terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Leia o Editorial do Jornal Luta Operária nº 248, 1ª Quinzena de Dezembro/2012

Rentistas internacionais atacam pela retração do PIB, exigindo retorno dos juros altos

A pauta da mídia “murdochiana” voltou a dar manchete para as projeções do fraco crescimento do PIB em 2012, realizadas pelo mercado financeiro e seus “técnicos” no interior do BC e IBGE, apontando para um patamar inferior a 1% neste ano. Para os economistas do BC desta vez o “vilão” que provocou o pífio crescimento aferido “oficialmente” de apenas 0,6% no último trimestre foi o desempenho do mercado financeiro, afetado pela redução da taxa de juros operada principalmente pelos bancos estatais. Não demorou muito para os porta-vozes de “Cassandra”, como os ventrículos da família Marinho, anunciarem em rede nacional que o país estaria entrando em plena etapa de recessão econômica. Não por coincidência, nesta semana as manchetes da mídia “murdochiana” ianque acerca da evolução do PIB da Argentina e Uruguai eram exatamente as mesmas exibidas no Brasil, até mesmo a britânica revista “The Economist” entrou na “briga” do PIB e aconselhou a presidente Dilma a demitir o ministro Guido Mantega. Para a “Economist”, em vez de cortar juros, o governo deveria redobrar os esforços para cortar o custo Brasil, deixando que o espírito “animal” do setor privado aflorasse: “A preocupação é que a própria presidente esteja interferindo (na política monetária), mas ela insiste que é pragmática. Se é assim, ela deveria demitir Mantega, cujas projeções excessivamente otimistas perderam a confiança dos investidores, e indicar uma nova equipe capaz de recuperar a confiança dos empresários”. Os filhotes diretos de Murdoch pelo menos tem o mérito de não dissimular seus interesses ao difundir sua surrada tese da “catástrofe econômica”, já alguns estúpidos da esquerda tupiniquim, como o ridículo PCO, repetem como papagaios a “teoria do caos” reforçando o coro dos rentistas internacionais ávidos por mais subsídios e favores estatais, sob o pretexto de “enfrentar a crise”. A fraude no cálculo da variação do PIB é tão descarada que até mesmo economistas ligados ao “tucanato”, como Chico Lopes ex-presidente do BC na gestão FHC, denunciaram a metodologia do IBGE. Indaga Chico Lopes: “Como é possível que a redução das taxas de juros na economia tenha produzido uma redução do volume de serviços financeiros à disposição da população? Como é possível explicar que a queda da Selic tenha tornado o país mais pobre?” Para Lopes, insuspeito de pertencer à base aliada do governo Dilma, o cálculo científico mais próximo da realidade para o PIB do último trimestre deveria indicar uma taxa positiva de 1,19% ao invés do 0,6% anunciado pelo IBGE. O certo mesmo é que apesar da economia nacional não apresentar um nível fabuloso de crescimento, o que seria impossível no marco da crise financeira internacional, no mundo real estamos muito distantes da profunda “recessão” defendida pela mídia de aluguel em parceria com os revisionistas do “pré-primário”.

O “roteiro” do ataque ao PIB já está se tornando meio repetitivo, no trimestre passado o protagonista foi a burguesia industrial, “chorosa” pelo seu fraco desempenho no mercado local, logo foi “presenteada” pelo governo com a isenção do IPI para vários setores, inclusive as grandes montadoras transnacionais. A medida adotada pela equipe econômica palaciana foi saudada efusivamente pela esquerda “chapa branca” (ex-MR8, PCdoB etc.) como um “ato corajoso pelo desenvolvimentismo”. Agora é a vez da banca financeira “reclamar” da pequena queda do spread para o consumidor final e “acionar” seus “especialistas” no Banco Central para aferir a queda do PIB supostamente em consequência da leve retração dos juros. Imediatamente, os rentistas foram atendidos e a última reunião do COPOM interrompeu a dinâmica da queda dos juros alegando uma “onda inflacionária” se formando no horizonte. O sistema financeiro nacional acumulou nas duas gerências da frente popular (10 anos) uma taxa de crescimento médio na ordem de 150%, além da intensificação da monopolização do setor em praticamente quatro grandes grupos com participação do capital internacional.

Qualquer observador minimamente atento aos próprios artigos diários publicados na mesma mídia que agora urra contra o “pibinho” irá atestar que o mercado consumidor está altamente aquecido, batendo recorde de vendas em varias áreas “chaves” da economia, como a indústria da construção civil e automobilística, por exemplo. Também o nível de desemprego apresenta os melhores índices de redução da última década, segundo o DIEESE, em todas as regiões do país. Estes não são elementos presentes em uma economia em recessão, pelo contrário, a taxa de captação da poupança interna atingiu no mês de outubro a melhor marca desde que começou a ser aferida (cerca de 10 bilhões de Reais) na década de 70. Do ponto de vista macro-econômico os países que integram os BRICs caminham bem longe da recessão que assola a Europa, o Brasil mantém sua balança comercial superavitária atingindo um saldo positivo em 2012 de cerca de vinte bilhões de dólares, apesar da massiva importação de bens de capital (máquinas pesadas) o que claramente indica uma tendência de expansão econômica.

Os marxistas revolucionários para estabelecer uma oposição de classe à gerência neoliberal petista não precisam “aderir” à enganosa “teoria da catástrofe”, no sentido de amealhar simpatia política ou alguns poucos votos a cada eleição burguesa. Os comunistas não podemos fazer coro com a banda “murdochiana” que sempre “toca” a mesma música para assegurar as benesses estatais para seus patrões, de um governo de colaboração de classes subordinado aos ditames do imperialismo. Sabemos muito bem que a política econômica de “juros baixos” reivindicada pela burguesia nacional ou a de “juros altos” exigida pelos rentistas internacionais, são duas faces do mesmo programa monetarista, alheio aos interesses históricos do proletariado.

A classe operária deve combater com sua própria plataforma independente diante da crise estrutural do modo de produção capitalista, que ao contrário do que afirmam alguns parvos de “esquerda” não começou com a falência do Lehman Brothers em 2008. Na atual etapa de intensa acumulação financista do regime capitalista, concentrando seus ativos em um verdadeiro cassino de apostas, apelidado de “bolsa de valores”, a única alternativa progressiva capaz de superar o risco da barbárie social que os agiotas de Wall Street nos impõem é a expropriação total da banca internacional e a instauração da estatização e planejamento social da economia, eliminando definitivamente a chamada “mão invisível do mercado”. Somente a Ditadura do Proletariado, na modalidade teórica elaborada pelo genial Lenin, pode se converter em uma forma de governo que garanta o futuro harmônico da humanidade em direção a uma genuína sociedade socialista, livre dos “crashs”, devastações e guerras que nos “brindam” a atual ditadura do capital financeiro.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA
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