segunda-feira, 3 de junho de 2013


Dilma, PF e latifúndio montam operação de guerra para expulsar índios de suas terras nativas após assassinar jovem terena!

O jovem indígena da tribo da etnia Terena, Oziel Gabriel, foi covardemente assassinado quase à queima-roupa pela Polícia Federal do governo Dilma durante uma ordem de “reintegração de posse” da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, Campo Grande (MT), encomendada pelo proprietário da fazenda, o ex-deputado estadual e grileiro Ricardo Bacha (PSDB), representante da oligarquia ruralista mais reacionária e retrógrada da região. A fazenda está ocupada desde o dia 15 de maio por cerca de 3.500 índios, muitos dos quais idosos e crianças já cansados de esperar uma resposta afirmativa da justiça acerca da delimitação das terras indígenas a seu favor. As tropas repressivas compostas pela Polícia Militar e Polícia Federal invadiram na última quinta-feira, 30 de maio, o acampamento indígena cedo da manhã, às seis horas, enquanto muitos dormiam. Cerca de 400 policiais munidos de bombas de gás, balas de borracha e armamentos letais entraram atirando bombas de gás: “Depois começaram a atirar pra valer (arma de fogo). Resistimos com pedras e eles atiraram”, disse uma liderança do movimento, uma prova de que a polícia estava orientada desde seu comando para matar, o que de fato aconteceu, em um ataque de forças completamente desproporcional, onde apenas um lado teve vítimas que se defendia com paus e pedras apenas. Como resultado deste imenso operativo de guerra, além do assassinato de Oziel, dezenas de índios ficaram feridos em decorrência de tiros, vários presos e o terror espalhado sobre a população indígena. Em protesto, as lideranças indígenas resolveram reocupar a fazenda, enfrentando a ira dos latifundiários. A resposta da “justiça” foi quase que imediata, expedindo uma nova ordem de despejo através da juíza federal Raquel Domingues que deverá ser cumprida até terça-feira. O assassinato do jovem terena é a expressão cabal de uma justiça na qual imperam os interesses latifundiários, haja vista que as terras em questão já haviam sido demarcadas, faltava apenas sua homologação, mas o governo da frente popular voltou atrás em reunião com a bancada ruralista no Congresso Nacional.

Os “fazendeiros”, ou melhor, os grileiros através de seus jagunços e o aparato repressivo do Estado burguês se armaram até os dentes para expulsar os autênticos donos dos 17,2 mil hectares de terras da região, os Terenas, inclusive reconhecido desde 2001 pelo governo federal. Mas o governo da “gerentona” Dilma, em nome do agronegócio e da agroindústria que até então vinham entrando com vários recursos jurídicos contra a já limitada demarcação, bateu o martelo contra a autodeterminação dos povos da floresta após 13 anos de enrolação. O objetivo era causar terror pelos cães de guarda do latifúndio e da sacrossanta propriedade privada: “Chegaram atirando. Pensamos que era arma com bala de borracha. A terra é algo comprovada como nossa. São bandidos. Tudo culpa desse fazendeiro Ricardo Bacha. Ele disse que ia morrer gente e a palavra foi cumprida”, disse o irmão de Oziel, Otoniel Terena. Não se trata de uma declaração permeada pela emoção, mas algo concreto e previamente anunciado pelo fascistóide Ricardo Bacha em espaço concedido na tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, poucos dias antes: “Tenho prazo de até 24 horas para tirar as coisas de casas. Mas vou para lá. Não vou deixar para meus filhos a lembrança de um pai acovardado... Tenho certeza que vai morrer mais gente” (Campo Grande News, 23/5).

Longe da propaganda midiática do governo da frente popular de “inclusão das minorias”, o que se tem visto desde a época colonial é uma política de extermínio sistemático dos índios em todo o território nacional. Trata-se de um processo de expropriação territorial por parte dos grandes latifundiários e do chamado agronegócio com o objetivo de utilizar-se dos recursos naturais (terra, água, madeira, subsolo) e consequentes violações dos direitos mais básicos dessas populações originárias, como o acesso à alimentação, educação e saúde, ataques intensificados no último período na região depois que o governo Lula/Dilma estabeleceu o chamado pacto oligárquico com os representantes do agronegócio no Centro-Oeste brasileiro. Os conflitos, neste quadro, tendem a se intensificar, uma vez que no Mato Grosso do Sul concentra-se a maior população indígena do país, com cerca de 74 mil índios, todos já praticamente urbanizados e dependentes dos recursos da Funai ou de ONGs pró-imperialistas para sobreviver. O enorme poder político do latifúndio associado às grandes companhias, uma vez que o chamado agronegócio se tornou um dos pilares do modelo econômico patrocinado pela frente popular, é baseado em grande parte, na exportação de commodities primárias. O que se vê por estas áreas é um mar de soja, cana-de-açúcar e pastagens para o gado bovino. Evidentemente que as terras em litígio acabaram por se transformar num empurra-empurra no qual o Palácio do Planalto não quer de modo algum se confrontar com aliados da índole do senador Blairo Maggi (PR) e da senadora Kátia Abreu (PSD), ambos da base de apoio do governo Dilma...

Os marxistas revolucionários defendem que os seculares donos da terra expulsem de seu território tanto os latifundiários como as ONGs biopiratas e as mineradoras. O problema da demarcação das terras indígenas, assim como dos camponeses pobres e quilombolas, só poderá ser resolvido na defesa programática da revolução agrária e o direito à autodefesa dos índios contra os pistoleiros de aluguel e a repressão policial, da denúncia sistemática do governo Dilma como fiel aliado dos latifundiários. Todo este combate ao lado dos povos originários deve apontar para perspectiva da revolução agrária e a expropriação do latifúndio produtivo sem indenizações aos grandes proprietários, pelo confisco dos bens e das tecnologias das transnacionais. O verdadeiro controle da terra que corresponda aos interesses dos índios, camponeses pobres e trabalhadores sem-terra só pode avançar através da aliança estratégica com o proletariado do campo e da cidade como parte necessária e imprescindível da revolução socialista. No caso específico da luta dos índios Terenas, está colocada na ordem do dia cobrir de solidariedade sua luta em defesa da permanência em suas terras nativas, cabendo aos povos originários se organizarem em comitês de autodefesa para garantir seu direito à moradia, cultivo e a sobrevivência cultural!