sábado, 20 de outubro de 2012


PSTU convoca cinicamente o PSOL a encabeçar um “governo dos trabalhadores”, mesmo depois deste ter recebido apoio que vai do PT ao PSDB/DEM, além do financiamento de grandes grupos capitalistas

Neste segundo turno, o PSOL ampliou suas alianças burguesas. Seus novos parceiros vão desde o PSDB-DEM, passam pelo PTB de Collor e chegam até o PT de Lula e Dilma. Em Belém em particular, Edmilson Rodrigues que já no primeiro turno estava aliado ao PCdoB e Marina Silva, recebeu o apoio do PT e do PDT, cujo candidato é um conhecido latifundiário inimigo dos camponeses pobres e sem-terra. Na capital paraense, a coligação “Belém nas Mãos do Povo” é integrada pelo PSTU que para eleger um vereador chamou entusiasticamente o voto no ex-prefeito petista, repressor das greves dos professores e que teve a candidatura financiada pela burguesia. Agora, no segundo turno, o PSTU novamente chama o voto em Edmilson. Segundo a direção do PSTU, “Os trabalhadores, o povo pobre e a juventude de Belém têm, portanto, no dia 28 de outubro um desafio histórico que é votar Edmilson prefeito para impor uma derrota à direita e à burguesia, e consolidar um programa e um bloco social e político independente dos governos e patrões para levar às ruas as reivindicações imediatas e históricas dos setores mais explorados e oprimidos da nossa sociedade para que um possível governo do PSOL seja de fato um governo para os trabalhadores”. Como se observa, as escandalosas alianças burguesas do PSOL são um “mero” detalhe para o PSTU que, longe de denunciar a minifrente popular e romper com ela, ingressou de malas de bagagens nesta composição voltada a gerenciar os negócios da burguesia!

O mais tragicômico desse enredo é que o PSTU, copiando os lambertistas de “O Trabalho” que até hoje pedem que Dilma rompa com a burguesia e governe com os trabalhadores, assim como fizeram durante os oito anos de mandato de Lula, pratica a mesma conduta distracionista com relação ao PSOL. Com uma esperteza política própria das correntes revisionistas mais degeneradas, a direção do PSTU em tom de um ingênuo conselheiro escreve: “As alianças que tem se dado no segundo turno, em que PT, PDT e PPL chamam voto em Edmilson, só tem sentido se não significar rebaixamento programático. É errado aceitar como condicionante a ausência de críticas ao governo federal, como exigiu o PT. Dilma já está preparando uma nova reforma da previdência e o Acordo Coletivo Especial que poderá acabar com direitos trabalhistas históricos, como o 13° salário e a multa de 40% do FGTS. O PSOL e sua principal figura pública não tem o direito de se calar diante desses ataques. Não pode também significar o aceite de dinheiro vindo dos grandes empresários, repetindo o erro cometido no primeiro turno, pois o que eles aplicam agora voltam para cobrar depois. A independência política e financeira em relação à burguesia é um princípio inegociável para os socialistas, mesmo diante de uma polarização eleitoral duríssima contra a direita”. Esses pedidos patéticos não passam de um embuste completo. O PSOL já recebeu dinheiro dos empresários que financiaram a campanha de Edmilson ainda no primeiro turno e as alianças com os partidos burgueses são uma realidade com direito a futura divisão de cargos na prefeitura, uma negociata conhecida incluindo cidades como Macapá, onde este recebeu o apoio do DEM e do PSDB, ou mesmo em São Paulo, onde Plínio de Arruda Sampaio saiu a elogiar o tucano José Serra! Portanto, não tem qualquer sentido o PSTU afirmar que estas alianças “só tem sentido se não significar rebaixamento programático”! Por acaso, é possível se aliar com o partido que é o principal gerente dos negócios da burguesia no país, como o PT ou mesmo com a principal legenda da oposição burguesa (PSDB) e mesmo assim construir um suposto “governo dos trabalhadores”? Algum militante honesto acredita em tal falácia?

