quarta-feira, 16 de janeiro de 2013


Abaixo a intervenção imperialista francesa no Mali! Frente única com a resistência islâmica para derrotar os rapineiros “socialistas”

O imperialismo francês, sob o comando do governo “socialista” de Hollande e tendo o apoio da União Europeia assim como a autorização da ONU, enviou tropas militares e aviões ao Mali, sua ex-colônia no norte da África, onde fica o deserto do Shaara. A intervenção francesa tem o objetivo de impedir o avanço das milícias islâmicas que já dominam 2/3 do país e se aproximavam da capital, Bakamo. Com a fragilidade de um governo fantoche dividido e completamente subserviente às potências capitalistas, o país que faz fronteira com a Argélia e é próximo da Líbia, está sendo alvo da agressão imperialista porque é farto em riquezas minerais como jazidas de ouro, bauxita, urânio, ferro, diamante e outros, controlados por empresas francesas e rapinadas livremente pelas metrópoles. A crise se aprofundou com a derrubada do governo do presidente Amadou Toumani Toure em 2012. Os tuaregues (Movimento Nacional para a Libertação de Azawad - MNLA) chegaram a proclamar a independência de parte do norte, mas posteriormente foram expulsos dali por guerrilheiros islâmicos, que recebem armas e munições contrabandeadas da Líbia. Neste contexto de instabilidade, a França saiu em socorro de seu títere local para preservar a espoliação das riquezas do país e trabalha com possibilidade de fechar no futuro um acordo com alguma ala mais moderada dos “rebeldes” islâmicos.

A nova intervenção imperialista na região do Magreb africano foi extremamente facilitada pela ação da OTAN na Líbia ano passado. Agora que as potências capitalistas fizeram do território líbio uma verdadeira base militar, se sentem mais livres para impor seus interesses na região. O “socialista” Hollande, que foi apoiado nas eleições por setores da esquerda que inclusive se reivindicam trotskistas, aprofunda com a agressão ao Mali a política de seu antecessor, o direitista Sarkozy. Trata-se de fortalecer o domínio colonialista sobre a região. O governo fantoche do Mali presidido por Amadou Toumani Toure sofreu um golpe militar em março e outro no final do ano de 2012 por parte de setores do exército, em uma expressão extrema das disputas interburguesas e interimperialistas. Com os militantes islâmicos avançando sempre mais pelo deserto, ano passado alguns comandantes militares das unidades de elite do Mali – que receberam anos e anos de treinamento atento por militares também de elite dos EUA – desertaram no calor da batalha e levaram com eles armas, soldados, caminhões, blindados e as novas tecnologias militares recém-adquiridas. O país também é alvo da disputa entre a influência francesa e a do imperialismo ianque, que após a vitória na Líbia estava ampliando sua área de domínio até então sobre o controle das potências europeias, particularmente Itália e França. Em março de 2012, depois dos grupos islâmicos fortemente armados vindos da Líbia invadiram o norte do Mali, o general Amada Sanogo, que foi treinado por instrutores norte-americanos, aplicou um golpe de Estado no Mali, com o apoio dos EUA. A Casa Branca não só sabia como apoiou veladamente este golpe de Estado.

O fato é que ação das forças francesas com o aval da ONU reforça a presença do imperialismo na região e aprofunda o cerco ao Irã e a Síria. Desde já, os marxistas revolucionários se postam no campo da luta aberta contra a agressão imperialista e em frente única de ação com as forças nativas que se colocam contra a investida neocolonialista. Os grupos islâmicos e fundamentalistas estão sendo alvo dos bombardeios franceses, da mesma forma como ocorre no Afeganistão. Ainda que não tenhamos a menor identidade programática com esses grupos, muito pelo contrário, denunciamos seu programa reacionário, teocrático e burguês, nos postamos em seu campo militar na medida em que se enfrentam com a agressão imperialista, porém buscamos forjar no calor do combate uma alternativa proletária e comunista. Dentro deste contexto, há os movimentos independentistas dos tuaregues que proclamaram a independência do Estado de Azawad no norte do país e as formações islâmicas direta ou indiretamente vinculadas a Al Qaeda. Com a queda do regime de Kadaffi, na Líbia, alguns milhares de soldados tuaregs, originários da região norte de Mali, voltaram ao País, fortaleceram o principal movimento regionalista, o MNLA, que tinha crescido a partir do levante de 1963, derrotaram o exército e declararam a secessão do estado de Azawad, no dia 6 de abril de 2012. Os tuaregs formam a grande maioria da população do norte de Mali e são seminômades. Na mesma época, movimentos muçulmanos também se transladaram para Mali provenientes das tropas “rebeldes” da Líbia e de outros países. Os três mais importantes são a AQMI (Al Qaeda no Maghreb Islâmico), que conta com forte presença em vários países do norte da África, Ansar ad-Din, com atuação local, e o MUJAO (Movimento pela Unidade e Jihad na África Ocidental). Eles conseguiram impor rápidas derrotas militares sobre o MNLA, dominando a região norte em julho, e passaram a lutar pelo controle total de Mali, impondo novas derrotas militares ao novo governo que emergiu de um golpe militar que aconteceu no dia 22 de março de 2012.

Hollande alega cinicamente que a ação militar francesa busca “parar a agressão terrorista, garantir a segurança de Bamako e preservar a integridade territorial do país”, afirmando ainda que “Temos esses três objetivos na nossa intervenção que decorre no quadro da legalidade internacional, a pedido das autoridades malianas e com o apoio dos países africanos e da União Europeia”. Na Líbia, a OTAN usou o pretexto da “defesa dos direitos humanos” para derrubar o governo de Kadaffi e impor seus títeres do CNT. Ainda que não se tenha informações mais precisas, seja qual for a farsa montada pelas potências capitalistas, os comunistas revolucionários devem postar no campo militar da resistência islâmica que se opõem à investida neocolonialista e buscam forjar a construção de um partido revolucionário internacionalista, porque uma vitória do imperialismo no Mali fortalece seu domínio sobre a região, favorecendo seus planos de atacar a Síria e o Irã.