sexta-feira, 24 de maio de 2013

 
LIT, junto com ONGs pró-imperialistas, pede que Obama forneça armas pesadas aos “rebeldes” na Síria

A LIT acaba de elaborar um “balanço” – escandaloso – dos três anos do conflito na Síria. Com todas as letras se coloca ao lado dos “rebeldes”, armados pelas potências imperialistas e Israel, contra o governo de Assad. Até aí nenhuma surpresa! O que chama atenção é que os morenistas reclamam abertamente do suposto “tímido” apoio da Casa Branca aos mercenários sírios! Os ataques do enclave sionista nos arredores de Damasco, o fornecimento de armas via Turquia pela OTAN e os atos terroristas contra o território sírio não bastam! Como o povo sírio não se dobrou aos ditames do imperialismo, a LIT junto com várias ONGs pró-imperialistas (ver cartaz), está organizando para 31 de maio um “Dia Global de Solidariedade com a Revolução Síria”, cujo eixo é reivindicar dos EUA, da União Europeia e seus títeres mais armas pesadas para os “rebeldes amantes da democracia”: “É necessário exigir de todos os governos do mundo, começando por aqueles países da região que são parte da revolução, como Egito, Tunísia e Líbia, que rompam relações diplomáticas e comerciais com a ditadura de Assad e que enviem aviões, tanques e armas pesadas, medicamentos, alimentos e todo tipo de apoio material para as milícias rebeldes, para que estas possam derrotar e acabar com este regime que oprime o povo sírio” (Cercar a Revolução Síria com solidariedade ativa - Suplemento Correio Internacional, 22/05). Trata-se de um verdadeiro chamado à intervenção militar na Síria em socorro aos “rebeldes” não só pelos exércitos controlados pelo Pentágono no Oriente Médio e Norte da África (Egito, Líbia e Tunísia), mas pelo próprio imperialismo, já que “todos os governos do mundo” obviamente inclui EUA, Israel, França, Inglaterra e Itália!!!

Ao mesmo tempo em que conclama o imperialismo agredir a Síria ainda com mais intensidade, a LIT ataca violentamente o Hezbollah, assim como denuncia o apoio dos governos da Venezuela e Irã ao governo de Assad, também alvos da ofensiva neocolonialista da Casa Branca. Segundo os morenistas, “A contraofensiva do regime, que parecia esgotado e amargurava uma série de derrotas pontuais, baseia-se em um elemento novo e de muita importância política e militar: a entrada de forma aberta e contundente dos combatentes do Hezbollah, a partido-milícia xiita libanês, no campo militar da ditadura síria. Desta forma, o Hezbollah, que conseguiu uma importante autoridade e admiração de milhares de ativistas em todo o mundo por ter derrotado a invasão de Israel ao Líbano em 2006, na guerra civil síria está cumprindo um papel literalmente contrarrevolucionário, colocando toda sua autoridade política e seu poder militar a serviço da sustentação da ditadura da família Assad. Este elemento leva-nos a reafirmar uma conclusão: a esta altura da guerra civil, a ditadura mantém-se no poder fundamentalmente devido ao apoio externo que recebe, como é sabido, não só do Hezbollah, mas também do regime teocrático e reacionário do Irã, que lhe proporciona mísseis e especialistas militares; da Rússia, que lhe provê armas modernas e dispositivos antiaéreos, além de todo o trabalho diplomático e o peso de sua base naval em Tartus; e de países como a Venezuela governada pelo chavismo, que lhe fornece uma parte do combustível utilizado pela aviação do regime para bombardear os rebeldes e a população civil”. Como se observa, trata-se de uma política de completo alinhamento político e militar destes revisionistas canalhas aos planos belicistas do Pentágono, sem meias palavras. O ataque da LIT ao Hezbollah, assim como ao Irã e a Venezuela, enquanto os morenistas chamam os EUA e Israel a apoiarem os mercenários sírios, é uma prova contundente de que estamos diante de uma força política corrompida política e materialmente que se passou de malas e bagagens para o terreno da contrarrevolução!

Não por acaso, o artigo da LIT declara que “O processo na Síria é principal confronto da revolução e da contrarrevolução mundial hoje” e prognostica: “Nestes momentos em que o regime de Assad empreende uma brutal contraofensiva com a colaboração do Hezbollah e com armas e assessores militares do Irã e da Rússia, baseada em ações genocidas contra o povo sírio, como os massacres atrozes e o uso de gases tóxicos, reiteramos que não existe tarefa mais urgente do que envolver com todo o apoio e solidariedade ativa a causa da revolução síria. Trata-se do principal confronto, atualmente, da revolução e da contrarrevolução mundial. Uma vitória ou uma derrota na Síria teriam impactos muito fortes na região do Oriente Médio e no mundo” (Suplemento Correio Internacional, 22/05). De fato, uma vitória do imperialismo na Síria após destruição da Líbia pela OTAN, que depois do assassinato de Kadaffi encontra-se totalmente sob o controle das transnacionais do petróleo, consolida uma etapa de aberta ofensiva imperialista mundial contra os povos que se aprofunda desde a queda do Muro de Berlim e da liquidação da URSS. Nesse sentido, os planos de Obama contra a Síria e o Irã fazem parte de uma estratégia global para a transição em 2016 para uma gestão republicana com traços cada vez mais fascistas.