O que estamos vendo é o PSTU, com esses argumentos ridículos próprio de espertalhões, defender suas próprias alianças eleitorais com o PSOL em torno de uma minifrente popular que está aliada a partidos burgueses que vão desde o PT até o PSDB. Segundo o principal dirigente do PSTU, Eduardo Almeida, as vitórias do PSOL (e por tabela do PSTU) são “um sinal do novo: o espaço de oposição de esquerda se amplia”. Para Eduardo, “O espaço de oposição de esquerda se expressou como não havia ocorrido desde o início dos governos petistas. Em 2006, a maior expressão disso foi Heloísa Helena (6,85%, frente PSOL-PSTU-PCB). Agora houve votações bem maiores em muitas cidades do país. A ida dos candidatos do PSOL, como Edmilson Rodrigues, em Belém, e de Clésio para o segundo turno, em Macapá, assim como votações de peso em Freixo no Rio (28%); Roseno (12%), em Fortaleza; e Vera (6,68%), do PSTU, em Aracaju, indicam um dado novo da realidade”. Notemos que até mesmo o sarneysista Clésio Vieira é citado como porta-voz da “oposição de esquerda”, o mesmo que já no primeiro turno estava coligado com PPS, PV e PRTB! A única ressalvada protocolar a fazer é “a resposta dada a esse espaço de oposição de esquerda pelos distintos partidos que intervém nessa luta. O PSOL está armando novas frentes populares, bem semelhantes as que foram construídas no passado pelo PT. Em Belém, Edmilson procura o PMDB para costurar uma aliança para o segundo turno. Em Macapá, o PSOL se aliou ao PV, PSB, PRTB. Em ambas as cidades, o PSOL defende um programa que em nada se diferencia dos apresentados pelo PT. Ou seja, o PSOL se apropria do espaço a esquerda para recriar as mesmas receitas do PT. Ao contrário, o PSTU apresentou candidaturas como as de Vera em Aracaju com um programa classista e socialista, não precisando girar a direita para ganhar votos. Assim também foi em Belém e Natal, com a eleição de Cleber e Amanda, vitórias construídas com um perfil oposto ao do PT e da burguesia”. Qual a posição tomada diante dessa grave constatação? Manter-se na frente popular e buscar dividendos eleitorais, como em Belém, onde sem dúvidas não só o PSOL como o PSTU “girou a direita para ganhar votos”! Ou o que seria a aceitação da aliança com o PCdoB?

Apesar desse “detalhe”, o PSTU segue apoiando o PSOL e espera repetir as alianças com este partido em 2014, fingindo que o fato do PSOL aliar-se com os partidos burgueses nada tem a ver com ele e os postos parlamentares que alcançou! O lambertismo é mestre em fazer tal malabarismo, desde quando apoiaram Mitterrand na França e agora Lula e Dilma no Brasil, lançando patéticas “cartas” como se estes governos fossem aliados dos trabalhadores mesmo depois anos de gestões estatais a serviço da burguesia. Lembremos que em 1980 Lambert e Moreno formam o Comitê Paritário (CP), de vida curtíssima, mas anunciado como o “maior fato da história do trotskismo, após a fundação da IV Internacional em 38”. Pura farsa histórica, a criação do CP não conseguiu resistir à vitória eleitoral de Mitterrand na França, inicialmente saudada entusiasticamente por ambos. Logo, o que era um processo de cooptação pelo Partido Socialista, passa a ser, com a eleição de Mitterrand, uma integração do PCI ao Estado imperialista francês. Diante da profundidade da social-democratização do lambertismo, Moreno desfaz o CP, fundando a LIT para manter-se “vivo” no cenário trotskista, mas como se vê, trouxe consigo todo o oportunismo lambertista.

Parece que os seguidores de Nahuel Moreno herdaram essa “esperteza” de Lambert, vendendo o PSOL como um partido que pode encabeçar “um governo e um programa político independente dos patrões”, quando este é financiado pelos empresários e se comprometeu em governar para a burguesia! Tamanha farsa demonstra que o PSTU está completamente rendido diante do circo eleitoral burguês, aguardando apenas que em 2014 seja novamente beneficiado pelas alianças com o PSOL, não importando se este receba apoio do PSDB ou do PT, afinal de contas, como diz o deputado federal Ivan Valente, presidente do PSOL, “apoio não se recusa”! O PSTU que o diga!