combatendo abertamente o curso direitista que elas vêm tomando e levantando uma plataforma comunista. Por isto, a questão colocada é: que rumo vão seguir as manifestações de tomam conta do país?


Nas plenárias que organizam as atividades, como a que ocorreu em Fortaleza para preparar a manifestação contra os gastos da Copa do Mundo/Confederações pelo governo Dilma que está se realizando hoje na capital cearense, o que se viu foi uma enorme pressão dos setores autonomistas, anarquistas e “sem partido” para que não se levassem bandeiras vermelhas e contra os partidos. Na verdade, estas forças políticas são a caixa de ressonância da própria direita e dos grupos neonazistas que aos poucos vão se organizando nas atividades de protesto, sempre se valendo dos valores “patrióticos” e do “combate a corrupção”. Como os protestos são reprimidos pela PM sempre com a justificativa de isolar os “radicais”, esses mesmos setores defendem a “não violência”, em uma armadilha voltada justamente para impor ao movimento a sua domesticação e o pacifismo pequeno-burguês, aplaudida pela mídia venal tendo a frente à Rede Globo. Definitivamente, a “esquerda” que se reivindica revolucionária e comunista vem perdendo terreno nos protestos na medida em que eles ganharam quase o caráter de uma “jornada cívica”, fato que ganha ainda mais relevo em plena Copa das Confederações. Como o MPL, que iniciou o movimento em São Paulo, já fazia ampla campanha pelo apartidarismo, esta cantilena reacionária foi reforçada nos últimos dias por transformar as manifestações em protesto também contra os “partidos em geral”, mas com o PIG tratando de jogar a conta principalmente no PT, no governo Dilma e no esquema do “mensalão”. Em um quadro deste se reforça tremendamente o recrudescimento do regime político e começa a ganhar corpo entre a burguesia à necessidade de se criar uma força política organizada de direita com um claro corte neonazista, para capitalizar o descontentamento com o governo do PT. Não por acaso, vários policiais infiltrados estão trabalhando em conjunto com as milícias anticomunistas nos atos, sempre com o discurso de “isolar os extremistas”... de esquerda.

Produto do profundo retrocesso ideológico que domina o planeta desde a queda da URSS e do Muro de Berlim, aprofundado pelo apoio de grande parte da “esquerda” a mal chamada “revolução árabe” que intensificou o domínio do imperialismo no Oriente Médio, estamos vendo agora em nosso país a expressão concreta da situação mundial maturada nos últimos 25 anos. Acrescenta-se a isso que o PT foi completamente cooptado pelo regime político democratizante e hoje gerencia os negócios da burguesia no Planalto. Como a classe dominante já trabalha para encerrar o ciclo petista em 2018, os setores mais reacionários, como o PIG, querem antecipar esta data, aproveitando-se das manifestações que carecem da presença do proletariado e está permeada pela profunda confusão política. Não por acaso, o ministro da Secretária-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, homem ligado diretamente a Lula, declarou nesta quarta-feira que o país “contempla um pouco atônito” as manifestações que se alastraram pelas cidades nos últimos dias: “Nosso país contempla um pouco atônito ainda toda essa emergência, todo esse surgimento de um amplo processo de massas, de mobilização, de movimentação, de reivindicação, de luta, em relação ao qual nós temos que ter a generosidade de saber ouvir”. Mais do que “ouvir”, Lula, Dilma e Gilberto Carvalho estão preocupados com o efeito dos protestos na eleição que se aproxima. Por sua vez, o “OPUS DEI” Alckmin parece ser o homem escalado para em futuro próximo (2018) centralizar as iniciativas da direita no campo eleitoral.

De nossa parte, os marxistas leninistas chamamos os ativistas classistas do MPL e os lutadores do movimento estudantil e popular, como o MTST, a debater amplamente com os participantes das manifestações qual o rumo político seguir e que próximos passos tomar, combatendo abertamente os grupos neofacistas e a influência do nacionalismo de direita nos protestos. A volta do discurso contra os “vândalos e baderneiros” após o protesto em frente à prefeitura de São Paulo, buscando claramente dividir os manifestantes e o chamando da grande mídia (Estadão e Folha) a agir com o rigor contra os “extremistas” demonstram que o PIG vem fazendo uma verdadeira caçada política e midiática contra os setores que não se colocam sob o seu controle nos protestos. Esta cantilena no fundo está voltada contra a “esquerda revolucionária”, única que pode dotar os protestos de uma perspectiva classista, socialista, anticapitalista e de denúncia do conjunto do regime político. Levantemos nossas bandeiras vermelhas e façamos o combate político desde a trincheira viva da luta, contra os setores que dentro das passeatas querem fazer de nosso combate um circo “patriótico” a serviço de seus interesses reacionários. No marco desta luta, desmascaremos os revisionistas do trotskismo, como o PSTU-LIT, que na Líbia se uniram ao neomonarquistas “rebeldes” do rei Idris (utilizando a bandeira da monarquia), irmãos gêmeos daqueles que no Brasil, usando a bandeira verde e amarela, querem proibir que a foice e o martelo, símbolo do comunismo, esteja presente nos atos de protestos.