sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


Após “patinar” na Síria Netanyahu vence por pequena margem eleições em Israel

Neste dia 22 de janeiro ocorreram as eleições para o Knesset, o parlamento israelense. Como era previsível, venceu o Likud comandado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O partido do nazi-sionista Netanyahu apresentou-se em uma lista comum com o Israel Beitenu, a legenda ultra-direitista do seu ex-ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, obtendo 31 deputados do total de 120. Para garantir a maioria parlamentar, a coalizão Likud-Beitenu vai ampliar suas alianças com legendas ainda mais direitistas e também planeja cooptar setores de “centro” favoráveis à ampliação dos assentamentos sionistas nos territórios palestinos. Coincidentemente, as eleições no enclave sionista aconteceram poucos dias antes das comemorações no Egito dos dois anos do início da “revolução árabe”, cujas manifestações foram brutalmente reprimidas pelo governo da Irmandade Muçulmana. O Egito foi responsável por negociar o acordo entre o Hamas e Israel depois da última ofensiva sionista contra a Palestina em dezembro do ano passado, que deixou mais de uma centena de mortos e consolidou a aproximação do grupo islâmico ao Fatah de Abbas. Como alertamos, quando foi fechado o acordo Israel-Hamas, o Likud saiu-se fortalecido da investida contra a Palestina, debilitando a resistência e criando as condições para um processo de cooptação política e material de um setor do Hamas dirigido por Khaled Meshal. Os resultados das eleições para o Knesset reforçam nossa análise e apontam para dias ainda mais difíceis para o povo palestino, tudo o contrário do cenário apontado pelos revisionistas do trotskismo que venderam a “Primavera Árabe” com um fator de enfraquecimento de Israel. Netanyahu antecipou em nove meses a realização das eleições para obter força em sua investida contra o Irã. Em seu discurso da vitória declarou: “O primeiro desafio foi e continua sendo impedir o Irã de obter armas nucleares”.

Como parte desse processo contrarrevolucionário, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), o arquicorrupto Mahmoud Abbas, anunciou que vai convidar representantes de Israel à Cisjordânia para tentar garantir que o “processo de paz” esteja na agenda do novo governo israelense. As declarações de Abbas aconteceram depois que ele conseguiu aprofundar as negociações com o Hamas, intermediadas pelo governo do Egito, para a formação de um governo comum palestino comandado pelo Fatah. Reunidos no Cairo, representantes do Fatah e Hamas concordaram com a formação de um governo de união nacional que não passa de um imenso bloqueio à luta do povo palestino pela destruição do enclave sionista. Esses são os resultados práticos da “revolução árabe”. Esta se caracterizou como um processo político controlado pela Casa Branca que serviu para trocar seus desgastados gerentes na Tunísia e no Egito e lançar uma sanha neocolonialista, primeiro contra a Líbia e depois contra a Síria e o Irã, regimes de corte nacionalistas que tem fricções com o imperialismo ianque e apoiam a causa palestina.

Preventivamente, Netanyahu lançou logo após a confirmação de sua vitória parlamentar uma ofensiva para atrair à base governista o partido Yesh Atid, que se tornou a segunda maior força política do país. Após a votação, o líder do Yesh Atid, Yair Lapid, descartou a possibilidade de formar uma coalizão anti-Netanyahu com os trabalhistas e pode até aceitar um posto no governo. Ele declarou frente ao convite que “a unidade entre nós é o que é importante para nós e para todos os que amam Israel” e garantiu que “Não formaremos alianças com as Hanins Zoabis da vida”, uma referência à deputada árabe que faz a defesa da política dos “dois estados” no parlamento israelense. Como se observa a um giro ainda mais à direita no espectro político sionista, claramente se preparando para o ataque ao Irã e novas investidas contra o povo palestino. Netanyahu deve formar uma coalizão com outros partidos de extrema-direita que deve ser fortalecida com a inclusão de Tzipi Livni, que abandonou o Kadima e criou um novo partido de centro (Hatnua) recebendo 6% dos votos, ou do Avoda, que se transformou na terceira maior legenda do país com 14% dos votos.

Recentemente, o carniceiro Netanyahu declarou que seria um “parceiro de boa vontade” após a celebração da trégua com o Hamas costurada pelo governo do Egito e a Casa Branca. Israel sabe que na verdade está em curso um maior controle do Hamas pela Irmandade Muçulmana, visando sabotar a resistência palestina e criar melhores condições para um ataque futuro ao Irã. O Hamas encontra-se na encruzilhada: domesticar-se completamente aos ditames do enclave sionista como é o Al Fatah de Abbas hoje ou romper com a política da Irmandade Muçulmana, que é avalista da falsa “revolução árabe”. Na verdade, esta disjuntiva permeia o debate no interior da própria esquerda mundial, já que a esmagadora maioria dos revisionistas ingressou de malas e bagagens no campo de reação democrática patrocinada pelo imperialismo em nome do combate às “ditaduras” na Líbia, Síria e Irã, quando na realidade estavam apenas dando uma cobertura de “esquerda” à investida do imperialismo na região. Para vencer Israel e derrotar sua ofensiva militar é preciso impulsionar uma frente única com a resistência palestina, o Irã, a Síria e o Hezbollah, onde as organizações marxistas revolucionárias atuem na mesma trincheira de combate destes países e dos grupos políticos na luta contra o imperialismo, tendo completa independência política diante do programa burguês-teocrático destes regimes e grupos. Nesse sentido, é preciso que os trabalhadores pelo mundo se levantem em luta contra Israel e denunciar que o acordo de paz e as negociações entre a ANP, Hamas e o enclave sionista está a serviço de impor a paz dos cemitérios na Palestina. A única alternativa que poderá dar uma resolução cabal à legítima reivindicação nacional do povo palestino, assim como livrar as massas e trabalhadores da região de seus gigantescos sofrimentos ao longo de vários séculos, é a defesa de uma Palestina Soviética baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e judeus. A expropriação do grande capital sionista, alimentado em décadas pelo imperialismo ianque, impossível de ser conquistada sem a destruição do Estado de Israel, garantirá a reconstrução da Palestina sob novas bases, trazendo para seu povo o progresso e a paz tão almejada durante mais de 50 anos de guerra de rapinagem imperialista na região.