segunda-feira, 15 de abril de 2013


Os “tomateiros” do PIG e seus acólitos revisionistas

Às vésperas de uma nova reunião do COPOM, que definirá a taxa básica de juros para o próximo período, o PIG (porta voz oficioso dos rentistas) elegeu o seu paladino na defesa de seus interesses. Desta vez não se trata de um herói de “carne e osso”, mas de um falso legume, o tomate! Desde o periódico inglês Financial Times, passando pela asquerosa VEJA e Rede Globo e até pelo “Opinião Socialista”, todos trataram de falsificar grosseiramente a realidade para simplesmente quase triplicar a cotação do legume como forma de justificar a existência de uma “disparada inflacionária” no país. Com um preço médio de 4 reais o kg nas gôndolas das principais redes nacionais de supermercados, o tomate apareceu nas páginas da VEJA com um valor sempre acima de dez reais, aliás não por coincidência, a mesma cotação apresentada em artigo no site do PSTU (ver fotos). A questão da suposta “alta inflacionária” detonada a partir do final do mês de março destoa completamente da realidade econômica que aponta em outra direção. Segundo dados do IBGE o IPCA do mês de março, índice que mede oficialmente a inflação, caiu pela terceira vez seguida recuando para 0,47% no mês de março. Para o PIG “fabricar” preços virtuais dos alimentos nos estúdios do PROJAC, para atender pedidos da Banca financeira, não é tarefa das mais difíceis, o estranho é o ser seguido pelo arco revisionista interessado em credenciar-se como aliado potencial (apêndice de esquerda) da oposição Demo-Tucana nas próximas eleições. O certo mesmo é que o governo do PT está sob forte pressão para retomar a tendência de alta no spread pago ao setor financeiro, produto de uma gigantesca e ilegítima dívida pública. Dilma já deu sinais que interromperá a política de redução de juros, instrumento até aqui utilizado pela equipe econômica palaciana para elevar o PIB a patamares pelo menos positivos. Na África do Sul durante a última reunião dos BRICs chegou a desmentir suas próprias declarações sobre “desenvolvimento nacional” para depois afirmar que a política de metas inflacionárias do Banco Central (em outras palavras garantia estatal de rentabilidade para a banca) era um “valor em si mesmo”.


Seguindo o PIG, foto publicada no site do PSTU

Se o Brasil está ainda muito longe de atravessar uma crise hiperinflacionária, para o desespero do PIG e seus acólitos do PSTU, PCO e afins liliputianos, também está muito distante de resolver o gargalo de um crescimento econômico consistente, pelo menos próximo de seus parceiros do BRIC. A política da frente popular de fomentar o mercado interno através da larga expansão do crédito tem seus limites estruturais e não deixa de alimentar tendências exponencialmente inflacionárias. O consumo de bens e serviços bate todos os recordes, enquanto a produção industrial do país não para de recuar, uma aparente contradição inerente ao modelo neoliberal adotado pelo governo Dilma, lastreado em uma “musculosa” reserva cambial (cerca de 400 bilhões de Dólares) acumulada na última década principalmente graças a exportação de commodities agrominerais. Mas, se atualmente detemos a posição de sexta maior reserva cambial do planeta, carecemos completamente de um projeto autônomo de desenvolvimento nacional, mesmo analisando sob a ótica de um país capitalista periférico. Sob a égide dos governos petistas continuamos a ser uma colônia do capital financeiro, sujeita às intempéries do mercado bursátil internacional. Enquanto Lula fazia alarde da descoberta do “pré-sal” como a redenção econômica, o Brasil não construía uma única refinaria para processar o petróleo nacional, a última refinaria instalada no país data da década de 70! O complexo de refinarias na cidade de Campos está sendo edificado a passos muito lentos e o de Pernambuco (em parceria com a PDVSA) não saiu dos alicerces de alvenaria, isto sem falar da “piada” (coberta pelo matagal) da refinaria do Pecém, no Ceará. Em resumo, não pode haver crescimento substanciai do PIB se o país não constrói novas refinarias, siderúrgicas, estaleiros, indústrias de bens de capital (produção de máquinas e equipamentos) etc...

A burguesia nacional e seus representantes midiáticos choram “lágrimas de crocodilo” pelo estancamento do PIB e pela ameaça da retomada do surto inflacionário, na verdade desejam se manter as custas das tetas do Estado, com a política de renúncia fiscal, ganho nas bolsas, a “boquinha” do crédito fácil e subsidiado pelo BNDES e juros altos para alimentar os rentistas. O caso do “barão” Eike Batista é revelador, enquanto anunciava um megaprojeto que reunia em uma só planta industrial, a construção de um porto, estaleiro, uma siderúrgica e até uma fábrica automotriz, especulava com alta lucratividade suas ações na bolsa, mas na hora do projeto “sair do papel” descobriu que não havia recursos disponíveis... Este é o retrato das classes dominantes tupiniquins, patrimonialistas e apegadas ao botim estatal, por isto mesmo seu setor mais dinâmico não poderia ser outro do que as grandes empreiteiras, verdadeiras sócias majoritárias do estado nacional e “patroas” dos gerentes palacianos que ocupam eleitoralmente Brasília.

No campo as relações de produção também reproduzem a mesma estrutura capitalista neoliberal, com a safra toda voltada à exportação de grãos e alimentos. Enquanto somos o país que mais exporta no mundo carne bovina e de frango, a maioria de nossa população ainda é carente de proteína animal. A concentração fundiária permanece intacta durante as gerências petistas, mas as ocupações de terra comandadas pelo MST praticamente paralisaram-se em função da cooptação dos movimentos sociais pela política de colaboração de classes da frente popular. Se o tomate não é vendido a mais de dez Reais como noticia falsamente o PIG, não deixa de ser um absurdo que custe os quatro Reais em nosso país com tamanhas fronteiras agrícolas. Mas, no campo a questão de fundo (terra, produção, preços e abastecimento social) passa por uma revolução agrária e isto o PT, PIG e a “oposição de esquerda” estão muito longe (por razões de classe) de serem pelo menos simpáticos à causa do proletariado rural.

A classe operária não deve se deixar levar pela histeria catastrofista do PIG e seus apêndices de “esquerda”, que buscam no mínimo estabelecer apenas um lobby (financeiro e eleitoral) junto ao governo Dilma. É tarefa da vanguarda classista elaborar um outro projeto nacional de desenvolvimento, baseado na expropriação da “iniciativa privada” e planificação estatal realizada por um estado socialista, fruto da revolução proletária. Não será através de mentiras estúpidas do PIG e da demagogia eleitoral que a classe operária elevará seu nível de organização e consciência. A ação direta e radicalizada das massas continua a ser a “grande escola” das profundas e enormes transformações sociais que o Brasil ainda não realizou sob o controle de uma burguesia historicamente incapaz.