Como nos ensinou Trotsky, em meio a uma guerra é necessário tomar posição clara. A LIT encontra-se no campo do imperialismo, os revolucionários leninistas se postam incondicionalmente no terreno das nações oprimidas atacadas, em frente única com os governos burgueses e as forças populares que o apoiam, como o Hezbollah, mas com total independência política diante deles. Até o momento não ocorreu uma intervenção imperialista direta porque os EUA temem que esta ação desestabilize o conjunto da região em um conflito de grandes proporções que saia do seu controle, com uma nova guerra civil no Líbano, na Palestina e o maior envolvimento do Irã no conflito. O Pentágono vem optando justamente por aumentar a ajuda militar aos “rebeldes”, como clama a LIT, para desestabilizar “internamente” o governo Assad que conta com forte apoio popular. Porém, os recentes ataques de Israel provam que uma agressão militar direta de modo algum está descartada. A “conferência de paz” marcada para junho visa justamente pressionar ainda mais a Rússia e a China a rifarem Assad. O regime de Damasco, pela sua própria natureza de classe, insiste em confiar em seus aliados capitalistas “russos e chineses”, um grave equívoco político e militar que pode enfraquecer terrivelmente a resistência nacional a ofensiva brutal do imperialismo que se avizinha. O proletariado mundial deve permanecer alerta à nova guerra de rapina que o imperialismo prepara, e assim como ocorreu no Vietnã desencadear a mais ampla solidariedade com os povos e nações atacadas pela besta imperial, denunciando como uma ação pró-imperialista o “Dia Global de Solidariedade com a Revolução Síria” marcado para 31 de maio, organizado pela LIT em conjunto com ONGs. O amargo exemplo da desastrosa derrota sofrida na Líbia onde a quase totalidade da “esquerda” postou-se no campo da contrarrevolução não deve se repetir, sob pena de enfrentarmos o pior retrocesso histórico desde a ascensão do nazismo.

A LIT clama para que o imperialismo seja ainda mais duro em suas medidas contra a Síria. Em sua “denúncia” de por que Obama e a OTAN supostamente estariam protelando um ataque militar a Síria, o PSTU cinicamente alega que “Em síntese, o imperialismo, impossibilitado de intervir militarmente, faz um jogo no qual, por um lado se localiza do lado da oposição ao regime, sobretudo da moderada Coalizão Nacional Síria, mas condicionando até sua autoridade, bem como não está disposto a armar os rebeldes para derrubar Assad e, por outro, também não pode permitir um esmagamento militar dos rebeldes pela ditadura. Um equilíbrio difícil que aponta a um desgaste geral para forçar uma saída negociada. Para isso, valeu-se da força militar de seu enclave dentro da região, Israel, para demonstrar a Assad e sua guarda pretoriana que a melhor solução ao conflito seria seguir o caminho que os Estados Unidos e seus aliados estão traçando: um acordo por cima para evitar um triunfo revolucionário das massas sírias” (Suplemento Correio Internacional, 22/05). Desta forma, esses falsários pró-OTAN chegam ao delírio de afirmar que o governo nazi-sionista de Israel sustenta o regime de Assad para deter o avanço da “revolução árabe”, justamente quando o Mossad financia os “rebeldes” para debilitar a oligarquia síria devido a seu apoio militar ao Hezbollah, visando substituí-la por um marionete aliado e submisso integralmente a seus ditames! A LIT cinicamente ainda lamenta a suposta timidez das grandes potências capitalistas no tratamento ao governo sírio, reclamando “em que pese algumas declarações formais contra a violenta repressão, a ONU e os países imperialistas, especialmente os EUA, silenciam diante deste verdadeiro ‘banho de sangue’”. Para a LIT, não basta condenações formais, pressões diplomáticas, sanções econômicas, ataques terroristas que geram terríveis consequências ao povo sírio, é preciso agir, ou seja, intervir já militarmente “contra a ditadura Assad”, assim como fizeram a ONU e a OTAN na Líbia.

Em oposição à farsesca “revolução árabe” difundida pela esquerda pró-OTAN, é evidente que os EUA estão concentrando sua ofensiva “diplomática” neste momento contra a Síria, mas seu alvo belicoso principal está mesmo focado no Irã. Porém, para ter sucesso em sua investida contra o regime dos Aiatolás, depende da neutralização dos adversários militares de Israel em toda região, como Assad. Colocando o governo burguês de Assad na defensiva, sob o pretexto da violação dos direitos humanos contra uma oposição nazi-sionista, o imperialismo ianque e seus “sócios” buscam isolar o Irã de possíveis aliados, em sua próxima aventura guerreirista! Está colocado frente à escalada política e militar do imperialismo em apoio aos “rebeldes” made in CIA na Síria, assim como fez na Líbia, combater para que a luta dos povos do Oriente Médio não sirva para o imperialismo debilitar os regimes que têm fricções com a Casa Branca (Irã e Síria), ou mesmo como cínico pretexto para justificar intervenções militares “humanitárias” como a que ocorreu na Líbia. Cabe aos marxistas leninistas na trincheira da luta contra o imperialismo e pelas reivindicações imediatas e históricas das massas árabes, postarem-se em frente única com os governos das nações atacadas ou ameaçadas pelas tropas da OTAN e combater os planos de agressão das potências capitalistas sobre os países semicoloniais da região, desmascarando vigorosamente aqueles que se fingindo de “esquerda” avalizam a sanha neocolonialista de Obama e seus sócios.